Desde sempre que a leitura (juntamente com a escrita) têm sido desvalorizadas a vários âmbitos, mas o que nem toda a gente tem noção é da sua real importância para a vida e para o nosso desenvolvimento pessoal.
Desde os meus dez anos que adoro ler. Nos anos que se seguiram, “devorava” livros como se estivesse “esfomeada” por algo que só podia encontrar por entre as suas páginas. Era realmente apaixonada por coleções de livros. Primeiro comecei pela coleção mais conhecida naquela altura em Portugal “Uma aventura (…)”. Depois, conheci a coleção de Robert Muchamore que falava de uma organização secreta que treinava crianças e as infiltravam em missões secretas.
Todas as semanas, todos os dias, religiosamente, eu tinha a minha mania de estar agarrada a um livro aonde passava horas e horas encantada com a leitura.
Não sei explicar de onde surgiu o hábito, porque ninguém da minha família o tem e tampouco me ensinaram a tal. Mas lembro-me de no meu sexto ano, da minha professora de português que me incentivava sempre a ler ainda mais, porque isso consequentemente e a melhorar a nossa parte escrita, e eu assim o fui fazendo.
Nesta altura, ainda odiava poesia. Adorava escrever textos ou histórias e gostava de me desafiar na busca de novas palavras para os meus textos, porque isso torna os textos atrativos e assim fui enriquecendo também o meu vocabulário.
Eis que por volta dos quinze/dezasseis anos, por diversas situações que se foram passando na minha vida, eu fui perdendo o hábito da leitura. Deixei de ler por anos e nem sequer sentia falta desse hábito que outrora me preenchia a vida (e a alma). E eis que de uma “brincadeira” aleatória e por não ter nada o que fazer naquela altura, decidi pegar numa folha branca e começar a escrever o que daria agora aos meus livros de poesia.
É mais interessante perceber que eu odiava poesia. Não conseguia encontrar um sentido para aquilo e tampouco conseguia apreciar ou gostar do que ia estudando ou lendo por aí. Mas a poesia foi me dando suporte quando eu mais precisava e, sobretudo, foi atenuando como um penso nas feridas que me estavam a desgastar a alma e o coração.
Isto tudo para dizer que, não podemos dizer que não gostamos de ler ou de escrever sem antes sequer ter tentado entrar neste universo. Acho que devemos sempre dar uma oportunidade a algo que aparentemente não gostamos, porque creio que no meu caso, deu bastante certo e tem vindo a atenuar o peso da bagagem da minha vida.
É terapêutico, é curativo, é esclarecedor, é sol, é lua, é aconchego e abrigo para tudo o que nos passe durante a vida.
E talvez esta arte, especificamente a literatura, exista para um propósito maior que talvez ainda não se consiga comprovar cientificamente. Porque acredito também que aqui não é questão de ciência ou de qualquer comprovação. Acho que a ciência não consegue chegar nem perto da nossa alma, como a arte o consegue fazer.
Além de todas as suas vantagens profissionais ou de aquisição de conhecimento de seja o que for, a leitura faz-nos olhar para o mundo sob outra perspetiva e a escrita ajuda-nos a expulsar o que, às vezes, preferimos deixar escondido ou em silêncio.
Citando Pam Allyn: “Reading is like breathing in, writing is like breathing out” (“Ler é como inspirar, escrever é como expirar”).
Comentários