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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 25 Abril 2024
Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

Animais podem ser considerados filhos?

Não entendo qual é o problema de uma pessoa ou um casal optar por ter animais de estimação do que filhos. Cada um pode fazer e pensar o que bem lhe apetecer desde que não prejudique ninguém.

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Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

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Eis que estava a navegar tranquilamente pelas páginas da internet, quando me deparo com uma notícia que me chamou à atenção pelo seu absurdo. Citando: “Expressando preocupação com as taxas de natalidade globais, o Papa Francisco disse que os casais que escolhem ter animais de estimação em vez de crianças estão a agir de forma egoísta, e que renunciar à maternidade e à paternidade está a diminuir a nossa humanidade”.

Quando vi o título da notícia não queria acreditar e depois que decidi ler para comprovar se, de facto, era mesmo verdade, só me deu vontade de rir.

Quando penso que, finalmente, a nossa sociedade está a evoluir, deparo-me com notícias como esta que dizem que uma pessoa não pode considerar animais de estimação como filhos e tratá-los como tal. E eu pergunto: Porque os animais não podem ser tratados como gente? Eles comem, bebem, respiram, vivem e sobretudo, também sentem como nós. Merecem atenção, carinho e respeito como qualquer um e, se forem tratados como “filhos”, também o merecem.

Não entendo qual é o problema de uma pessoa ou um casal optar por ter animais de estimação do que filhos. Acho que a questão nem reside aí. Penso que cada um pode fazer e pensar o que bem lhe apetecer desde que não prejudique ou ofenda alguém com as suas atitudes ou palavras, enquanto, neste caso, este senhor durante o seu discurso para milhares de pessoas profere palavras como estas. Primeiro, ofende as mulheres que decidam não ter filhos. Segundo, desvaloriza e inferioriza os animais de estimação. E terceiro e último, continua a propagar valores antiquados e retrógrados em relação à mulher ou ao homem que queiram não ter filhos nesta vida.

Parece que parou no tempo e que acredita que somos um tipo de boneco que nascemos para satisfazer as vontades de um homem e ainda para fazer filhos como se nascêssemos apenas com esse intuito.

Dou-lhe razão (em parte) no que toca aos casais que cada vez mais decidem não ter filhos. Sim, de facto é verdade. Mas não vejo problema nisso. Como disse inicialmente, cada um é livre de fazer as suas escolhas. E se essa escolha passa por não ter filhos, cada um é que sabe de si. Não é por ser Papa que tem direito a mandar nas pessoas ou a tecer este tipo de críticas na qual acha que pode começar uma opinião acerca deste assunto. Ainda para mais, reduzindo os animais a um papel raso e inferior ao nosso.

Quanto à parte do seu discurso em que refere que os casais optam por ter animais de estimação em vez de filhos, lamento. Mas isso, trata-se de uma falta de humanidade total. Está mais que comprovado que há inúmeras vantagens em ter um animal de estimação, seja só ter um animal ou então ter um animal e filhos. Pois os animais de estimação acabam por proporcionar bem-estar e alegria a uma criança. Citando: “Cuidar de um animal também ensina às crianças valores como a responsabilidade pelo bem-estar de terceiros. Saber que ele necessita de comida, água, exercício e companhia é meio caminho andado para transmitir o que é a compaixão e empatia e os mais novos descobrem o que significa ter alguém que confia neles”.

Pesquisando acerca de quais são os valores pela qual se rege a religião cristã, encontrei o seguinte: “Fidelidade: à doutrina cristã e às diretrizes da Igreja Católica. Dignidade: promoção da dignidade humana, do bem comum e compromisso com a inclusão social. Solidariedade: formação solidária, interdisciplinar e humanística, orientada por uma perspectiva ética, cristã e católica, respeitada a liberdade de crença”.

Fidelidade à doutrina cristã, certamente é o ponto que mais se cumpre nos discursos do Papa Francisco que, ao invés de evoluir e acompanhar o tempo e a sociedade em que estamos, continua a querer divulgar valores e ideias da idade da pedra.

Dignidade? Totalmente. Só olha para os direitos de uma pessoa. E então o dos animais? Onde está a valorização igualitária de todos os seres vivos? Pois é…

Além disso, o facto de que, uma pessoa faça a escolha, no caso, de não querer ter filhos e optar por ter um animal de estimação, não diminui em nada a “dignidade humana” da pessoa, bem como também não se trata de ser egoísta ou não. Até porque faz parte da “dignidade humana” que a escolha de vida da pessoa seja respeitada, coisa que o Papa Francisco não respeita no seu discurso e, por isso, fica criticando as pessoas que assim escolham o que querem para a sua vida.

Solidariedade? Ainda não sei até que ponto atuam neste sentido. O facto é que a religião católica é um autêntico império com os seus truques e segredos para dominar o mundo e no entanto, ainda se vê tantas desigualdades (a todos os níveis).

Para terminar a minha crónica, gostaria de realçar que esta é apenas a minha perspetiva sobre o assunto. Critico, de facto, a atitude e as palavras do Papa Francisco porque não esteve bem.

Estamos no século XXI mas parece que querem a toda a força parar o tempo e continuar a enraizar valores retrógrados brutalmente ridículos e a disseminar ódio e desigualdades desnecessárias.

Papa Francisco, deixe as pessoas decidir o que querem e viver a vida que desejam. Não nascemos unicamente com o propósito de procriar, casar e tomar conta de filhos.

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Vera Carvalho
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