Cada vez que entro nas redes sociais começam a aparecer inúmeras notícias. Uma das que tem se repetido nos últimos tempos é em relação à falta de professores que começa a agravar consideravelmente. Ora, isto é só o começo e uma das tantas consequências que está a surgir no nosso sistema de educação.
Desde que sou estudante e agora também como professora, acho o nosso sistema e os métodos de ensino implementados, bastante retrógrados, para não dizer mesmo quase que inúteis. E isto não é colocar a culpa nos professores ou dizer que eles é que são o problema. Pelo contrário!
O nosso sistema educativo está tão mau que há tantas pessoas competentes para o cargo que simplesmente optam por não o exercer ou o abandonam com o passar dos anos de experiência a ensinar. Isto porque, cada vez mais há uma desvalorização da profissão docente. Mesmo todo o sistema de seleção e requisitos para este cargo, está mal e é uma das causas para a perda e a falta de interesse para exercer este trabalho.
Refiro-me, por exemplo, ao sistema público de ensino em que há anos que se rege pelas mesmas normas e que ao invés de estar a formar alunos-cidadãos aptos para o futuro, está a formar (sem sombra de dúvidas) alunos mecanizados, ou seja, por outras palavras, pessoas que são indiretamente obrigadas a absorver informação e a despejar para um teste ou para um exame, de modo que isso defina, de alguma forma, o seu futuro.
Há que mudar isto urgentemente! O nosso sistema de educação precisa de uma reforma total! Não podemos continuar a achar que ensinar se trata de ser o professor o centro das atenções e o que “manda”. Não podemos continuar a achar que é da forma como as salas de aula estão postas, ou seja, todos sentados por mesas devidamente organizadas, que os alunos irão se sentir bem ou confortáveis nesse ambiente (acreditem que isto é um grande diferencial). E, principalmente, não podemos continuar a achar que estes métodos de ensino a que obrigam os docentes a aplicar nas respetivas disciplinas que se tratam de métodos que realmente avaliam os alunos e as suas capacidades para tal.
Tem que se dar liberdade e autonomia aos alunos, mas também aos professores para que possam aplicar e escolher o modo mais dinâmico da qual pretendem aplicar determinado conteúdo.
Porque isto é facto: os alunos cada vez mais se mostram desinteressados pela aprendizagem e, no meu ver, creio que este deveria ser uma “viagem” divertida e não um processo mecanizado na qual obrigam a passar por testes e exames como se isso fosse o que realmente irá nos definir como pessoas ou neste caso, como alunos.
Há tantos problemas que se começam a agravar e a notar no nosso sistema educativo, que me seria impossível enumerar todos nesta crónica, mas isto é para que haja noção e principalmente, uma reação por parte de quem nos governa. Não podemos continuar assim, se não como será o nosso futuro? Como será o futuro do nosso futuro? Que tipo de alunos estamos a formar? Que docentes teremos futuramente se estão desmotivados e infelizes naquilo que gostam de fazer?
Nem tudo se resume a um sistema cheio de normas e leis, acho que, neste caso, também deve estar incutido valores importantes para o ser humano, essenciais para incutir e aparecer num currículo escolar e consequentemente, fazer parte do programa de todas as disciplinas.
O ensino-aprendizagem pode ser uma “viagem” incrível se assim o deixarem ser e se decidirem abandonar esta forma tradicional de ensino que só tem deteriorado o sistema, os alunos, os professores e até cada uma das disciplinas. Pois como diz Jean Piaget: “El principal objetivo de la educación es crear personas capaces de hacer cosas nuevas, y no solamente repetir lo que otras generaciones hicieron”.
O ensino-aprendizagem não se trata de “devorar” conteúdos para depois mais tarde “vomitar” a matéria para um teste ou exame final, o ensino-aprendizagem trata-se de tentar puxar pela criatividade dos alunos, por isso dando-lhes a autonomia necessária para conseguirem criar, escrever, dizer aquilo que pretendem, sem que isso implique uma pressão e obrigação futura para que saibam tudo direitinho. Não é a decorar a matéria que isso vai ficar na memória deles, mas sim a forma diferenciada com que o professor consegue cativar os alunos àqueles conteúdos, por isso tornando um processo divertido e dinâmico.
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