Domingo foi um dia histórico. Decorreram as eleições autárquicas e há vários pontos que sobressaltam, pela sua importância, e que merecem nota. Vou ressalvar apenas os pontos importantes ao país e a Famalicão.
As sondagens que tinham vindo a ser produzidas a fim de tentar prever os resultados eleitorais acabaram por falhar, redondamente, na maior câmara do país. “Contra tudo e contra todos”, assim o diz Carlos Moedas (e eu só posso concordar), o PSD vence uma câmara que, para além de ser a mais importante no país, há muitos anos que estava capturada pelo Partido Socialista.
Sejamos sinceros: a campanha do PSD e do seu líder renderam pouco ou nada para os resultados verificados na capital portuguesa. O que aconteceu foi que os cidadãos lisboetas conseguiram acordar de um conto de fadas, protagonizado por Fernando Medina, e ver que os múltiplos casos e “casinhos” que tiveram lugar naquela casa da democracia não podiam passar impunes.
Estou a falar de Manuel Salgado, um caso de corrupção que ascende ao milhar de milhões, da situação da entrega de dados à Rússia, uma violação tremenda de diversos direitos fundamentais, entre eles, o direito à vida, à privacidade, à proteção de dados, o “casinho” da arquiteta Inês Lobo, que é número dois na lista de Medina, tem contrato com a autarquia de quase 800 mil euros, e sem esquecer que chegou a repetir as promessas que tinha feito na anterior candidatura em 2017.
O povo não votou no PSD, antes anti-Medina. Agora veremos como será a governação de Carlos Moedas. E realço que quem faz muita campanha, propaganda, costuma ser muito mau a trabalhar, e vice-versa. A má campanha de Moedas poderá fazer crer que será uma governação equilibrada e muito melhor do que a de Medina. Só o futuro dirá.
Na segunda câmara mais importantes de Portugal, a do Porto, mantém-se o mesmo vencedor, mas realça-se um pior resultado eleitoral, perde a maioria absoluta, que poderá ser causa de Rui Moreira ter a justiça à perna.
A nível nacional, releva a vitória do Partido Socialista como o partido com mais câmaras em Portugal, mas sobressai uma grande vitória do PSD que ganha a câmara de Lisboa e conquista um maior terreno do que nas autárquicas passadas. António Costa deverá estar realmente frustrado por ter perdido a sua Câmara, pois, disse-o, seria o objetivo mais importante destas eleições.
Mesmo Medina saiu duplamente derrotado porque a sua atitude arrogante resultou numa derrota histórica. Digo arrogante porque quem assistiu à sua entrevista, este considerava que já tinha vencido e que Moedas teria uma carreira curta, que terminaria no dias das eleições.
Em Famalicão, volta a ganhar o PSD, na pessoa de Mário Passos, que assume uma continuidade com o trabalho anterior. No entanto, perde um vereador para o Partido Socialista. Esta perda de votos reflete a fraca prestação do anterior presidente de Câmara, que decidiu, no último ano de mandato, fazer mil e uma obras em cima do joelho. Algumas delas até polémicas, como a construção de uma fábrica dentro do Parque de Devesa.
A terceira força política é o Chega que se começa, cada vez mais, a distanciar dos outros partidos mais pequenos, como o Bloco de Esquerda, Partido Comunista, PAN e Iniciativa Liberal. Conseguiu eleger um deputado para a Assembleia Municipal.
Poderá agora o Partido Social Democrata recuperar terreno e prepará-lo para as próximas eleições, as legislativas? Uma coisa é certa, a prestação de Carlos Moedas poderá influenciar muitíssimos votos em Lisboa e desta feita resultar num crescente de votos para o PSD. Aguardemos.
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