“Liberdade: direito de expressar qualquer opinião, agir como quiser, independência, autonomia.”
Faz hoje 47 anos que o homem novo fez-se em Portugal. Homens e Mulheres livres, com pensamento crítico, capazes de criar e construirmos seus próprios sonhos. Livres para discutirem os seus e os nossos problemas. Desprendidos de ligações ideológicas ou religiosas, e capazes de projetar um futuro melhor às novas gerações. Eu, como tantos outros, não vivi em ditadura nem presenciei a Revolução dos Cravos. Nascemos livres e devemos defender esta causa até ao fim dos nossos dias.
No Corpo Nacional de Escutas, o caminheiro é chamado a ser o “Homem Novo”, assumindo um lugar ativo na construção dos “novos céus e da nova terra”. Em 1974, os portugueses conquistaram esta liberdade de serem decisores da construção do seu próprio futuro. Um futuro assente nas suas ambições pessoais e profissionais.
Mas até que ponto é que estas ambições não limitam a liberdade dos outros? Estas ambições pessoais, muitas vezes, revelam extremismos e retiram a capacidade de o outro sonhar e construir o seu futuro.
Em 1974, os nossos pais e avós foram os verdadeiros responsáveis pelo sucesso que podemos alcançar hoje em dia. A possibilidade de hoje podermos ter um sonho e um projeto de vida, deve-se à luta que eles travaram contra o Estado Novo. Foi em abril, que se começou a respirar democracia em Portugal, democracia essa que nos dá a possibilidade de decidirmos o futuro do nosso país e dos nossos governantes. E há tantos motivos pelos quais devemos ser mais participativos em relação à vida democrática e política do nosso país. Possivelmente, se a nossa participação fosse maior, muitos dos nossos problemas sociais fossem evitados.
Infelizmente, muitos dos nossos políticos não souberam honrar as lutas dos nossos pais e avós. Disse-o na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, em abril de 2018, enquanto Deputado Municipal, que esta conquista não era ideológica nem partidária. O 25 de Abril de 1974 é de Portugal e de todos os portugueses. Esta liberdade conquistada em 1974, não significa que tenhamos uma igualdade de opiniões, mas uma plena diversidade delas, com respeito por esta condição.
O nosso dever é usar esta liberdade conquistada, para construímos o país que queremos e a sociedade evoluída que sonhamos ser.
“Ser livre é um desejo de todos. A liberdade desdobra-se em diversos tipos: de pensamento, de opinião, política, religiosa, etc. Todas estas variantes tentam localizar as nossas possíveis experiências de autonomia e independência. E muitas são as dúvidas que questionamos diariamente.
A liberdade será uma experiência de condição humana?
Um valor que nos define ou um valor da nossa ação? Seremos livres de verdade? Temos nós limites? E o outro?”
São muitas as discussões que poderíamos ter sobre a liberdade. Se a liberdade é realmente a base de qualquer democracia ou a base de qualquer convivência sana, até que ponto é que a podemos retirar ao outro? Ou será por ser exatamente um bem tão precioso, que a deve ser utilizada também como castigo a quem tem as ambições pessoais descontroladas, ao ponto de prejudicar os outros?
“Ninguém nasceu para estar preso ou confinado.
Na nossa sociedade a retirada da liberdade individual é uma das formas mais comuns de castigo.”
Se a liberdade é sinónimo de pluralidade, até que ponto não conseguimos nós influenciar a opinião dos outros? Mesmo olhando para factos e teorias que não correspondem à verdade?
É neste dia que devemos questionar todos estes temas. Eu não espero que ninguém me dê uma resposta. Devemos simplesmente deixar a pergunta no ar, e pairar sobre quem deve e quem a teme.
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