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Vila Nova de Famalicão
Quarta-feira, 24 Abril 2024
Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

Há razões para a greve dos professores?

É necessária uma revolução total no sistema de ensino.

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Vera Carvalho
Estudou Línguas e Literaturas Europeias. Mestre em Espanhol como Língua Segunda e Língua Estrangeira pela Universidade do Minho. Tem dois livros publicados: Eterno Inferno (2019) e Nostalgia Inquietante (2021). Também participou em antologias poéticas: Sentidos Despertos (2020) e A poesia dos dois lados do Atlântico (2021). Atualmente está a trabalhar como professora de inglês e espanhol.

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Será que há um motivo para a realização das constantes greves dos professores? Não só há um motivo, como há um conjunto de razões que acabam por culminar nesta atitude. Além de alguns dos motivos que já se conhecem como, por exemplo, a impossibilidade de subir na carreira ou de obter um salário que de facto corresponda ao nosso trabalho, é importante também entender algumas questões associadas a isto.

Pode-se começar pelo facto de todo o sistema de ensino se encontrar num estado de precariedade absoluta, tanto para os professores como para os próprios alunos.

Na minha opinião, o sistema público português acaba por limitar bastante os professores em termos de aplicação de metodologias diferenciadas e dinâmicas, além de ainda aplicar métodos de avaliação retrógrados. Estamos a falar de uma metodologia que tem prevalecido ao longo dos anos e que continuam a achar que é daí que se consegue levar o sucesso (seja lá o que isto significa) aos alunos.

Estamos, atualmente, a formar somente alunos frustrados e stressados, ao invés de alunos cidadãos que sejam capaz de atuar em conformidade, que sejam pessoas empáticas e humanas (no real sentido da palavra). Pois, todo este “método” vigente que carregamos ao longo dos anos, está a sobrecarregar todos de forma igual. Os alunos estão cada vez mais cansados, têm os horários preenchidos de modo que, quase não dá para inserir outras atividades nas suas rotinas, que os possam levar a adquirir competências e também a distrair um pouco de toda a informação que vão absorvendo na escola.

É necessária uma revolução total no sistema de ensino! Mudar a estrutura das salas de aula porque não estamos na tropa nem no tempo de Salazar. Mudança fácil e que faz diferença porque vai unir ainda mais os alunos e promover o contacto direto com os professores, somente, por exemplo, fazendo um círculo (em mesa ou só com cadeiras). Reduzir também o número de alunos por turma, de modo que se possa dar mais atenção às dificuldades de cada aluno, porque acreditem, é impossível que a aprendizagem seja benéfica atualmente.

Ninguém consegue absorver na totalidade toda a informação da mesma forma e por isso há que mudar este aspeto também. Reduzir os horários, só aulas de manhã ou só aulas de tarde. Os alunos precisam de experienciar, de conhecer, de viver e de fazer outras atividades além daquilo que a escola oferece. Isto pode fazê-los sentirem melhor e adquirirem outras competências pessoais que até sejam capazes de aplicar não só na sua vida, como também depois na própria aprendizagem.

Isto não se tratam de ideias futuristas, tratam-se de ideias que estão mais que comprovadas que afetam na aquisição do conhecimento e na maneira de ver a aprendizagem. Um estudo feito em 2015 na publicação Building and Environment afirma que “a mudança de alguns elementos

fundamentais do design da sala de aula pode aumentar os resultados de aprendizagem do aluno em 16%. De acordo com o estudo, fatores como a qualidade do ar, iluminação e o senso de pertencimento dos alunos afetaram a capacidade dos alunos de aprender. Nesse contexto, ressaltamos que o projeto de sala de aula deve considerar: O mobiliário escolar; O layout dos móveis; O conforto térmico e a ventilação; A decoração; A iluminação; A segurança”.

Falo por mim e acho que quem realmente trabalha nesta profissão e vive/entende a sua essência sabe que é necessário mudanças simples mas que podem fazer toda a diferença para que o processo de ensino-aprendizagem não seja o que tem sido desde sempre: visto como obrigação que ocupa todo o nosso tempo e todos os nossos pensamentos, nos levando a sentir cansados, irritados e frustrados, além de que pode trazer consequências piores como crises de ansiedade e de pânico, o que já se nota cada vez mais nos jovens.

E mais uma vez, não creio que seja através de fichas de avaliação ou de exames finais que se conseguirá provar a inteligência de uma pessoa e muito menos definir o futuro de alguém.

Infelizmente, o sistema está feito à medida adequada do governo, mas acho que o ser humano deveria ser colocado em primeiro lugar, digo, a valorização do bem-estar dos alunos deveria ser superior a qualquer nota que obtenham num teste.

Não adianta se estamos a formar alunos, se depois se tornam pessoas sem o mínimo de senso, sem empatia, sem respeito ou até mesmo serem incapazes de se posicionar criticamente em qualquer assunto ou situação que lhes proponham.

Além do ponto anterior, creio que no que toca ao assunto dos professores, falamos em condições mínimas e razoáveis de trabalho, coisa que também cada vez mais se torna impossível. Falamos em valorizar aqueles que tem conhecimentos para atuar na respetiva área e simplesmente nos negam isso. De valorizar os professores que já atuam nesta área há mais de 30 anos e começar a encarar esta profissão como tal, porque acreditem, é uma profissão e não um hobbie.

Lidamos com inúmeros alunos, todos eles diferentes um dos outros, uns que aprendem mais depressa, outros que precisam do seu tempo para aprender e precisamos que entendam que é preciso haver uma valorização desta profissão a vários níveis.

Se aqui o interesse económico é o fator mais importante, então lembrem-se de que até para isso foi preciso alguém ser ensinado por um professor.

Só pelo simples facto de ser a grande maioria do grupo a queixar-se, já implica que seja ouvido o que se tem a dizer e claro, ser levado em conta o que é ou não possível de se alterar. Obviamente que um sistema assim, como temos aceitado em Portugal, não irá mudar da noite para o dia, mas acho que se se começasse pelo simples facto de terem interesse em ouvir os professores, em querer saber o que realmente se passa, acho que aí já seria um passo em frente. Mas infelizmente, nós só damos passos para trás.

 

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