A Lista A, liderada por Helder Mota-Filipe, venceu neste sábado, dia 5 de fevereiro, as eleições para os órgãos nacionais da Ordem dos Farmacêuticos (OF), para o triénio 2022-2024, contabilizando 3.889 votos (65%). Perante os resultados finais, Helder Mota-Filipe será o novo Bastonário da OF, substituindo Ana Paula Martins, que agora termina o seu segundo mandato.
José Manuel Gavino e Filomena Cabeça assumirão, respetivamente, a presidência da Assembleia Geral e do Conselho Jurisdicional Nacional.
A famalicense Paula Costa, atual vice presidente da direção nacional da OF, integra a Lista vencedora, pelo que manterá funções no novo bastonato de Helder Mota-Filipe.
A Lista B, única adversária, liderada por Franklim Marques, atual presidente da Secção Regional do Norte, registou 1.912 votos (32%).
De um universo eleitoral de 14.402 farmacêuticos, participaram neste ato eleitoral 5.976 farmacêuticos (42% dos eleitores), dos quais 96% por via eletrónica.
Os resultados hoje divulgados pela OF determinaram também a escolha dos representantes regionais da OF, tendo sido eleitos: (i) para a Secção Regional do Norte, a Lista E, liderada por Félix Carvalho, com 1.114 votos (53%); (ii) para a Secção Regional do Centro, a Lista C, liderada por Anabela Mascarenhas, com 650 votos (60%); e (iii) para a Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas, a Lista G, liderada por Luís Lourenço, com 1.768 votos (63%).
Foram ainda eleitos os seguintes Conselhos dos Colégios de Especialidade: (i) Colégio de Especialidade de Análises Clínicas e Genética Humana, presidido por Leonor Correia (Lista I); (ii) Colégio de Especialidade de Farmácia Comunitária, presidido por Carolina Mosca (Lista L); (iii) Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar, presidido por João Ribeiro (Lista N); e (iv) Colégio de Especialidade de Indústria Farmacêutica, presidido pela famalicense Paula Teixeira (Lista O). O Colégio de Especialidade de Assuntos Regulamentares não teve lista candidata, pelo que os atuais dirigentes asseguram o seu funcionamento até novo ato eleitoral.
A posse do novo Bastonário e demais órgãos ocorrerá no prazo máximo de 30 dias.
O NOVO BASTONÁRIO
Helder Mota-Filipe, farmacêutico, professor na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, é especialista em Assuntos Regulamentares pela OF. É detentor de uma consolidada carreira profissional na área farmacêutica, destacando-se a presidência do Conselho Diretivo do Infarmed, do Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), do Conselho Nacional da Residência Farmacêutica, da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa e do Conselho para a Cooperação da OF. Foi ainda nomeado para integrar a Comissão Executiva da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC) e perito da EMA.
Com uma campanha especialmente direcionada aos farmacêuticos mais jovens e para a valorização da carreira nas diversas áreas, a lista liderada pelo novo Bastonário, sob o lema “Ser Farmacêutico”, contou com Thebar Miranda como mandatário nacional e mereceu apoios de personalidades da área da saúde, destacando-se Adalberto Campos Fernandes (antigo Ministro da Saúde), Manuel Delgado (antigo Secretário de Estado da Saúde) ou dos antigos bastonários João Silveira, Aranda da Siva e Maurício Barbosa.
O novo Bastonário considera fundamental intervir na relação dos farmacêuticos com a sociedade e a sua relação com a Ordem, senso seu propósito desenvolver a profissão com mecanismos mais robustos de subespecialização e novas competências. Das suas prioridades, destaque para o Estatuto da farmácia hospitalar ou a para a intervenção no perfil e acesso à oferta formativa para a diferenciação técnica dos farmacêuticos.
Advoga uma maior intervenção dos farmacêuticos no Serviço Nacional de Saúde e tem-se manifestado publicamente na intervenção destes profissionais na vacinação[1] da população ou na renovação de terapêuticas. Defende uma melhoria das condições de desempenho da atividade farmacêutica, nas análises clínicas e na farmácia comunitária e considera necessário formar farmacêuticos para as novas tecnologias do medicamento e para a interação com o doente.
FARMACÊUTICOS HOSPITALARES
De referir que a atividade dos farmacêuticos hospitalares sofreu transformações profundas. Com carreira reconhecida em 2017, estes profissionais são necessários para funções associadas à preparação e distribuição do medicamento certo para o doente certo, mas também para assumir um papel mais interventivo nas equipas de saúde.
Num estudo da Nova SBE – School of Business and Economics, sobre a “Valorização do desempenho do farmacêutico hospitalar” (2021), foi evidenciada a insuficiência dos atuais 1.400 farmacêuticos hospitalares, apontando que são necessários mais profissionais, sobretudo pelas funções que desempenham, pelas competências que ganharam e pelo aumento de responsabilidades: “os farmacêuticos devem estar na observação dos doentes, nas visitas médicas, nas consultas hospitalares e até nas unidades de cuidados primários para se conseguir obter mais ganhos no tratamento aos doentes e mais prevenção da doença“, refere o estudo.
ORDEM DOS FARMACÊUTICOS
A Ordem dos Farmacêuticos é uma associação pública profissional que representa os farmacêuticos portugueses e que, no interesse público, regula a profissão farmacêutica em Portugal.
Os farmacêuticos exercem a sua profissão nos vários ramos da atividade farmacêutica: Farmácia Comunitária, Farmácia Hospitalar (mais conhecidas do público em geral), Análises Clínicas e Genética Humana, Assuntos Regulamentares, Distribuição Farmacêutica, Ensino Farmacêutico, Indústria Farmacêutica, Investigação Científica.
O número de farmacêuticos tem vindo a crescer a cada ano. Em 2020 existiam 15.565 farmacêuticos ativos em exercício, um crescimento de 21% desde 2012, dos quais 80% são mulheres. Geograficamente, encontram-se distribuídos pela Secção Regional do Norte (33%), Secção Regional do Centro (18%) e Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas (49%).
Do universo de farmacêuticos, 3.028 são detentores de especialidades, distribuindo-se pela Farmácia Comunitária (873), Farmácia Hospitalar (814), Análises Clínicas (723), Indústria Farmacêutica (249), Genética Humana (219) e Assuntos Regulamentares (150).
[1] A nossa coluna no Notícias de Famalicão, de 6 de julho de 2021: “O contributo das farmácias no contexto pandémico”
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