Sempre pensei que os números redondos trouxessem alguma sorte, nem sei bem porquê. Quando era miúdo, saltava entre as marcas do passeio para me dar sorte e a verdade é que nunca tive um grande azar. Mas este ano foi diferente. Tudo mudou.
Que raio de pesadelo nos caiu em cima! Um vírus que estava lá longe, parecia quase inofensivo, como são sempre os que parecem estar do outro lado do mundo, transformou-se num pesadelo para toda a humanidade. Assistimos incrédulos ao avanço de uma sombra sobre a Europa, impotentes para abraçar os nossos irmãos Italianos, Espanhóis, Brasileiros, Americanos e de todas as latitudes. Este ano o nosso léxico aumentou, mas ficamos mais pobres à custa de novos vocábulos: Covid-19; Coronavírus; Novo Normal; Pandemia; Distanciamento Social.
Maldito 2020… Se soubesses as vezes que vagueei pelas ruas de Famalicão à espera de acordar no meio de um filme do Tarantino. Sim, ali no Cupertino, não estava ninguém. NIN-GUÉM! As ruas e as praças desertas, no escuro como breu, que cobriu as estrelas do nosso céu. Maldito vírus, levaste tantos e tão bons. Soubeste como invadir as entranhas do nosso corpo para esmiuçar o lugar mais fundo da nossa alma, que ainda nos dói.
Sabes 2020… neste momento, os nossos homens e mulheres estão como aquela música do Rui Veloso genialmente interpretada pela Mariza:
“Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim”
Mas apesar de tudo, queremos dizer-te que não desistimos. Escuta bem: NÃO DESISTIMOS!
Já enfrentamos outras pandemias – duas guerras mundiais e todos os anos sobrevivemos ao fogo do inferno. Com marcas, é certo, mas SOBREVIVEMOS!
Ainda não é o momento de celebrar a vitória, mas acabaram de acender uma luz que nos permite ver uma palavra: ESPERANÇA!
Talvez 2021 venha a ser o ano mais luminoso de sempre. Nós merecemos!
P.S. Este texto foi editado em vídeo e publicado no Facebook dos B.V. Famalicão. Pode ver e ouvir aqui.
Comentários