Perdidos no meio do ano, no início, no fim do ano.
Perdidos no meio do confinamento entre gritos de medo que nos tolhem a alma, nos ensurdecem, nos petrificam perante o cheiro ténue a morte, a doença que nos torna impotentes.
Assistimos ao declínio social, financeiro, político e pessoal.
Perdemos…
Perdemos por inércia, por politiquice, por desleixo, por confiar ou desconfiar.
Perdem-se
Perdem-se grandes amores
Porque nunca o foram
Ou se esqueceu de os alimentar.
Perdem-se valores
Sentimentos
Perdem-se palavras por inventar ou nunca ditas.
Perdem-se pessoas
Como se fossem objetos
Que nunca mais se procuram.
Esquecem-se no bater lento do relógio
Num tempo já sem tempo
Onde perdido tudo se perde
Sem que nunca mais se volte a encontrar.
Perdem-se
Porque perdidos estão
Quem se perdeu sem norte, sem rumo, sem âncora.
Perde-se para o medo a vida que se revolta no medo da miséria, da doença, da falta de meios, da falta de tudo e de todos, como se todos não fossem tudo.
Hoje rezar quase é pecado
Ir à igreja pouco seguro, ter fé num futuro melhor quase é uma miragem.
Deseja-se
Encontrar quem um dia se perdeu
E na infinitude do horizonte se voltou a encontrar
Porque ainda teve direito à vida.
Será que não conseguimos ver ao longe?
Perceber a resolução do enigma que está na mudança e não no egoísmo impulsivo em arrecadar do ser humano.
Estamos e vivemos com um vírus que ceifa cultos e incultos, ricos e pobres, senhores e senhoras…
Um vírus que não escolhe, que não ama, que não respeita, que não tem valores, que não conhece o calor de um lar.
Este é um vírus egoísta que leva qualquer um porque ele reina.
E nós em que ficamos?
O que aprendemos?
O que damos?
Onde estamos?
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