13.6 C
Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 25 Abril 2024
José Carlos Fernandes Pereira
É formado em Direito, administrador hospitalar e fundador da Associação de Antigos Alunos do Externato Delfim Ferreira, de Riba de Ave. Escreve a coluna “Causas e Efeitos” no dia 6 de cada mês.

Programa de governo para a saúde (2022-2026)

O executivo considera que o investimento no SNS é o garante de uma política de saúde que permite assegurar a cobertura universal e a resposta às necessidades de saúde, da nascença até ao final de vida, para as quais prevê um variado leque de ações.

6 min de leitura
- Publicidade -
José Carlos Fernandes Pereira
É formado em Direito, administrador hospitalar e fundador da Associação de Antigos Alunos do Externato Delfim Ferreira, de Riba de Ave. Escreve a coluna “Causas e Efeitos” no dia 6 de cada mês.

Famalicão

Celebrações dos 50 anos do 25 de Abril em Famalicão

Celebrações de amanhã, quinta-feira, têm início às 10h. Na parte da tarde há um concerto de jazz nos Paços no Concelho.

Polícia Judiciária outra vez na Câmara de Famalicão para investigar viagens pagas a autarcas

O ex-autarca Paulo Cunha é um dos visados num caso de suspeitas de corrupção que envolve viagens à sede da Microsoft nos EUA. Câmara de Famalicão confirma investigações.

Feira apresenta aos alunos oferta formativa do ensino secundário

Evento destinado aos alunos do 9º ano foi realizado no CIIES, em Vale São Cosme.

Caminhos da Liberdade em Vila Nova de Famalicão

Locais onde se fez resistência à Ditadura Salazarista

Depois de discutido e aprovado em reunião de Conselho de Ministros, o Programa do XXIII Governo Constitucional (2022-2026) foi remetido à Assembleia da República na passada sexta-feira, dia 1 de abril. Será discutido no Parlamento durante esta quinta e sexta feira.

Este programa visa prosseguir objetivos da Agenda para a Década (2015) e defrontar quatro grandes desafios estratégicos: (i) responder à emergência climática; (ii) assegurar a transição digital; (iii) contrariar o inverno demográfico; e (iv) combater as desigualdades.

Ao perpassar os assuntos relacionados com a saúde, destacamos cinco aspetos deste novo programa:

  1. É manifesto neste novo programa uma contenção da ambição do programa de 2019, no qual se garantia uma equipa de saúde familiar a todos os portugueses ou do programa de 2015-2019, onde se garantia um médico de família para todos os portugueses e o relançamento da reforma dos cuidados de saúde primários.
  2. De salientar a revisão do modelo de organização e funcionamento dos serviços de urgência, o que não deixa de parecer mais complexo sem uma reforma a montante nos cuidados de saúde primários.
  3. A tão necessária autonomia na gestão hospitalar, essencial para incrementar a eficiência das organizações e responsabilização dos seus gestores, será apenas “reforçada” neste novo programa. De referir que o programa de 2015 já previa reforçar a autonomia e a responsabilidade dos gestores, assim como reformar os hospitais na sua organização interna e modelo de gestão, apostando na aplicação de incentivos ligados ao desempenho.
  4. A criação da Direção Executiva do SNS (prevista no novo Estatuto do SNS) suscita-nos fortes reservas uma vez que existem várias estruturas tuteladas pelo Ministério da Saúde focadas na mesma missão. Mais redundância na gestão comprometerá ou anulará o processo de atribuição de maior autonomia gestionária para a governação dos hospitais e agrupamentos de centros de saúde (ACES).
  5. Assistiremos com expectativa à implementação do regime de trabalho em dedicação plena, um regime de aplicação progressiva, a iniciar pelos médicos numa base voluntária e de compromisso assistencial.

Integrada num eixo estratégico de combate às desigualdades, a área da saúde pretende reforçar o investimento e melhorar a prestação de serviço, em vista, presume-se, a mitigar diferentes níveis de acesso (desigualdades). Paradoxalmente, e apesar de a Constituição da República Portuguesa garantir acesso geral, universal e tendencialmente gratuito, são já 4 milhões os portugueses que beneficiam de seguros ou de subsistemas que lhes garantem acesso a cuidados de saúde a um setor privado em trajetória de crescimento.

Sem surpresa, o Executivo considera que o investimento no SNS é o garante de uma política de saúde que permite assegurar a cobertura universal e a resposta às necessidades de saúde, da nascença até ao final de vida, para as quais prevê um variado leque de ações, que passamos a descrever:

 

ÁREA DE SAÚDE PÚBLICA

  • Promoção do princípio da “Saúde em Todas as Políticas”, dando especial continuidade ao Programa Bairros Saudáveis;
  • Articulação entre os setores da saúde, da agricultura e do ambiente, com especial enfoque no combate à resistência aos antimicrobianos;
  • Intervenção nos principais fatores de risco, nomeadamente na promoção da alimentação saudável e da atividade física, no combate à obesidade, tabagismo e excesso de álcool, entre outros;
  • Garantir rastreios visuais e auditivos a todas as crianças e reforçar o acesso das crianças e adolescentes a atividades de saúde escolar, com prioridade para os que se encontrem em situação vulnerável;
  • Disponibilização de atividades preventivas de doença, como os rastreios oncológicos de base populacional e o rastreio da retinopatia diabética;
  • Melhoria do acesso a consultas de promoção da saúde e prevenção da doença, de acordo com os Programas Prioritários, designadamente com presença de psicólogos e nutricionistas (ao nível dos cuidados de saúde primários);
  • Aprovação de um novo modelo de organização das respostas aos comportamentos aditivos e dependências;
  • Melhoria da organização e articulação dos serviços de saúde pública, com mecanismos de maior integração entre as estruturas do SNS, a Proteção Civil, o setor social e a sociedade civil;
  • Aprovação de uma lei de emergência em saúde pública, com vista a robustecer o enquadramento jurídico que sustenta as medidas de prevenção, controlo e mitigação decretadas pelas autoridades de saúde.

 

ACESSO AO SNS

  • Utilização do Centro de Contacto SNS 24 como porta de entrada e referenciação no SNS;
  • Reforço do agendamento com hora marcada para a atividade programada de todas as instituições e serviços públicos de saúde;
  • Generalização dos mecanismos de agendamento online de consultas no âmbito dos cuidados de saúde primários;
  • Utilização da telessaúde e criação de um Centro Nacional de Telemedicina e de uma rede nacional de telemedicina;
  • Expansão dos Balcões de Saúde do Cidadão (mais freguesias);
  • Intervenção das farmácias comunitárias, em especial no seu papel de estruturas de proximidade;
  • Promoção da prescrição de genéricos e de medicamentos biossimilares;
  • Desenvolvimento de uma política de inovação para acesso a novos medicamentos e dispositivos médicos;
  • Implementação do sistema de informação para gestão do acesso que suporta a referenciação dos utentes entre níveis de cuidados e monitoriza o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos;
  • Integração e continuidade de cuidados centrada no utente, nomeadamente através da criação do processo clínico eletrónico único;
  • Garantia do direito dos estrangeiros com processos de regularização pendentes à obtenção de número de utente do SNS.

 

COBERTURA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

  • Revisão e generalização do modelo das Unidades de Saúde Familiar (USF), garantido que estas cubram 80% da população;
  • Visitação domiciliária dos residentes em estruturas para idosos;
  • Reforço das Unidades de Cuidados na Comunidade;
  • Novos modelos de prestação de cuidados de saúde de proximidade, nomeadamente através de 30 novas unidades de saúde móveis nas regiões do interior e de baixa densidade;
  • Realização dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica mais comuns em todos os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES);
  • Dotar progressivamente todos os ACES para a prestação de cuidados no âmbito da saúde mental, nutrição, saúde oral e visual;
  • Promoção de projetos de gestão integrada dos percursos dos cidadãos no SNS, reforçando a continuidade de cuidados e o seguimento dos doentes crónicos;
  • Simplificação das tarefas administrativas, assegurando mais tempo para a atividade clínica, nomeadamente pela disponibilização de respostas para a doença aguda;
  • Desmaterialização e integração dos resultados dos exames complementares de diagnóstico no processo clínico eletrónico;
  • Conclusão do processo de descentralização de competências na área da saúde, em especial através da participação dos órgãos municipais no planeamento, na realização de investimento de construção, equipamento e manutenção de unidades de cuidados de saúde primários e na respetiva gestão;
  • Construção ou modernização de 100 unidades de cuidados de saúde primários.

 

REDE HOSPITALAR

  • Revisão das redes de referenciação hospitalar e do modelo de organização e funcionamento dos serviços de urgência;
  • Desenvolvimento da hospitalização domiciliária, expandindo a escala e as patologias mediante o reforço de equipas;
  • Revisão do funcionamento das Equipas de Gestão de Altas, de modo a garantir o alinhamento da alta clínica e social e uma transição segura entre níveis de cuidados;
  • Dinamização da organização interna dos hospitais em Centros de Responsabilidade Integrados;
  • Alargamento das consultas descentralizadas e a consultoria de especialidade aos cuidados de saúde primários, definindo protocolos de referenciação para as especialidades hospitalares com maior procura;
  • Reforço da autonomia na gestão hospitalar, nomeadamente em matéria de contratação de profissionais de saúde;
  • Revisão do modelo de financiamento dos hospitais, tendo em conta os cuidados prestados e a população de referência;
  • Construção das novas unidades hospitalares Central do Alentejo, Lisboa Oriental, Seixal, Sintra, Central do Algarve e a maternidade de Coimbra.

 

CUIDADOS CONTINUADOS E INTEGRADOS

  • Aumento do número de camas da rede geral para assegurar a cobertura integral do país;
  • Garantir as primeiras Unidades de Dia e Promoção de Autonomia da rede;
  • Constituição de equipas de Cuidados Continuados Integrados em todos os ACES;
  • Aumento das respostas no âmbito da saúde mental e constituição de Equipas de Apoio Domiciliário de Saúde Mental;
  • Alargamento das respostas de internamento de cuidados paliativos em hospitais de agudos;
  • Aumento do número de camas de cuidados paliativos de baixa complexidade em todas as regiões (Rede Nacional de Cuidados Paliativos);
  • Constituição de Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos em todos os ACES que ainda não disponham.

 

REFORMA DA SAÚDE MENTAL

  • Conclusão da cobertura nacional de Serviços Locais de Saúde Mental, nas respostas de internamento, ambulatório e intervenção comunitária;
  • Desinstitucionalização dos doentes residentes em hospitais psiquiátricos e em entidades das ordens religiosas para respostas residenciais na comunidade;
  • Alargamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados na área da Saúde Mental;
  • Qualificação dos internamentos de psiquiatria forense e construção de unidades forenses de transição para a comunidade;
  • Implementação dos Planos Regionais de Saúde para as demências.

 

POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS

  • Reforço do número de trabalhadores no SNS;
  • Implementação do regime de trabalho em dedicação plena, de aplicação progressiva, a iniciar pelos trabalhadores médicos numa base voluntária e de compromisso assistencial, com negociação sindical do acréscimo do período normal de trabalho semanal em vigor, do acréscimo remuneratório e do regime de incompatibilidades;
  • Revisão dos incentivos pecuniários e não pecuniários para a atração e fixação de médicos em zonas carenciadas;
  • Implementação de medidas de substituição do recurso a empresas de trabalho temporário e de subcontratação de profissionais de saúde;
  • Valorização das carreiras dos enfermeiros;
  • Criar da carreira de técnico auxiliar de saúde;
  • Promoção da integração de médicos dentistas no SNS e recrutamento dos profissionais em número adequado aos gabinetes de saúde oral dos cuidados de saúde primários;
  • Desenvolvimento do conteúdo funcional específico do secretariado clínico;
  • Reforço dos serviços de saúde ocupacional das unidades do SNS;
  • Implementação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, em especial no que se refere ao apoio integral às vítimas dos episódios de violência e às ações preventivas e de promoção de uma cultura de segurança;
  • Estimular a oferta de serviços de creche para os filhos dos profissionais de saúde.

 

GOVERNAÇÃO DO SNS

  • Maior participação dos cidadãos na melhoria contínua dos serviços de saúde, através da designação de um representante das associações de utentes no conselho da comunidade dos ACES e no conselho consultivo dos Hospitais e Unidades Locais de Saúde;
  • Implementação de sistemas de avaliação sistemática e periódica nos estabelecimentos e serviços do SNS, que incluam a realização de inquéritos de satisfação aos beneficiários ou utentes;
  • Criação de um fórum das associações de utentes, que promova a sua audição de forma regular e a participação ativa nas decisões;
  • Criação da Direção Executiva do SNS, com o papel de o dirigir a nível central, coordenando a resposta assistencial das suas unidades de saúde, assegurando o seu funcionamento em rede e monitorizando o seu desempenho e resposta;
  • Implementação dos Sistemas Locais de Saúde, com atividades que contribuem para a melhoria da saúde das populações e para a redução das desigualdades em saúde.

 

A NÃO PERDER

No próximo dia 20 de abril tem lugar a conferência “Saúde, Prioridades para Legislatura 2022-2026”, da Convenção Nacional da Saúde, que decorrerá na Ordem dos Médicos, em Lisboa.

A iniciativa, tem como objetivo criar um momento de reflexão sobre as prioridades da saúde para os próximos quatro anos.

Comentários

José Carlos Fernandes Pereira
É formado em Direito, administrador hospitalar e fundador da Associação de Antigos Alunos do Externato Delfim Ferreira, de Riba de Ave. Escreve a coluna “Causas e Efeitos” no dia 6 de cada mês.
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Atualidade

Celebrações dos 50 anos do 25 de Abril em Famalicão

Celebrações de amanhã, quinta-feira, têm início às 10h. Na parte da tarde há um concerto de jazz nos Paços no Concelho.

Paulo Cunha será o quarto deputado famalicense no Parlamento Europeu

O ex-autarca de Famalicão é o número dois da candidatura da Aliança Democrática.

Polícia Judiciária outra vez na Câmara de Famalicão para investigar viagens pagas a autarcas

O ex-autarca Paulo Cunha é um dos visados num caso de suspeitas de corrupção que envolve viagens à sede da Microsoft nos EUA. Câmara de Famalicão confirma investigações.

Feira apresenta aos alunos oferta formativa do ensino secundário

Evento destinado aos alunos do 9º ano foi realizado no CIIES, em Vale São Cosme.

Finalistas do ensino secundário discutiram os valores de Abril com autarcas locais

Encontro entre jovens e autarcas aconteceu na Casa da Juventude de Famalicão.

Comentários

O conteúdo de Notícias de Famalicão está protegido.