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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 25 Abril 2024
Marta Duque Vaz
Natural de Famalicão e radicada no Porto, licenciada em antropologia e pós-graduada em economia social, é jornalista e autora de “A Senhora Clap”, livro do Plano Nacional de Leitura, que foi adaptado a uma peça de teatro no Brasil.

Quem é que não sente dificuldade em perceber o outro?

Há uns anos, conheci o trabalho da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger que se dedica ao apoio e à integração social das pessoas, procurando condições para que possam levar uma vida autónoma e mais digna.

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Marta Duque Vaz
Natural de Famalicão e radicada no Porto, licenciada em antropologia e pós-graduada em economia social, é jornalista e autora de “A Senhora Clap”, livro do Plano Nacional de Leitura, que foi adaptado a uma peça de teatro no Brasil.

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Ter ataques de ansiedade sempre que nos questionam sobre o amor e outros sentimentos; interpretar o mundo literalmente, como se não houvesse sinónimos, metáforas e afins; andar com uma cábula no bolso, com as expressões faciais do ser humano para as decifrar; conseguir olhar nos olhos como se tudo fossem mundos lógicos e fáceis; ter um frasco de lágrimas à mão, sempre que apeteça chorar e não se consiga.

Max Jerry Horovitz tem 44 anos e é exactamente assim. Foi o Francisco que mo apresentou. Conheci-o, há sete anos, num filme de animação que recomendo a toda a gente. Mesmo a quem não simpatiza com filmes de animação como, por exemplo, a minha mãe e, ao que entendi, também a Senhora P.L Travers, por quem tenho profunda admiração.

Mas vamos ao fulcro da questão: quando o psiquiatra Hans Asperger descobriu a síndrome que ficou conhecida pelo seu último nome, talvez não imaginasse que este grupo de pessoas tão especiais fosse inspirar tantos livros e filmes, uns mais tocantes do que outros, obviamente.

Sendo um filme que consagra a amizade, Mary & Max, do genial Adam Elliot, remete-nos para diversos problemas sociais, coloca-nos frente a frente com questões triviais e complexas que mais dia, menos dia nos surgem inevitáveis e nos fazem rir ou chorar ou ambas ao mesmo tempo. Como geralmente acontece com as coisas da vida.

Max Jerry Horovitz e Mary Daisy Dinkle formam a dupla deste imperdível filme de animação que nos transporta para o particular mundo dos portadores da síndrome de Asperger, perturbação neurocomportamental de base genética que se manifesta sobretudo na interacção social, na comunicação e no comportamento.

De qualquer forma, não é uma patologia muito visível; podemos pensar, por exemplo, que estamos na presença de pessoas mega tímidas. Mas não. É muito mais do que isso. Os cuidados a ter são especiais.

A integração social e laboral dos “aspies” é absolutamente basilar numa sociedade que se reclama cada vez mais inclusiva. Daí a necessidade de lhes dar visibilidade. E quando digo visibilidade, digo saber quais os seus problemas e o que é que está a ser feito para os resolver e/ou minimizar. E falar disso. E fazer as coisas acontecer, contra a indiferença e a favor dos sonhos.

No passado dia 18 assinalou-se, mais uma vez, o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. Estima-se que em Portugal existam 40 mil pessoas com esta síndrome, na sua maioria rapazes.

Há uns anos, conheci o trabalho da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger que se dedica ao apoio e à integração social destas pessoas, procurando condições para que possam levar uma vida autónoma e mais digna. Fiquei encantada. E, como esta, outras organizações que chamam a si a missão de actuar para que estas pessoas não fiquem à margem da sociedade.

A formação, o treino de competências sociais e de emprego, por exemplo, são fundamentais para a integração social e profissional destes indivíduos tão especiais. As suas famílias, de um modo geral; mães e pais, em particular vivem a angústia de grande incerteza quanto ao futuro e, claro, aplaudem soluções que abram caminho à inserção social e profissional dos seus filhos.

Afinal, as pessoas com síndrome de Asperger tem, entre outras, a capacidade de dominar exemplarmente múltiplas áreas do saber em que se especializam, mantendo um inigualável foco no seu objecto de interesse.

De resto, quem é que, à semelhança de Max Jerry Horowitz, não sente, em algum momento, dificuldade em perceber o Outro, em interpretar as expressões faciais e até as atitudes; dificuldade em se integrar neste mundo de cada vez mais mil rotações por minuto? Quem, tal como o meu muito querido Max, não tem a tentação de criar novas palavras que expressem, sem traição, o que sentimos.

Quem nunca se sentiu “confuzzled” (confused + puzzled) levante o dedo! Agora, se conseguir, imagine as dificuldades de uma pessoa com síndrome de Asperger. Mary & Max são uma possível ajuda. Um passaporte para um mundo interior cheio de obstáculos silenciosos e invisíveis, tão reais como outros, fora de nós.

Obs. – A autora escreve segundo a antiga ortografia da Língua Portuguesa.

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