Recentemente, cheguei ao momento mais esperado do ano letivo: o seu término. É com grande alegria, que posso finalmente dizer, sem remorsos, que estou de férias! E com as férias chegam as viagens – pelo menos este ano, que 2020 foi uma desgraça nesse sentido, e apenas por mim falo, mas tenho a certeza que muitos sentem o mesmo na pele – e, ao refletir sobre o assunto, recordei-me de uma viagem de carro que fiz há uns anos atrás, em que ocupei o percurso inteiro a dar asas à minha imaginação, e do qual surgiram frutos em formato poético. Estes poemas parecem-me estar entre os meus favoritos da minha autoria, por assumirem uma essência absolutamente simples, mas invulgar. Se o poema que publiquei em março transmitia uma certa inquietação quanto ao futuro, estes constituem uma lufada de ar fresco, pela forma como transparecem uma presença inocente e brincam com as palavras. Sem mais demoras.
Contrastes
“Aquela tal casa
Laranja.
Do outro lado do rio
Mostra um mistério no seu olhar
Ou talvez seja apenas o céu cinzento
Que a faz brilhar.”
Encantos
“As flores daquele campo
São cor à vida de um cego,
Música à vida de um surdo,
Palavras à vida de um mudo.”
Caprichos
“Os remadores de bronze
Inquietos como o mar
Param um instante
Para poder remar”
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