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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 3 Julho 2025
José Carvalho
José Carvalho
José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

Há um elefante na sala. Podemos discutir o assunto?

Cuidar do ambiente não é acessório, é central para a nossa existência.

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José Carvalho
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José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

Famalicão

“Tudo isso está muito bem dito – respondeu Cândido, – mas devemos cultivar o nosso quintal.”

Cândido ou o Optimismo – Voltaire

 

Porque é que o ambiente tem de ser um tema central nesta campanha autárquica?

Instintivamente a maioria responderá, pela qualidade de vida ganha com as qualidades ambientais do sítio onde vivemos. Priorizar o ambiente acrescenta bem-estar, valoriza a nossa casa, promove a atividade física ao ar livre (sem ficha de inscrição, nem mensalidade), promove as interações sociais, é uma boa terapia, e previne, doenças mentais…

Mas cuidar do ambiente não é acessório, é central para a nossa existência. Assim, para me afastar das questões diárias e com isso ganhar perspetiva, fui reler o Plano Municipal de Ação Climática de Vila Nova de Famalicão (PMAC – VNF). No capítulo dedicado à adaptação às mudanças climáticas, é elaborada uma previsão e respetivo quadro de riscos para os anos que se avizinham.

Tirando alguns incréus no conhecimento científico, estamos, quase todos, de acordo em que a temperatura média está a subir, de que a precipitação é mais irregular e que ocorrem com mais frequência fenómenos extremos. O PMAC faz uma previsão do que nos espera nos próximos anos:

“A título de exemplo, espera-se um possível aumento de até 8ºC na temperatura máxima durante o verão na sub-região do Ave até ao final do século, com a possibilidade de ocorrerem 30 dias por ano com ondas de calor…”

“…destaca-se o risco elevado incêndio em grande parte do território afetando áreas rurais e urbanas…”

“…inundações e cheias é evidenciada pelo aumento da precipitação extrema, pela destruição da vegetação causada por incêndios, pelo aumento da impermeabilização do solo e pela construção em áreas propensas a inundações. Adicionalmente, projeta-se um possível aumento do risco de erosão e deslizamento de terras.”

“Consecutivamente, espera-se um aumento nos riscos de danos em edifícios e infraestruturas, incluindo estradas, redes de distribuição e centrais de produção de energia, sistemas de comunicação, água e drenagem de águas residuais, além das centrais de energia.”

“…espera-se que os danos causados por episódios de ventos fortes se intensifiquem…”

“De forma complementar, as vulnerabilidades sociais e a falta de inovação associada levam a prever riscos potencialmente significativos para a saúde de uma parte considerável da população, como o stress térmico.

Considero-me um pessimista da escola dos “otimistas bem informados”. Com isso, defendo que, se os tempos se preveem desafiantes, o melhor é prepararmo-nos para eles.

Um concelho rico e cheio de recursos tem por obrigação assegurar o melhor dos mundos possíveis para os anos que se avizinham. Por isso, tem de investir hoje em políticas de proteção e regeneração ambiental, para não pagar uma fatura demasiadamente pesada no futuro. E o futuro começou em 2017, quando os incêndios florestais causaram 114 mortes, 66 na zona de Pedrógão Grande, em junho, e 50 mortes em outubro. Nessa vaga de incêndios, Braga ficou cercada pelas chamas e por pouco não entraram na cidade, como anos antes aconteceu no Funchal ou nos arredores de Coimbra.

No preâmbulo desta campanha, ouvi (num discurso) esta ideia, mil vezes repetida, de que o ambiente é importante, mas que a economia era prioritária. Como sou sensível ao argumento de que o fim do mês chega sempre primeiro do que o fim do mundo, estou disponível para discutir o assunto, com o maior respeito por esse ponto de vista.

Mas perante tudo o que temos pela frente, só equaciono a subordinação da economia ao ambiente e não o inverso. Sem um bom ambiente não temos as condições necessárias para uma vida de qualidade e quando isso acontece, quem pode escolhe outro sítio para viver e trabalhar.

Arrisco-me a sentenciar que sem mão-de-obra (com mais ou menos qualificação) e paz social a economia não funciona. Por isso, todos ganhamos quando trabalhamos para um Ambiente melhor. O Ambiente e as medidas de adaptação às mudanças climáticas devem ser um tema central nesta campanha, obviamente não único, mas central.

 

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Os artigos de opinião publicados no NOTÍCIAS DE FAMALICÃO são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

 

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José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.
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