O dia 1 de Maio é um marco importante na luta pelos direitos dos trabalhadores em todo o mundo. Este dia foi escolhido para homenagear os que lutaram e, muitas vezes, sacrificaram as suas vidas na busca por melhores condições de trabalho, salários justos e dignidade no exercício das suas profissões. No entanto, à medida que celebramos as conquistas obtidas ao longo dos anos, é crucial refletir sobre a terminologia utilizada no ambiente laboral.
O eufemismo de chamar os trabalhadores de “colaboradores” não é apenas uma questão semântica; é, na verdade, uma provocação capitalista que visa desumanizar aqueles que, com o seu suor, constroem a riqueza das empresas. Um trabalhador é alguém que vende a sua força de trabalho; um colaborador é muitas vezes retratado como um parceiro, quando, na realidade, raramente participa nas decisões que afetam a sua vida laboral.
A origem do Dia do Trabalhador remonta ao final do século XIX, quando, em 1886, ocorreram manifestações em Chicago exigindo análogas reivindicações de uma jornada de trabalho de oito horas. Este movimento repercutiu em várias partes do mundo, levando à oficialização do 1 de Maio como um dia de celebração e protesto. Em Portugal, a data passou a ser comemorada após a Revolução dos Cravos em 1974, um momento que simbolizou a luta pela liberdade e pelos direitos laborais, conquistando-se avanços significativos no que diz respeito a salários, horários e condições de trabalho. Muitas das conquistas sindicais que hoje desfrutamos são fruto da luta incessante dos trabalhadores por dignidade.
Contudo, ainda persistem áreas que necessitam de reforma e melhoria. As leis laborais em Portugal precisam de evoluir para respeitar a realidade dos trabalhadores que fazem turnos, muitas vezes sob condições desgastantes e sem o reconhecimento necessário. A discussão sobre a semana de 4 dias e a redução da carga horária para 35 horas semanais, tanto no setor público quanto privado, é fundamental para garantir um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Ao mesmo tempo, é imperativo que se reconheça o direito ao descanso e à reforma – uma reforma aos 55 anos para quem trabalha em turnos rotativos e aos 60 anos para todos os trabalhadores deve ser considerada uma necessidade e um direito fundamental.
É essencial também que os trabalhadores possam gozar o seu feriado no dia 1 de Maio. É cada vez mais injusto que centros comerciais, supermercados e vários outros tipos de negócios obriguem os seus “colaboradores” a trabalhar neste dia. Apenas serviços essenciais, como hospitais, polícia e bombeiros, devem estar operacionais. Estes momentos de pausa são vitais para a reflexão e para o reconhecimento da luta travada ao longo dos anos.
A greve, um instrumento importante de luta, deve ser valorizada e respeitada. No dia 1 de Maio, sair à rua para manifestar e reivindicar é mais do que um ato simbólico; é uma afirmação de direitos, uma lembrança de que a voz dos trabalhadores deve ser ouvida. Ser sindicalizado é um direito que fortalece a classe trabalhadora, permitindo que as suas vozes sejam unidas numa só luta por justiça e igualdade.
Neste Dia do Trabalhador, celebremos as conquistas passadas, mas também lembremo-nos da luta que ainda resta. Que a discórdia sobre a terminologia e a desumanização dos trabalhadores termine, dando espaço ao respeito e à dignidade. A luta continua!
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