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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 31 Julho 2025
Bruna Costa
Bruna Costa
Famalicense, médica veterinária e professora do 2º ciclo do Ensino Básico

Soltar amarras

Nos dias de hoje a empatia deve prevalecer. Soltemos as amarras dos nossos melhores amigos.

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Bruna Costa
Bruna Costa
Famalicense, médica veterinária e professora do 2º ciclo do Ensino Básico

Famalicão

Recentemente, tive a oportunidade de partilhar a minha opinião, como médica veterinária, relativamente à questão do acorrentamento de animais de companhia, por mais ou menos longos períodos de tempo. Expliquemos um pouco melhor os impactos, alguns invisíveis, que o acorrentamento pode ter nos nossos animais de estimação.

A primeira ideia baseia-se no facto de que um animal acorrentado é, na maioria das vezes, um animal esquecido, muitas vezes negligenciado. A alimentação e a água disponível são muitas vezes escassas, e, nalguns casos, verifica-se a ausência de cuidados médico-veterinários. Paralelamente, são animais que não praticam exercício físico regular (para além do único vai e vem que o tamanho da corrente permite fazer) e que acabam por ficar expostos aos eventos climáticos extremos.

No que diz respeito aos danos físicos, temos desde logo, os causados diretamente por coleiras (muitas vezes improvisadas com fios de eletricidade, mangueiras, arames…).Desde feridas e lacerações na região do pescoço, a lesões mais extensas que acabam por infetar e que podem levar à necrose dos tecidos.

Não nos esqueçamos que a região do pescoço é um local onde passam e se situam estruturas anatómicas muito importantes (vasos sanguíneos, a traqueia, coluna e medula espinal) e que acabam por sofrer danos que podem ser tanto mais extensos de acordo com o tipo de corrente utilizada, o grau de compressão, ou o número de puxões.

Por outro lado, podem existir, ainda, problemas de pele, associados ao contato quase permanente com fezes e urina, já para não falar da exposição constante a outro tipo de ectoparasitas como pulgas, carraças e mosquitos, transmissores de uma série de outras doenças, como a febre da carraça e a Leishmaniose.

Para além dos danos diretos, existe ainda uma outra vertente, a do bem-estar no geral, nomeadamente considerando que os animais são seres sociais, seres vivos carentes de atenção, cuidados e de proteção por parte do ser humano. São seres sencientes, capazes de sentir dor e sofrimento, mas também alegria e prazer.

Assim sendo, o acorrentamento permanente é também causador de sofrimento psicológico/emocional. Isto é decorrente da falta de espaço para o animal expressar o seu comportamento natural, da incapacidade de alterar o seu comportamento em situações de perigo, como fugir ou esconder-se e da falta de socialização com outros animais, essencial para um desenvolvimento saudável.

E não nos esqueçamos que, frequentemente, em casos de fuga estes animais correm o risco de asfixia, enforcamento e morte.

Nos dias de hoje a empatia deve prevalecer. Soltemos as amarras dos nossos melhores amigos.

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Famalicense, médica veterinária e professora do 2º ciclo do Ensino Básico
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