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Vila Nova de Famalicão
Domingo, 5 Maio 2024
Paulo Barros
Economista famalicense.

Famalicão, terra de supermercados

Vamos todos por um lindo caminho. Ouçam o que vos digo: vai demorar muitos anos a corrigir isto.

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Famalicão

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Começo pelo princípio. Inicio com esta crónica uma colaboração regular com o “Notícias de Famalicão”. O convite veio e eu muito agradeço. A pedido de várias famílias, como antigamente se dizia. Cá me encontrarão, uma vez por mês, a dizer bem quase sempre. Só mesmo quando não conseguir evitá-lo farei descer a aspereza da minha pena sobre as desventuras do nosso concelho. Com lástima minha, não duvidem.

E é isto. Falando nisso.

As insígnias, pá!

Era o dia 28 de Janeiro, noticiou o “Cidade Hoje”: “o grupo SONAE continua a investir em Famalicão”. O tom do artigo é de regozijo. À conta de um supermercado, reparem bem: mais um. Num tempo em que o tema da independência da imprensa local está na berlinda, o “Cidade Hoje” não tem opinião a dar sobre a implantação de uma grande superfície comercial num terreno que, desde há largos anos, se perspectivava como uma futura zona nobre da cidade. Também não tem opinião a dar sobre as trocas e baldrocas do Sr. Mário Passos, que lançou um período de discussão pública (obrigatório por lei) e subsequentemente até acolheu algumas propostas dos munícipes interessados, mormente a reclassificação de uso de uma das parcelas paras fins mistos (habitação e comércio, ao invés de comércio apenas).

Problema: estamos a falar da parcela que agora acolherá o “Continente”. Claro que agora diz que não, e refugia-se nos subterfúgios legais do costume para nos convencer de que tudo está a ser feito em conformidade com os preceitos legais. Com os preceitos legais, não duvido. Com o decoro, fico menos confiante.

Não é que o “Cidade Hoje” não saiba disto tudo, sabe. Apenas prefere não noticiar. Não vale o papel em que está impresso, mas também não podia deixar de ser impresso, não é verdade? Não fosse a Câmara cortar-lhe a publicidade institucional.

O que sabemos (não pelo Cidade Hoje) é que estamos cercados de grandes superfícies comerciais em todas as entradas da cidade. É, para todos os efeitos, um belíssimo cartão de visita. “Famalicão, terra de supermercados”, fica a sugestão.

E se o “Cidade Hoje” deixa transparecer um certo ar de vitória, o nosso edil não deixa nada para interpretações: foi mesmo uma grande conquista. Para ele, para a cidade e para o concelho que é o terceiro maior exportador do país (como não se cansam de nos dizer). No rescaldo da reunião de câmara em que este tema foi discutido, o Sr. Mário Passos achou-se em tão grande conta que é mesmo imperdível, e eu não resisto a partilhar este vídeo:

Temos que o nosso presidente da câmara descobriu a epifania e a epifania dele são as insígnias. [Para quem não saiba, e antes que cheguem a pensar que pudéssemos estar a falar de sofisticadíssimas constelações de entidades, aquilo a que se referia era às marcas comerciais de implantação nacional. Tipo lojas de roupa e coisas assim, ok?]

Pois é isso, o homem está feito um autêntico fetichista das insígnias.

Aqui chegados, pergunto-me se alguém, do extenso rol de assessores, lhe aponta defeitos, insuficiências, pontos a melhorar. Quero crer que não. Não faz o estilo. O arrazoado sobre as insígnias serviu para nos explicar quão bom e moderno e espectacularmente formidável é para Famalicão atrair ao seu seio, lá está… insígnias. Eu cá acho que vai por ali um profundo complexo de inferioridade.

Mas como faz parte do boneco ser maniqueísta, ainda lhe deu para o habitual, que é achar-se sumamente injustiçado e de caminho acusar quem dele discorda de querer o mal do concelho. Ora, ele sabe muito bem que a oposição não criticou o licenciamento de (mais) um supermercado, com insígnias ou sem elas.

O que a oposição criticou foi que se permita (e incentive, e celebre) a localização do dito naquele terreno, paredes meias com o tribunal, numa entrada da cidade já de si congestionada, junto de mais DOIS supermercados, etc e tal. Ok, Mário? Fica lá com as insígnias, só não estragues mais ainda a nossa cidade.

Vai daí – a propósito desta grandessíssima façanha que é um autarca se deixar convencer pela SONAE a implantar um supermercado numa zona nobre da cidade – começou a gabar-se de que Famalicão, agora (com ele…) se compara com Lisboa, com o Porto, com Braga e Guimarães. E se fosse só isso: é que já ia tão lançado, e fazendo uso da elevação a que nos vem habituando – e por estas e por outras é que agora se cunhou o conceito de novo normal –, tratou logo ali de aferroar os críticos com a inveja que lhes toca por não conseguirem conviver com tanto sucesso junto. E onde já vai o delírio.

Bom, por essa altura já me invadia um constrangimento. Sabem o que é aquela sensação de vergonha alheia a que todos temos direito, de quando em vez? Tamanha é a falta de noção. Mário: com Braga, sim, compara-se. O fraco gosto é o mesmo, só a escala é mais pequena. Mas também se compara com a Trofa, cada vez mais.

Fez-me lembrar um dito (da gestão criativa) que aqui cai como uma luva: “Não há nada de mais perigoso para uma organização do que um incompetente com vontade de trabalhar.”

É mesmo assim, vamos todos por um lindo caminho. Claro que a culpa é dele, em primeiríssimo lugar. Mas também é muito nossa. Ter um presidente destes tem de ser culpa nossa. Ouçam o que vos digo: vai demorar muitos anos a corrigir isto.

#naotedeixespassarmais

 

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