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Quinta-feira, 12 Dezembro 2024
Rui Costa
Rui Costa
Rui Miguel Costa é formado em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto. Gestor em áreas de desenvolvimento, é apaixonado por música, engenharia, economia, inovação e empreendedorismo.

Portugal orientado às energias renováveis: o leme das energias hídricas

A realidade e posição portuguesa no âmbito das energias renováveis, e o investimento e a tecnologia existente no nosso país.

3 min de leitura
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Rui Costa
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Rui Miguel Costa é formado em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto. Gestor em áreas de desenvolvimento, é apaixonado por música, engenharia, economia, inovação e empreendedorismo.

Famalicão

Um pouco por todo o mundo, são feitos investimentos elevados em recursos e projetos  com o intuito de fortalecer a utilização de fontes de energia alternativas. Atualmente, a maioria dos países depende ainda, de combustíveis fosseis para produzir energia, combustíveis esses que, como já é de conhecimento geral, tem um impacto ambiental negativo e são finitos.

De forma a inverter esta tendência, estes enormes investimentos intelectuais e monetários, que visam a impulsionar as ditas energias renováveis, ganham mais e mais força. Apesar de não se tratar de um tema novo, não é de todo, algo que esteja a acontecer tão rápido quanto esperado a nível mundial. Neste contexto, tentarei explicar de forma clara, a realidade e posição portuguesa nesta área de intervenção: as energias renováveis, o investimento e a tecnologia existente no nosso país.

O que são e quais os diferentes tipos de energias renováveis?

Fontes de energia renováveis, como o nome indica, provêm de recursos inesgotáveis ou que podem ser repostas a curto ou médio prazo, espontaneamente ou por intervenção humana. Esta área de intervenção, que é cada vez mais um chamariz económico, social e politico, tem várias ramificações, muitas vezes desconhecidas do público em geral,  sendo sob a vertente hídrica, eólica, solar, geotérmica, ondas e marés e biomassa onde atualmente existe um maior desenvolvimento e investimento.

Não obstante da importâncias das diferentes energias alternativas e da urgência/ necessidade na evolução de todas elas, defini como objetivo principal deste artigo  dar a conhecer o trabalho feito em Portugal na vertente hídrica, focando-me em explicar o que é, como funciona uma central e qual o caminho a seguir.

Energia hídrica, não é mais do tirar de forma inteligente, partida da energia da água, aproveitando o seu desnível e movimento para criar energia mecânica que é, posteriormente, transformada em energia elétrica. Existe assim, uma direta correlação entre energia hidroelétrica e orografia do território, que gera as quedas aproveitáveis, e com os recursos hídricos superficiais disponíveis, que por sua vez determinam os volumes turbináveis.

Em resultado da variabilidade geográfica do potencial produtivo, a função dos caudais e das quedas disponíveis, entende-se que pequenos aproveitamentos hidroelétricos apresentam uma distribuição heterogénea em Portugal Continental. É na zona do Mondego para Norte onde está localizada 95% da capacidade portuguesa, e é também a norte do país que se encontra o maior potencial para a construção de novos aproveitamentos.

Como supramencionado, este tema não é novo, a água dos rios é utilizada para gerar eletricidade em Portugal há mais de 100 anos, contudo continua ainda por explorar um enorme potencial, seja através de centrais de grande dimensão, mas essencialmente pequena e média.

Prova que Portugal sempre foi pioneiro, neste sentido, e um ano chave, foi o de 2017. Constatou-se, neste ano que em média, aproximadamente 30% da eletricidade consumida em Portugal já tinha origem hídrica. Valor este que tende a aumentar e que deverá ser ainda sofrer um maior impulso nos próximos 10 anos, no âmbito do quadro de ação da UE, relativo ao clima e energia, pacote Energia-Clima 2030. Neste quadro de ação foi definida uma meta vinculativa de pelo menos um total de 27% de energias renováveis no consumo total de energia da zona euro, onde todos os estados membros devem contribuir de forma ativa.

Fonte: REN Análise: APREN

Analisando o gráfico acima, providenciado pela REN, percebemos que no período de janeiro a maio de 2021, foram atingidos números incríveis de produção e consumo de energia renovável: foram gerados 21 277 Gwh de eletricidade em Portugal continental, dos quais 71,6% de origem renovável, tem a energia Hídrica uma cota de 38,40%.

Para atingir estes números imensamente superiores ao de outros estados membros da EU, temos de analisar e ter em conta que Portugal já tem no seu portefólio um elevado número de investimentos nesta área e conta em pleno funcionamento com uma das maiores centrais hidroelétricas da Europa. Central essa que contou com a implementação de duas turbinas de velocidade variável, cada uma com 390 MW de potência nominal, dois motores geradores assíncronos, cada um oferecendo 440 MVA de potência nominal, conversor de frequência, bem como o equipamento hidromecânico.

Esta central, que pertence à  EDP mas com a tecnologia da gigante VOITH, fazem da, denominada de Frades II, a maior central da Europa, tendo sido mesmo distinguida com dois prémios internacionais: O prémio “VGP Quality Award 2018” da Associação Internacional de Produtores de Energia e o prémio “Plant of the Year, atribuído pela Power Magazine.

Segundo o site da EDP, “O projeto Frades II destaca-se pela elevada potência das máquinas instaladas e pela inovação tecnológica que representam, tratando-se de máquinas assíncronas de velocidade variável”, lê-se na página da internet da EDP. “Esta é a única central da Península Ibérica, e das poucas na Europa, equipada com grupos de velocidade variável” e são “os mais potentes da Europa e dos maiores a nível mundial”.

Concluo este artigo a afirmar veemente que com a identidade e mindset correto, Portugal tem a capacidade, a localização e os recursos necessários para não só depender a 100% destas energias, devendo ainda aproveitar o “momentum” ao estabelecer-se como um país capaz de tomar a liderança e definir o caminho neste tema.

 

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Rui Miguel Costa é formado em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto. Gestor em áreas de desenvolvimento, é apaixonado por música, engenharia, economia, inovação e empreendedorismo.