A líder da maior concelhia social-democrata do país, Sofia Fernandes, rompeu o silêncio esta sexta-feira, 5 de setembro, e, numa breve declaração à imprensa, informou os militantes do partido e os famalicenses sobre a guerra – inicialmente surda e depois cada vez mais barulhenta – que está a ser travada no seio do PSD-Famalicão.
Numa conferência de imprensa na qual se apresentou ladeada por membros da comissão política e pela líder da JSD-Famalicão, Sofia Fernandes trouxe luz ao que se tem passado no interior do partido, e se tem refletido, na coligação PSD-CDS, nos corredores municipais e na sociedade famalicense.
Coincidência ou não, cerca de uma hora e meia antes da conferência de imprensa da presidente do PSD-Famalicão, a campanha de Mário Passos comunicou o adiamento – sem anunciar nova data – da apresentação dos candidatos à Assembleia Municipal que estava marcada para a tarde de domingo, dia 7.
COMPROMISSO DA LÍDER COM OS MILITANTES
A líder do PSD-Famalicão começou por recordar que, quer durante a campanha para as eleições internas do partido, quer após ter sido eleita presidente do PSD-Famalicão, assumiu publicamente o compromisso de que Mário Passos seria o candidato à Câmara Municipal.
“Fi-lo consciente e claramente na campanha interna, e depois já na qualidade de presidente eleita da Comissão Política reiterei esse compromisso porque acreditava que era esse o sentimento geral dos militantes do PSD de Famalicão”, afirmou Sofia Fernandes, sem esclarecer se, mais de um ano depois, este continua a ser o desejo dos militantes.

A líder social-democrata destacou que essa promessa foi cumprida no passado dia 14 de agosto, com a entrega das listas da “Coligação Mais. Ação Mais Famalicão” em tribunal.
“PSD NÃO FOI TIDO NEM ACHADO” NAS ESCOLHAS DE MÁRIO PASSOS
No entanto, apesar de todas as ingerências de Mário Passos no processo, realizando reuniões com eventuais candidatos autárquicos e excluindo o partido do processo, o pior ainda estava por vir.
“Mas o passado dia 14 foi apenas o momento final de um processo complexo, demasiado atribulado e que me deixou, enquanto militante de base do PSD e pessoalmente, profundamente triste e desapontada”, afirmou Sofia Fernandes.
A líder do PSD-Famalicão salientou que, sob a sua liderança, o partido “tentou sempre criar um espaço comum de trabalho e diálogo que respeitasse o projeto ‘Mais Ação Mais Famalicão’, o candidato à Câmara por nós escolhido e, ao mesmo tempo, o PSD de Famalicão e a sua comissão política”.
No entanto, apesar dos esforços de Sofia Fernandes e da comissão política, Mário Passos, recandidato a um novo mandato, optou por um caminho no qual as suas decisões foram pautadas por ignorar o partido.
RECUSOU OUVIR O PARTIDO NAS LISTAS DA CÂMARA E ASSEMBLEIA
“Na lista à Camara Municipal, o candidato Mário Passos recusou sempre as propostas do PSD Famalicão. O CDS teve as suas indicações respeitadas e a JSD também fez a sua indicação, como tradicionalmente aconteceu ao longo das últimas décadas”, afirmou Sofia Fernandes, destacando que “numa lista em que o PSD não foi tido nem achado, o candidato Mário Passos incluiu personalidades ex-socialistas e independentes”.
É o caso, por exemplo, do atual presidente da Junta de Joane, António Oliveira, inicialmente eleito pelo Partido Socialista e que, por fim, acabou a ir a votos como candidato independente com apoio da coligação PSD-CDS.
António Oliveira, que cessa agora o terceiro e último mandato como autarca de Joane, integra a lista de candidatos escolhidos por Mário Passos à vereação. Na vila de Joane, Mário Passos insistiu no apoio à candidatua independente de Cláudio Cadeia, membro do executivo de António Oliveira, em detrimento a Plácido Dias, que preferido pelos militantes joanenses e que agora é candidato pela Iniciativa Liberal [ver notícia Iniciativa Liberal na corrida à Junta de Joane com candidato que era o preferido do PSD].

Mas os problemas não estiveram presentes apenas na definição dos candidatos à Câmara Municipal. Também na feitura das listas à Assembleia Municipal de Famalicão, “que deveria ser da absoluta responsabilidade da comissão política do partido, como sempre foi, repetiu-se o mesmo registo”, salienta a presidente do PSD-Famalicão.
MÁRIO PASSOS EXIGIU A LÍDER DO PARTIDO FORA DA LISTA
“O candidato Mário Passos exigiu que quatro das pessoas indicadas na lista do PSD Famalicão fossem excluídas e, de entre essas, a primeira indicação do PSD, com o argumento de que não representava uma mais-valia”, refere Sofia Fernandes.

A líder do partido afirma que “é neste processo da lista à Assembleia Municipal que foram ultrapassadas todas as linhas vermelhas”, salientando que “os acontecimentos têm demonstrado factualmente que o candidato Mário Passos tem objetivamente um problema com o PSD-Famalicão”.
ATAQUES À HONRA
“Os ataques à minha honra, ao meu profissionalismo, à minha lealdade ao partido e ao superior interesse de Famalicão obrigam-me a este esclarecimento e a uma tomada de posição”, afirmou Sofia Fernandes esta manhã, acrescentando que, como diz o povo e com razão que “quem não se sente não é filho de boa gente” e que tem “muita honra em quem sou, em quem me acompanha, no trajeto político e profissional que desenvolvi, e nas pessoas de quem sou filha”.
CONFIANÇA NOS CANDIDATOS ÀS FREGUESIAS
A líder da maior concelhia social-democrata do país fez questão de sublinhar que, apesar de tudo, em todo este processo, todo “orgulho e confiança” nos candidatos do PSD e do CDS-PP às Juntas e Uniões de Freguesia, destacando que “tendo sido escolhidos por esta comissão política, representam um referencial de qualidade e esperança ao serviço dos famalicenses”.
SOFIA FERNANDES AUSENTA-SE DA CAMPANHA ELEITORAL
“Garantindo todas as condições políticas, logísticas e operacionais ao candidato Mário Passos até às eleições de 12 de outubro, e não sendo eu, segundo o candidato Mário Passos, uma mais-valia, decidi afastar-me a partir deste momento e até ao dia do ato eleitoral, a bem do superior interesse da Coligação Mais Ação Mais Famalicão, de todos os eventos de campanha”, afirmou a presidente do PSD-Famalicão.
Para o efeito, a líder social-democrata realizou, nas últimas semanas, um conjunto de reuniões, nomeadamente com a presidente da JSD, a direção de campanha e a comissão política do PSD-Famalicão.
A comissão política do PSD-Famalicão, por sugestão da própria Sofia Fernandes, delegou no vice-presidente Pedro Santos a representação deste órgão, e no secretário-geral Lucas Vilela, o papel de porta-voz, “garantindo todas as condições para que a campanha se realize em condições excecionais para que a Coligação ‘Mais ação Mais Famalicão’ obtenha um resultado conducente com a ambição deste projeto para Famalicão, nas próximas eleições”.
“Até lá, faço votos, a bem de Famalicão, dos maiores sucessos eleitorais da Coligação Mais Ação Mais Famalicão. Pela minha parte, estarei sempre, como até aqui, do lado de Famalicão e dos famalicenses”, concluiu Sofia Fernandes.
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