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Vila Nova de Famalicão
Sexta-feira, 19 Abril 2024
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

A mágoa de ser velho em Portugal

A desumanização dos cuidados

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Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

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Quando decidi me dedicar ao apoio domiciliário sabia o que estava a fazer e para onde é que a vida me encaminhava. Quando me perguntavam “como é que tens paciência e coragem para cuidar de idosos?”, eu respondia “com amor e dedicação”.

Ao longo da minha experiência profissional tenho procurado chamar atenção para a humanização dos cuidados, para a forma como encaramos a velhice em Portugal. Sou entusiasta do envelhecimento e da velhice. Descobri que o que me apaixona é trabalhar com idosos. Os mais velhos são, para mim, sinónimo de sabedoria. Gosto de gente que já não precisa de fingir o que são. Mas sinto que poucos querem saber. Porque numa sociedade consumista, onde tudo é efémero, os mais velhos são uma espécie de empecilho. E isso diz muito daquilo que nos tornámos. Quando assisto a esta decrepitude dos valores do ser humano para com outro ser humano, as imagens de maus tratos,  entristecem-me profundamente. Tudo isto me levanta interrogações.

Existem estruturas residenciais coletivas para pessoas idosas que desenvolvem excelentes práticas, assim como excelentes profissionais do cuidado que fazem muito mais que aquilo que os seus salários baixos os obriga a fazer. Mas também existem estruturas muito mal geridas por pessoas que decidem não investir na formação dos colaboradores. Acredito no poder transformador da partilha de conhecimento, por isso mesmo acredito que formar é essencial.

Que dizer dos serviços de urgência?! Todos os dias o serviço de urgência dá sinais graves de degradação e gera desconfiança dos cidadãos. Não é compreensível como comissões preferem fechar maternidades, o único serviço na qual funciona bem quando deveriam sim, fazer uma auditoria ao serviço de urgência hospitalar. No entanto, gerir o “status quo” e não chatear os interesses instalados no sector tem sido a gestão destes últimos anos.

Mas afinal de quem é a culpa de tamanho desrespeito pela vida humana e desconsideração pelas pessoas idosas? A culpa é de todos nós, que olhamos para o lado e achamos que nunca chegaremos a velhos e que nunca vamos colocar os nossos familiares em lares de idosos. A culpa é de todos nós porque continuamos a ver as pessoas idosas como “utentes” a serem maltratadas nos serviços de urgência.

A culpa é de todos nós porque continuamos a ver as pessoas idosas como um fardo ou uma despesa, como inúteis para a sociedade. A culpa é de todos nós mas também do governo que não coloca na agenda politica o desenvolvimento de politicas sociais que advêm da existência de um número cada vez maior de pessoas idosas em Portugal.

Envelhecer não pode ser considerado um problema. É um desafio e é por isso que tem de haver respostas cada vez mais efetivas. É preciso trabalhar outras vertentes, nomeadamente a forma de cuidar.

Enquanto continuarmos achar que ser-se velho é sinónimo de doença, senilidade ou morte, vamos continuar a ver cada vez mais pessoas a serem maltratadas e acharemos que isso é normal.

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Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.
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