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Vila Nova de Famalicão
Terça-feira, 10 Dezembro 2024

Ambientalistas de Famalicão estão contra a saída das hortas do parque da cidade

A associação ambientalista Famalicão em Transição está contra a decisão da Câmara Municipal de retirar as hortas do parque da cidade e quer discussão pública sobre o assunto.

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Famalicão

A associação ambientalista Famalicão em Transição está contra a retirada das hortas urbanas do Parque da Cidade e recomenda ao presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, “a promoção de uma discussão pública e alargada” que permita “ouvir os famalicenses e encontrar uma alternativa compatível com o interesse” de todas as partes.

A Associação Famalicão em Transição tomou esta posição numa carta aberta dirigida a Paulo Cunha e ao presidente da Assembleia Municipal, Nuno Melo.

A Associação Famalicão em Transição considera que o Parque da Cidade “é um conjunto coerente e indivisível em que a natureza se funde com as atividades humanas”, promovendo “cultura, educação, desporto, lazer e bem-estar, contemplação e produção agrícola”.

“Todas estas abordagens tornam este espaço único em Portugal. Retirar do Parque da Devesa as hortas urbanas é o mesmo que retirar um dos sentidos do corpo humano. Ele continua vivo e sensível, mas sem dúvida mais pobre”, afirmam os dirigentes da Associação Famalicão em Transição.

Esta organização cívica, projeto liderado por Manuela Araújo, arquiteta que trabalha na Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão – que solicitou o direito de escusa para não subscrever a carta aberta – integra alguns cidadãos próximos ou simpatizantes da maioria PSD-CDS.

É o caso de Mariana Marques, uma antiga mandatária para a juventude de uma das candidaturas do antigo presidente Armindo Costa. Mas também inclui a porta-voz local do partido Pessoas Animais e Natureza (PAN), Sandra Pimenta.

Para a Câmara Municipal a decisão está tomada: as hortas deixam o Parque da Cidade para darem lugar à ampliação do CITEVE. Fotografia NOTÍCIAS DE FAMALICÃO

Os membros da Famalicão em Transição não têm dúvidas em afirmar que “as hortas urbanas desempenham um papel fundamental no contexto e no conceito do Parque da Devesa”.

Além disso, constituem “uma garantia viva da continuidade das práticas agrícolas de religação à terra e ecologicamente responsáveis no cerne do pulmão verde do centro urbano”; “promovem ativamente a biodiversidade do local”; “contribuem significativamente para o fortalecimento das dinâmicas sociais e comunitárias do dia-a-dia do parque, e consequentemente da cidade”; para além de “enriquecerem sobremaneira o potencial educativo e de sensibilização ambiental que o Parque da Devesa tem junto da comunidade famalicense”.

“Manter as hortas urbanas no Parque da Devesa é um dever, no sentido de conservar a memória daquele espaço”, sendo também “um compromisso com as próximas gerações”, uma vez que as hortas se definem “num quadro de sustentabilidade”, e “um sinal de respeito por todos aqueles que tornaram possível e funcional este parque”, sublinham os autores da carta aberta.

Ops responsáveis da Famalicão em Transição lembram que “ao longo da sua história, os famalicenses souberam dar respostas engenhosas aos problemas e desafios com que se foram deparando”.

Assim, “perante a questão colocada por uma instituição que nos merece a maior consideração, o CITEVE, entendemos que são possíveis outras soluções de expansão das suas instalações sem comprometer a integridade do Parque da Devesa”, garantem os elementos da associação ambientalista.

É neste contexto que a Associação Famalicão em Transição recomenda a Paulo Cunha e a Nuno Melo “a promoção de uma discussão pública e alargada que permita ouvir os/as famalicenses e encontrar uma alternativa compatível com o interesse das partes e sobretudo com o interesse do conjunto dos/das famalicenses”.

A Associação Famalicão em Transição tem como visão “tornar Vila Nova de Famalicão uma comunidade mais sustentável e resiliente, centrada nas pessoas e na natureza”.

CÂMARA ANUNCIA PLANTAÇÕES

A carta aberta a Paulo Cunha foi tornada pública na passada sexta-feira. Nesta segunda-feira, 22 de março, o gabinete de imprensa de Paulo Cunha, em jeito de resposta, anunciou que a Câmara Municipal vai plantar 732 novas árvores e arbustos de 63 espécies diferentes no Parque da Devesa, “aumentando e diversificando assim a área arbórea do pulmão verde da cidade”.

Depois da carta aberta, a Câmara anuncia a plantação de árvores e arbustos no Parque da Cidade. Fotografia DR

Segundo a autarquia, estas plantações vão implicar “um investimento municipal que ronda os 75 mil euros”. Ou seja, cada árvore ou arbusto custará uma média de 102,45 euros.

O trabalho foi adjudicado à empresa Justacolina – Serviços de Silvicultura e Exploração Florestal e deverá ser realizado entre os meses de setembro e outubro, “época mais propícia para a sua realização”.

Grande parte das novas árvores a plantar são de espécies autóctones, como carvalho-alvarinho, bétula ou vidoeiro, sobreiro, pinheiro-manso, faia, loureiro, cerejeira, aveleira, castanheiro, mas está também prevista a plantação de espécies exóticas como sequoia, pseudotsuga, pinheiro-de-weymouth, áceres, entre outras.

Atualmente as espécies dominantes no Parque da Cidade são o carvalho-alvarinho, o pinheiro-manso, as bétulas e os choupos, e, nas margens do rio, os amieiros e os salgueiros.

CARTA ABERTA A PAULO CUNHA E NUNO MELO NA ÍNTEGRA

A Associação Famalicão em Transição, associação que tem como Visão “tornar Vila Nova de Famalicão uma comunidade mais sustentável e resiliente, centrada nas pessoas e na natureza”, vem tornar pública a sua posição sobre a possibilidade de o espaço das hortas urbanas ser subtraído ao Parque da Devesa.

É entendimento da Associação Famalicão em Transição que o Parque da Devesa é um conjunto coerente e indivisível em que a Natureza se funde com as atividades humanas: cultura, educação, desporto, lazer e bem-estar, contemplação e produção agrícola. Todas estas abordagens tornam este espaço único em Portugal. Retirar do Parque da Devesa as hortas urbanas é o mesmo que retirar um dos sentidos do corpo humano. Ele continua vivo e sensível, mas sem dúvida mais pobre.

As hortas urbanas desempenham um papel fundamental no contexto e no conceito do Parque da Devesa. Para além de se constituírem como uma garantia viva da continuidade das práticas agrícolas de religação à terra e ecologicamente responsáveis no cerne do pulmão verde do centro urbano, promovem ativamente a biodiversidade do local, contribuem significativamente para o fortalecimento das dinâmicas sociais e comunitárias do dia-a-dia do Parque, e consequentemente da cidade, para além de enriquecerem sobremaneira o potencial educativo e de sensibilização ambiental que o Parque da Devesa tem junto da comunidade Famalicense.

Ao longo da sua história, os/as Famalicenses souberam dar respostas engenhosas aos problemas e desafios com que se foram deparando. Perante a questão colocada por uma instituição que nos merece a maior consideração, o CITEVE, entendemos que são possíveis outras soluções de expansão das suas instalações sem comprometer a integridade do Parque da Devesa. Nesse contexto, a Associação Famalicão em Transição recomenda a promoção de uma discussão pública e alargada que permita ouvir os/as Famalicenses e encontrar uma alternativa compatível com o interesse das partes e sobretudo com o interesse do conjunto dos/das Famalicenses.

Manter as hortas urbanas no Parque da Devesa é um dever, no sentido de conservar a memória daquele espaço, é um compromisso com as próximas gerações, pois elas definem-se num quadro de sustentabilidade e é um sinal de respeito por todos/as aqueles/as que tornaram possível e funcional este Parque.

Nota: Esta carta não é subscrita pela Presidente da Direção da Associação Famalicão em Transição, que solicitou o direito de escusa.”

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