Finalmente livre e solto para escrever sobre política, visto que já não sou candidato, decidi colocar no título do rescaldo das autárquicas 2025 o nome de Eduardo Oliveira, porque foi claramente a figura determinante destas eleições.
Um dos erros que identifico é mesmo ter menosprezado a capacidade do PS de Eduardo Oliveira controlarem a narrativa, levando muitos a acreditar que estávamos perante uma eleição disputada.
“A MUDANÇA” E “GANHAR 2025”
Aquilo que mais estranhei à partida foram os principais slogans do PS, “A Mudança” é algo que motiva pouco o eleitorado típico do PS, que sendo mais idoso tem naturalmente mais dificuldade em lidar com ela.
“Ganhar 2025” é profundamente voltado para dentro, parece mais virado para motivar a máquina do que para conquistar eleitores. Contudo, este slogan foi importante para Eduardo Oliveira virar a figura desta eleição, porque o nível de mobilização dos socialistas foi brutal, em cada publicação nas redes sociais multiplicaram-se os comentários e likes, fazendo com que surgisse na opinião pública a sensação de que a câmara podia mudar.
Este foi o principal erro estratégico de Eduardo Oliveira, instalar a ideia de que podia ganhar. Isso fez com que a Coligação acordasse e tivéssemos o maior número de votantes das últimas décadas em autárquicas e uma forte dinâmica de voto útil.
Para o PS ganhar teria de ter adormecido a coligação, favorecendo a inexistência de voto útil, soltando o voto e não fazendo com que um concelho maioritariamente à direita tivesse o receio de ver o PS a ganhar a câmara.
Este fator afetou também os resultados da minha Iniciativa Liberal. Quando no último debate na mensagem final, eu começo por dizer “o PS tem zero hipóteses de ganhar esta eleição” era já uma tentativa inglória de quem tinha percebido que o maior erro da campanha tinha ocorrido no fim de Agosto, quando partilhei um estudo estatístico e fui muito atacado pela entourage do PS e sei que irritei bastante o candidato.
Curiosamente, quem olhar para o resultado e particularmente para o número de vereadores só pode concluir que eu estava certo, mas batia no principal argumento do PS para esta eleição, demonstrava que não tinham hipóteses de ganhar. O meu principal erro nesta campanha foi não ter publicado este estudo todos os dias.

O capítulo seguinte do PS foi uma ação de marketing fantástica, engalanar 2 avenidas com a cara de Eduardo Oliveira, fazendo parecer que Famalicão era uma ditadura comunista, com um culto ao líder desmesurado. Ridicularizei a situação, mas não percebi que era um erro. O PS acabara de ativar toda a força da Coligação e isso seria letal para eles e também para bloquear o crescimento da IL.
Este aspeto foi bem visível quando a Coligação decidiu fazer uma mega arruada seguida de um sunset, o nível de mobilização fez-me perceber que não haveria mudança. Algo que muitos só perceberam na noite eleitoral, sendo este grande mérito da campanha socialista, dar a ilusão de que podiam chegar lá.
RESULTADOS DA INICIATIVA LIBERAL
Entramos nesta eleição com o objetivo claro de entrar para a Assembleia Municipal, algo que ficou a apenas 10 votos em 2021. Este objetivo foi conseguido, mais ainda longe de eleger o 2º deputado municipal, que era também objetivo.
Existia também a ambição (diferente de objetivo), de eleger um vereador liberal, algo a que atribui apenas 2% de hipóteses quando decidi concorrer (com o apoio unanime dos liberais famalicenses). Sabia que era ingrato o esforço que me esperava, que ia trabalhar com poucas hipóteses de eleição, mas era algo que sentia que devia a quem em 2021 tanto trabalhou e ficou a apenas 10 votos de entrar na Assembleia Municipal.
Nas freguesias, perdemos representação em Antas e Abade de Vermoim e ainda não nos conseguimos afirmar na maior U.F. do concelho, assumo completamente a responsabilidade por isso. Tivemos a melhor votação em Joane, onde devo um especial agradecimento ao Plácido Dias e toda a sua equipa, o resultado ficou aquém do que esperávamos, mas fomos determinantes para acabar com um movimento “pseudo” independente e iremos ter 4 anos para colocar as nossas ideias na agenda.
Uma palavra especial para o Ângelo Ferreira e para a equipa de Lemenhe, Mouquim e Jesufrei. Ninguém trabalhou mais que eles e provaram que é possível a IL ter mais de 20% numa freguesia, faltaram apenas 10 votos para sermos o fiel da balança.

Sei que há quem diga que andamos todos à procura de tacho, mas com certeza é quem não sabe das horas investidas sem nunca receber um cêntimo, noites e fins-de-semana em que se sai de casa a ouvir a filha perguntar “pai, vais pro Liberal?”…
O que me fez correr foi lutar por aquilo em que acredito, neste caso o objetivo de Construir Vila Nova, uma Vila Nova de Oportunidades, com uma câmara mais eficiente, menos impostos e o desígnio de tornar Famalicão um campeão nacional ao nível da Educação.
Por isto mesmo, às muitas mensagens de desagrado que recebi de gente ligada a PS e PSD, só tenho a dizer que não devo nada nem a um nem a outro e pouco me importa quem acham que sai beneficiado com aquilo que escrevo ou digo.
Aos meus colegas de partido tenho a dizer que a dívida de 2021 está saldada, será um orgulho ver o Miguel Fidalgo defender as nossas ideias na Assembleia Municipal. Um jovem a quem não hesitei dar a oportunidade de ser deputado municipal e que a mereceu completamente em campanha, fazendo claramente subir o nível dela.
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