Bem, confesso que não percebo.
Mas agora querem convocar uma greve geral, indignados, revoltados, ofendidos com as medidas do governo?
Pergunto, esperavam o quê?
Votaram num partido elitista, cheio de economistas, patrões de colarinho branco e ministros que nunca apanharam o autocarro das 7h para o trabalho.
Ouvimos falar de cortes na saúde mas a palavra é “eficiência”.
Querem ver que afinal não gostam, logo agora, quando o bolso aperta e o país geme, batem no peito e clamam por justiça social. A sério?
O voto tem memória curta e consciência seletiva.
No dia das eleições, acreditaram que o discurso do PSD- CDS era o remédio milagroso, que o país precisava de “credibilidade”, palavra bonita para dizer cortes e contenção.
Vi a aplaudirem, mas agora que a conta chegou, ninguém quer pagar.
Mas calma, mais perto, aqui em Famalicão, a história repete-se. Pagamos impostos e taxas com preços exagerados, vemos terrenos e casas a subir como se estivéssemos em Lisboa, e os serviços públicos continuam a falhar o básico. Ainda assim, aqui, a maioria volta a dar o voto de confiança a quem trata o concelho como um negócio.
Pois bem, temos de olhar às consequências do negócio, é o que temos: pagamos como clientes, mas somos tratados como figurantes.
Não estou, nem posso estar, do lado dos que agora se queixam, porque no fim de contas, foi o povo que escolheu, não fui eu.
O povo “falou” e escolheu a elite para governar o país e mandar no concelho. Escolheu o brilho do Porche do patrão e do Brilho dos Ferraris, em vez da substância das ideias.
Agora que escolheram, têm de aguentar as consequências, como o luto gestacional retirado ou a semana de 50 horas.
Por isso, sim, convoquem greves, façam barulho, protestem, é um direito.
Mas não se escondam das evidências e das consequências que o vosso voto veio e irá causar.
A verdade é simples, cada voto tem consequências, e as escolhas têm preço.
Agora, depois de tudo isto… esperavam o quê?
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