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Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 28 Março 2024
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

O planeta, a “raspadinha do património”, o andebol e a candidatura de António Oliveira em Gaia

O colunista Carlos Folhadela Simões escreve sobre quatro temas distintos, mas plenos de atualidade: as alterações climáticas, a "raspadinha do património", a vitória épica do andebol português sobre a França e o tratamento dado pela imprensa e, finalmente, a escolha de Rui Rio de um homem do futebol para candidato do PSD à Câmara Municipal de Gaia.

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Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Famalicão

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Nas instalações do centro social.

1. Comemorou-se sábado, 27 de março, o Dia do Planeta. A “Hora pela Terra”, celebrada entre as 20h00 e as 21h30, promovida pela WWF – World Wide Fund for Nature – uma organização não governamental cuja ação se centra nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, chamou mais uma vez à atenção para um dos temas candentes deste vigésimo primeiro século: as alterações climáticas.

Numa altura em que os EUA voltaram oficialmente ao Acordo de Paris, decisão simbolicamente tomada por Joe Biden no primeiro dia do seu mandato, estas repetidas chamadas de atenção para um problema que nos devia inquietar a todos, devem continuar a merecer destaque e visibilidade.

Os fenómenos meteorológicos exacerbados sucedem-se: cheias na Austrália – precipitação extremamente intensa bateu valores recordes; 18 000 desalojados; a barragem que serve de reservatório para abastecer Sydney de água potável, transbordou. Na Islândia o vulcão Fagrsdalsfjall inativo há 800 anos, entrou em erupção.

Por cá, país de brandos costumes, continua em aprovação um empreendimento no vale do Jamor, em Oeiras, com a designação de Porto Cruz. As zonas costeiras são aquelas onde se refletem de forma mais pronunciada os efeitos das alterações climáticas. A consulta pública do projeto terminou a 22 de março. Desconheço o resultado final. Mas, a ser aprovado será uma verdadeira cruz para as gerações vindouras. O termo “ecocídio” integra o léxico com atual premência.

2. Comemora-se hoje, 28 de março, o Dia Nacional dos Centro Históricos. Várias são as cidades que possuem um centro histórico com imponência, tradição e em que se sente o “peso” dos tempos. Não é o caso da cidade de Famalicão, cujo centro histórico se resume à Rua Direita. Nos idos anos do final do século XIX era esta a única rua da então vila e por onde passavam, forçosamente, todos quantos pretendessem rumar a Braga ou ao Porto. Ligava à época a antiga Praça da Mota (zona sul da atual Praça 9 de abril) e estendia-se até à capela da Lapa.

O que é facto é que é o único arruamento que mantém ainda similitudes com o então existente. Foi aí, na ainda existente Casa do Brasão, que em 1852, pernoitou a comitiva real: os futuros reis, D. Pedro V e D. Luís I e os respetivos progenitores, o rei-consorte D. Fernando e a rainha D. Maria II.

O centro histórico de uma cidade é, regra geral, a área mais antiga. É aí que estará edificado o património cultural que de forma inquestionável terá a propensão para atrair turistas e habitantes, sendo muitas das vezes sentido como foco polarizador da economia e do pulsar da urbe.

A preservação destes espaços privilegiados e maioritariamente com alguma notoriedade requerem, para se manterem a preceito, investimento, manutenção e conservação. Para fazer face a estas avultadas despesas, lembrou-se o Estado de concessionar à Santa Casa da Misericórdia mais um jogo de azar, ao lançar a “raspadinha do património”, prevista no orçamento de estado para 2021.

O Fundo de Salvaguarda do Património Cultural será a entidade recetora dos seus resultados líquidos. Não fosse a elevada percentagem de portugueses a canalizar o que têm e muitas das vezes o que não têm para esta ilusão de rendimento fácil, e talvez até fosse uma ideia com algum rasgo.

Os últimos dados apontam para 30% da população a gastar, em média, cerca de 450€/ano nas raspadinhas. A preservação do património sustentada na exploração de um comportamento aditivo, sobretudo dos mais desfavorecidos, talvez fosse de repensar. Mas até lá, aguarda-se que veja a luz do dia no próximo 18 de maio, pois o lançamento está previsto para o Dia Internacional dos Museus.

3. Portugal conseguiu um feito inédito para o desporto nacional. A qualificação para uma olimpíada de uma modalidade coletiva num desporto de pavilhão.

Montpellier, 14 de março de 2021. 2ª parte do França-Portugal, em andebol: 59:00 minutos, Gustavo Capdeville, guarda-redes luso, defende ataque gaulês. 59:17, Rui Silva com um passe picado isola Iturriza nos 7 metros, que finaliza. Portugal empata a 28. 59:49, Rui Silva, interceta um passe e galga os cerca de 25 metros que o separam da baliza gaulesa. 59:55, os portugueses passam para a frente. 29-28! O capitão português festeja enquanto retoma a posição defensiva. Levanta o olhar para o marcador. Os franceses ainda rematam, mas, já em cima do apito final. Os “Heróis do Mar” estão nos Jogos Olímpicos!

Este final de jogo, verdadeiramente emocionante, comparável ao emotivo relato do comentador televisivo da Sport TV brasileira, na primeira vitória de Miguel Oliveira, em moto GP, pode e deve ser revisto, de preferência no sítio da IHF (International Handball Federation).

Aguardei expectante os jornais do dia seguinte. Esperava foto de capa. Manchete sonante. Mas qual quê! Se nos generalistas seria de esperar uma referência sem grandes parangonas, já os desportivos deveriam cumprir a sua função.

CM, DN e I nem uma referência. Público, uma nota, sem foto. JN, pequena foto mas grande destaque para uma acrobacia de F Conceição no festejo de uma “épica”(?!) vitória do FCP sobre o FCPF. Decisões editoriais que se respeitam.

Nos desportivos, O Jogo cumpriu a sua missão. 1ª página, maior foto, destaque adequado. Dava no olho. A Bola e o Record, censurável. O primeiro realça um “hat trick” de CR7, ao Cagliari, 18º da séria A do campeonato transalpino. Um feito! O segundo assinala outra proeza. Tomás Tavares, avançado do SCP, corre muito rápido nos treinos. Cansa só de ver, escreviam!

A relevância relativa destes factos, creio nem poder, nem dever ser estabelecida. Mas futebol, é futebol! Continuamos a querer ser provincianos.

4. E como futebol é futebol, surpresa no candidato do PSD a Gaia, António Oliveira. Investidor, licenciado em Direito, colecionador de arte, empresário. Mas para a grande maioria continua a ser o Oliveira do FCP. Para outros, o do Sporting. O selecionador. Em suma, Oliveira e futebol confundem-se. Naturalmente. Quer pela carreira quer pelos êxitos como timoneiro da seleção. Foi com ele que retomámos as grandes competições com o apuramento, volvidos 10 anos, para o Euro 96, onde fomos eliminados nos quartos, pelo “chapéu” do checo Karel Poborsky.

Mas a surpresa reside na sua escolha. Rui Rio prescindiu de uma das suas bandeiras, de uma das suas imagens de marca, a rejeição ou como está em voga dizer-se, o distanciamento da política ao mundo do futebol. A proximidade, promíscua ou não, populista ou não, dá votos. No presente caso, acredito na escolha baseada na personalidade em detrimento da busca fácil de votos.

Oliveira, afirmou em 2019: “Não auguro nada de bom, se a política continuar a apoiar-se no futebol, depois não digam que não avisei. Estão a futebolizar a política.” Acredito que não será essa a via que irá trilhar.

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Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.
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