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Sexta-feira, 3 Maio 2024
José Carvalho
José Carvalho é famalicense, nasceu em 1972, e exerce a profissão Controller de Gestão. Os seus passatempos preferidos são a jardinagem e caminhadas.

Está na hora de assumi-lo: Famalicão não é um concelho bonito

Apesar de tudo, ainda temos muitos recantos bonitos, que merecem ser conhecidos e preservados.

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“Quem nos dera que fosse o caos. É a desolação.”
Joel Neto – em artigo no Expresso

Assumo, copiei o título de um artigo de opinião do Joel Neto de Agosto do ano passado publicado no Expresso. Mas se há território que consegue fazer a síntese desta ideia é o vale do Ave e Famalicão ambiciona chegar ao primeiro lugar do pódio deste conjunto de concelhos. A Trofa começa a temer a perda do seu lugar cimeiro.

Esta é uma casa desarrumada. Em cada esquina um pavilhão industrial, em cada logradouro um barraco. Os fios telefónicos pendurados em qualquer lugar, que se cruzaram com os cabos elétricos e postes de alta e média tensão em cada canto. As pedreiras que destroem os montes junto à Portela ou os aterros e desaterros em qualquer lugar.

Não se consegue ter uma ideia do sítio onde estamos. Se é zona industrial, tem casas. Se é zona residencial, tem fábricas. Se é uma floresta tem lixo. Se tem lixo é um ecoponto. Se é estrada, tem buracos. Se é um buraco é mais uma operação urbanística. Se é mais uma operação urbanística tem hipermercado. Se tem hipermercado está junto à estrada nacional. Se é estrada nacional está entupida com carros. Se tem carros estão estacionados no passeio. Se os carros estão estacionados nos passeios a Polícia Municipal, a PSP e a GNR não querem saber.

Para que as próximas gerações não fiquem com um concelho desqualificado, que desprestígia o nosso passado, a nossa história, que desvaloriza o nosso património coletivo e pessoal, são necessárias a tomada de consciência e uma mudança profunda nas políticas de planeamento e ordenamento do concelho.

Quando pensamos ter batido no fundo… afinal não. Conseguimos ir muito mais além. Nasce um armazém (CITEVE) na Devesa, 80 hectares de painéis fotovoltaicos em áreas florestal, arrasamos os cabeços dos montes em Jesufrei, destruímos todo um ecossistema em Cabeçudos para construir um eco-excremento, ameaçamos construir mais um supermercado no único espaço livre junto ao hospital e empedramos o centro da cidade.

Neste bolo, cheio de cerejas no seu topo, aqui vai mais uma: na entrada norte da cidade, junto ao Tribunal está a nascer mais um hipermercado. Que espaço tão edificante para um hipermercado, mesmo juntinho ao Palácio da Justiça de Famalicão. Isto sim!, é construir cidade.

Mas será por ignorância, que tal decisão foi tomada? Pasmem-se. Não foi.

Há pouco mais de um ano, com as obras já no terreno, houve uma consulta à população, a chamada discussão pública. Um dos pedidos repetidos para a parcela onde estão a construir o novo hipermercado foi a sua alteração para área habitacional.

O Município, sensível à pertinência do pedido, aceitou alterar a dita parcela para uso misto: habitação e comércio. O que (quase) todos concluíram é que naquele espaço deixaríamos de ter a dita grande superfície para ter uma oferta de lojas de comércio tradicional ou serviços (cafés, restaurantes…). Não! O hipermercado nasceu na mesma.

Provavelmente vão nascer em Famalicão dois novos conceitos: os blocos de apartamentos com um estádio no seu interior e um hipermercado com blocos de apartamentos no seu exterior.

Qual dos dois o mais feio.

Enquanto escrevo estas linhas as nossas florestas sofrem cortes rasos, deixando os montes carecas. Acontece em Lousado, Esmeriz, Telhado…  para alimentar as indústrias de pellets, que vão aquecer a casa de paragens mais frias que as nossas, ou a industrial de pasta de papel. Nessas terras continuarão a crescer eucaliptos e mimosas, espécies invasoras que são o melhor pasto para os incêndios.

Apesar de tudo, ainda temos muitos recantos bonitos, que merecem ser conhecidos e preservados. Para que as próximas gerações não fiquem com um concelho desqualificado, que desprestígia o nosso passado, a nossa história, que desvaloriza o nosso património coletivo e pessoal, são necessárias a tomada de consciência e uma mudança profunda nas políticas de planeamento e ordenamento do concelho.

 

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