Unidade de Execução 2 da UOPG 1.1 – Área Norte da Cidade (União de Freguesias de Vila Nova de Famalicão e Calendário), um nome pomposo para dizer: a Câmara Municipal vai licenciar a construção de um hipermercado, um restaurante de fast food, e habitação.
Sob o artifício do “vamos criar estacionamento para o hospital”, sai da cartola – qual mágico de circo – uma daquelas promoções 3 em 1. A arte do marketing é muito interessante, existem técnicas que nem imaginamos, e quando percebemos já não há volta a dar – afinal aquele 3 em 1 saiu muito mais caro que o previsto.
No último mês lançou-se uma discussão pública, promoveu-se uma sessão de esclarecimentos e realizou-se uma visita ao local para se perceber o impacto de tal projeto. Que o ambiente não interessa a este executivo, já sabemos. Mas então e as pessoas? Onde está o interesse das pessoas salvaguardado?
Na opinião de muitos, na qual me incluo, esta unidade de execução não apresenta qualquer benefício significativo para o concelho de Famalicão, e muito menos para quem habita naquela zona, basta pensarmos que irão passar de um ambiente minimamente calmo para cenários de filas intermináveis, ruído, poluição, com o aumento do congestionamento automóvel, a pressão urbanística, a redução de espaços verdes, passíveis de serem aproveitados para zonas de lazer.
Alguém referiu, e bem, a possível criação de habitação para os profissionais de saúde deslocados, ou até para os estudantes de medicina. Ao que acrescento, e porque não a criação de habitação pública? Considerando as metas a cumprir no âmbito de oferta de habitação pública e/ou a preços controlados, seria fundamental esta questão presente nas decisões do executivo, aquando do deferimento de tais projetos, evitando termos famalicenses de primeira e famalicenses de segunda, que pela sua condição económica são remetidos para a periferia da cidade. O perpetuar da criação de bairros exclusivos e delimitados pela condição financeira ou status social contraria os mais básicos princípios da nossa Constituição.
A motivação desta unidade de execução não é melhorar a acessibilidade ao hospital, é dar carta branca à construção desenfreada sem qualquer plano a médio prazo. Uma vez mais, estamos perante um grave erro de decisão política, assente numa ideologia fechada e ultrapassada que não responde aos desafios climáticos, que penhora a sustentabilidade e equilíbrio que se exige a um concelho do século XXI, e que deixa de fora as respostas sociais em matéria de habitação.
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