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Quarta-feira, 30 Abril 2025
Sandra Pimenta
Sandra Pimenta
Licenciada em Direito. Mestranda em Direito Administrativo. É ativista e membro ativo do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN)

Entre marido e mulher não se mete a colher

Temos de “meter a colher” em todas as formas de discriminações, nos contextos de violência doméstica, nas ofensas, e deixar de “meter a colher” na vida privada e pessoal e íntima das pessoas.

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Sandra Pimenta
Sandra Pimenta
Licenciada em Direito. Mestranda em Direito Administrativo. É ativista e membro ativo do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN)

Famalicão

Quantas de nós crescemos a ouvir esta expressão: “Entre marido e mulher não se mete a colher” –, onde a ideia associada se ligava, quase sempre, aos problemas do foro íntimo do casal.

Contudo, hoje é o dia, infelizmente, em que ainda se continua a “não meter a colher”.

Não “se mete a colher” quando 32.000 pessoas partilham um vídeo de três rapazes, em contexto sexual, com uma jovem mulher.

Não “se mete a colher” quando mais de 70.000 homens partilham imagens não consentidas de mulheres, algumas até as próprias esposas.

Não “se mete a colher” quando chegam 30 mil queixas, no contexto de violência doméstica, às autoridades e se assistem às dezenas de mortes ano após ano.

Mas não devíamos? Não devíamos todas e todos estar a “meter a colher”? Defendo que sim.

Curiosamente, ou não, hoje é o dia em que se continua a “meter a colher” em decisões que dizem única e exclusivamente respeito a escolhas pessoais, que afetam única e exclusivamente a própria pessoa, a sua vida, os seus sentimentos.

Hoje é o dia em que os marialvas deste país querem “meter a colher” sobre a decisão de ser ou não mãe, proferindo acusações, insultos àquelas mulheres que escolhem a interrupção voluntária da gravidez. Mas fecham os olhos às violações, às explorações sexuais, e às que vivem em vãos de escada, tentando sobreviver.

Hoje é o dia em que a sociedade fechada, retrógrada “mete a colher” e aponta dedos, e ofende, e discrimina porque duas pessoas do mesmo sexo decidem dar a mão, e casar, e serem felizes. Mas fecham os olhos às atitudes e comportamentos que continuam a “coisificar” a mulher, a desvalorizar o seu trabalho e as suas opiniões.

Hoje é o dia em que “se mete a colher” na forma e na dignidade como cada uma e cada um de nós quer ter, na hora da sua morte. Mas fecham os olhos à dor e sofrimento da pessoa. Daquela pessoa que de forma livre e consciente entende que a sua, e só sua, vida e condição clínica não é, nem pode ser digna.

Por isso, temos de “meter a colher” em todas as formas de discriminações, nos contextos de violência doméstica, nas ofensas, e deixar de “meter a colher” na vida privada e pessoal e íntima das pessoas.

 

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