“O fascismo começa com os malucos,
é conquistado graças aos canalhas e mantém-se por causa dos morcões.”
Frase atribuída a Henry de MONTHERLANT
Estou a escrever ao Pai Natal. Na minha lista, peço o programa autárquico do Chega (daqui para a frente designado por C*), pois até agora: nada. É certo que já fui presenteado, pelo C*, com um candidato simpático, de bons modos e amigo dos imigrantes (os bengalis ficam de fora). A sua única mácula é ser amigo daquele senhor beijoqueiro, com uma “visão utilitarista” das mulheres e preocupado com que as pessoas se sintam bem na sua terra, o deputado Filipe Melo. Mas isto é como os tapetes Persas, tem de ter algum defeito, para não afrontar Alá… que tem o monopólio da perfeição.
Mesmo assim, falta saber ao que vem, é que o Sr. do C* foi eleito vereador e isso faz ao caso.
Estou ainda a digerir os resultados eleitorais. Confesso, a coisa caiu pesada no estômago. Mas é assim a democracia, temos de aceitar que este não foi o momento. Não serve de consolo saber que, ao nível local, o poder tende a perpetuar-se. Mesmo sabendo que os políticos e as fraldas devem ser mudados com frequência e pelo mesmo motivo (a frase não é minha).
A coligação venceu, o PSD e o CDS – aquele partido que já não consegue andar sozinho. Mas como se diz em linguagem de gestão moderna, o seu candidato a Presidente não acrescentou valor. Mário Passos, na sua primeira eleição, perdeu face aos resultados do seu antecessor e nesta, embora com mais votos em termos absolutos, percentualmente continua em perda. Assim, ofereceu ao C* um vereador e, há dias, ofereceu também a presidência da Assembleia da Junta da União de Freguesia Famalicão – Calendário. Que amigos que eles são.
Lá dentro, no PSD, eles sabem disso. Sofia marcou posição, mas enganou-se na pista e foi parar ao Parlamento. Quem nunca… Judas vendeu-se por menos, e foi para entregar o filho de Deus aos Romanos.
Quanto ao PS, não chegou lá. Parece-me que vão ter de mudar “alguma” coisa. Eu cá diria que a próxima janela de oportunidade é dentro de 8 anos. Nas próximas eleições, já percebi, será preciso um terramoto escala 9 de Richter, com tsunami de bónus, para mudar alguma coisa. Infelizmente, isso não vai acontecer.
Por isso, seguindo o padrão, o próximo vortex é dentro de 8 anos, com a mudança de turno. Convinha ao PS aproveitar bem esse tempo para construir uma nova equipa (não vai dar para justificar 3 derrotas), apresentar propostas, trabalho, ganhar notoriedade e, sobretudo, fazer oposição. Pela frente, vão encontrar uma oleada máquina de propaganda e uma comunicação social frágil e economicamente dependente dos apoios do município.
No campeonato dos pequenos partidos, o IL lá conseguiu, a custo, um deputado municipal. A CDU manteve a sua deputada e o PAN ficou de fora, mais uma vez. Quanto ao ADN, prefiro não comentar. Mantendo o registo, vai ser difícil termos novas dinâmicas e propostas “fora da caixa”. Afunilamos o voto nos dois partidos de poder e, com isso, condicionamos o surgimento de propostas inovadoras e o questionamento do modelo vigente.
É pena, quanto mais diverso é o ecossistema eleitoral, mais rico é o debate e com mais oportunidades para termos pessoas novas, dando mais espaço à participação cidadã.
Mas o fim do mundo não é daqui a 3 dias. Assim, não há desculpas para resignar e abdicar de trabalhar para “deixar o mundo um pouco melhor”. Na esperança de que esta boa intenção não nos leve ao inferno.
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