Francisco

O Papa inovou a linguagem da igreja.

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O mês de abril de 2025 ficará para a história como o mês em que faleceu Jorge Mário Bergoglio, o cardeal argentino feito Papa em março de 2013. Após um longo e angustiante período hospitalizado com uma pneumonia bilateral, um acidente vascular cerebral (AVC) provocou uma insuficiência cardíaca irreversível causando a morte de Francisco.

O jesuíta, primeiro Pontífice latino americano e o primeiro não europeu desde 754, teve um papel fulcral na condução dos destinos da Igreja, esforçando-se por limitar o poder da ala conservadora, dedicando-se a relembrar incessantemente a pobreza e os pobres, a exclusão, a economia, o meio ambiente, a paz, a liberdade, a solidariedade, a fraternidade, a velhice, as desigualdades sociais e temas fraturantes, como a homossexualidade, a pena de morte, a eutanásia e o aborto. Poderia ser o Papa dos Excluídos, o Papa da Ecologia ou o Papa da Juventude.

Francisco, em honra de S. Francisco de Assis, fundador da ordem dos franciscanos, devota à pobreza, como refere na encíclica LAUDATO SI : ”(…) Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento da minha eleição para Bispo de Roma. Acho que Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade. (…)”. E foi esta inspiração que o guindou para um pontificado marcante.

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O Papa inovou a linguagem da igreja.

Corporizou valores, humanismo, respeito pela diferença e integração. No entanto, muitas das vezes foi polémico (“todo o feminismo acaba por ser um machismo com saias”). Não foi uma personagem consensual (nunca visitou Espanha). Pôs inúmeras vezes o dedo na ferida (“não se pode tornar a coronha de Putin” a propósito de Patriarca Kirill, patriarca da Igreja Ortodoxa Russa e o seu apoio à invasão da Ucrânia). Esteve sempre atento ao que se passava no mundo. Foi um Homem de palavras, mas sobretudo de ação. Relembremo-nos das suas primeiras ações: apresentou-se pela primeira vez na janela da Praça de S. Pedro despejado de toda a sumptuosidade pontifícia, da sua primeira viagem ter sido a Lampedusa, num sinal claro de afeto, respeito e preocupação com os migrantes e que culminaram com os recentes telefonemas diários para Gaza.

Todos, todos, todos. As três palavras que ficaram e ficarão para o mundo a partir de Lisboa.

Em 2023, nas XXXVIII Jornadas Mundiais da Juventude, o Papa Francisco sintetizou de forma singela, bela e despudorada, o seu sentido de inclusão já anteriormente expresso e vertido na encíclica Fratelli Tutti, dedicada à” fraternidade e à amizade social”.

Após a sua morte todos o aclamam e elogiam o seu papado

A instrumentalização do seu legado é obscena e deplorável. Trump, Putin e Ventura poderão ser exemplos paradigmáticos.

O caminho e o percurso que traçou acredito serem irreversíveis.

O Conclave terá a última palavra!

Quando abril pode ser em maio…

De forma surpreendente o governo decidiu adiar as comemorações do 25 de abril por respeito ao luto nacional, por ele mesmo decretado.

Não se pode, nem se deve adiar a comemoração dos 50 anos das primeiras eleições livres.

O respeito pelo luto decretado terá sido a razão. À semelhança de outros países tudo poderia ter sido conciliado. Espanha cumpriu o nojo de terça a quinta. O Vaticano iniciou-o no sábado, dia do funeral. Itália, com cinco dias de luto, de terça a sábado, não se coibiu de comemorar, na sexta-feira, 25 abril, o 80º aniversário do Dia da Libertação do Fascismo.

Porquê de 24 a 26 em Portugal? Terá dado jeito por questões de agenda. Mas é triste e estranho que se adie a celebração da liberdade no cinquentenário do voto e das primeiras eleições com a total participação do eleitorado feminino. Ao invés, deveria ter recomendado sobriedade, parcimónia e o recato que a circunstância a todos impunha.

A 18 de maio teremos mais umas eleições legislativas. Estas com origem na dissolução do parlamento, após a rejeição de uma moção de confiança apresentada pelo governo, suportada a montante por uma embrulhada pessoal do primeiro-ministro (PM) com matriz na empresa Spimnunviva.

O eleitorado irá, também, pronunciar-se sobre a legitimação da postura dúbia, em termos éticos e morais do PM. Fosse ele ministro, teria chegado tão longe ou teria sido demitido quase de imediato? Será também esta postura a “montenegrização”?

Com a manutenção do atual sistema eleitoral, no distrito de Braga, há 12 partidos, dos 16 inscritos no boletim de voto, cujos votos para nada servirão.

AD-PSD/CDS, PS, Chega e IL deverão dividir entre eles os futuros ocupantes das 19 cadeiras destinadas ao distrito de Braga na composição da futura Assembleia da República.

A diferença de cerca de 12, 20 e 22 mil votos do Bloco, Livre e CDU para a IL, último partido a eleger, deverão ser difíceis de anular. Tenhamos em atenção que o BE ficou a cerca de 2000 votos do que foi necessário para eleger o último deputado. Poderá Francisco Louçã ser o input de que o BE carece?

No distrito, em 2024, foram 72 079 os votos que não contaram para nada, 12,95% dos votos expressos. Quando irá alguém preocupar-se com este estado de coisas, reformar o sistema eleitoral e dar incentivo a todas estas vozes perdidas a nível nacional, provocando um efeito motivador para a participação?

A Casa da Memória Viva (CMV), voltou a presentear os Famalicenses com dois eventos dignos de registo, quer pela qualidade, quer pela singularidade.

O mais recente, ocorrido no passado sábado, 26 de abril e que teve como palco a Fundação Cupertino de Miranda, traduziu-se num evento inusitado em terras famalicenses, feito por famalicenses para famalicenses. A conferência “Famalicão Cidade Aberta”, foi puro espaço de cidadania e de intervenção cívica. A ele voltarei futuramente.

Já no pretérito dia 4 deste mês, a CMV tinha inaugurado a exposição fotográfica ‘Agosto de 1975 – Famalicão no mapa da Revolução’, da autoria do fotojornalista António Pereira de Sousa, que está patente no Museu Bernardino Machado, até 4 de maio.

São 50 fotos que marcam a história de Famalicão e que mostram os acontecimentos que na primeira semana de agosto de 1975 ocorreram na nossa terra, num período que na história do país ficou conhecido como “verão quente”. A visitar!

Para a posteridade, fica ainda uma serigrafia alusiva ao 50.º aniversário destes acontecimentos, da autoria do artista plástico Acácio de Carvalho.

No dia da Liberdade, Artur Sá da Costa apresentou o livro “Memórias de Uma Revolução Popular”. A obra recolhe 50 depoimentos de famalicenses que recordam o que viveram e sentiram há 50 anos. Mais um contributo para a história do município e um importante registo para memória futura.

 

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