Cada vez mais, os nossos animais de estimação são vistos como membros da família. Em alguns casos e para algumas pessoas, o animal de estimação chega a ser a única companhia de vida diária e desenvolvem com eles laços afetivos muito fortes.
Independentemente da fase de vida em que se adota um animal, há que entender que, tal como a nossa vida, também a dele é constituída por diferentes ciclos e é papel do tutor honrar cada um destes ciclos, até ao último.
Naturalmente, com o passar dos anos e o avançar da idade, mas também em algumas situações mais súbitas e inesperadas, os nossos animais podem passar pela doença. Infelizmente, e tal como na medicina humana, existem muitas doenças para as quais ainda não existe uma cura ou tratamento disponível e, é nestas alturas, quando o veterinário apresenta um diagnóstico de alguma destas doenças, que o procedimento da eutanásia é equacionado.
Todavia, a eutanásia não dever ser vista como uma solução para o nosso desconforto, enquanto tutores, diante da dor ou da impotência. Como tal, a decisão pela mesma deve ser sempre discutida entre o tutor e o veterinário. Ainda assim, o foco deve ser sempre a qualidade de vida, o conforto e o respeito pela vida do nosso animal, e nem sempre a eutanásia é a única opção.
Às vezes, mesmo diante de diagnósticos muito graves, existem alternativas, tratamentos e/ou medicações que podemos optar ou ter em consideração. Não se trata de resolver o problema, mas sim de respeitar a vida. Contudo, é bem sabido que o fator económico é muitas vezes decisivo.
Quando olhamos para esta balança, onde vemos representadas as opções da eutanásia ou dos cuidados paliativos, estes últimos representam um maior peso na despesa mensal das famílias. A pergunta que se coloca é: devemos, por isso, abrir mão do cuidado quando ainda há possibilidade de conforto e presença?! Na minha opinião, não.
Como tal, continua a ser necessário tornar os cuidados médico veterinários mais acessíveis a todos, seja por via da descida do IVA, seja garantido uma rede pública de serviços veterinários.
É certo que, quando não restam dúvidas, conjuntamente com o tutor, é também papel do veterinário honrar este ciclo final do animal. Quando nos deparamos com um resto de vida em sofrimento constante, incurável e angustiante, a eutanásia surge como um gesto de altruísmo. O luto existirá sempre a seguir, mas com a certeza de que a vida daquele animal foi honrada até ao fim.
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