4.8 C
Vila Nova de Famalicão
Terça-feira, 10 Dezembro 2024
Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

O Natal não é para todos

Precisamos ser verdadeiramente solidários em vez de mostrar ao mundo fotos da nossa generosidade.

2 min de leitura
- Publicidade -
Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.

Famalicão

O Natal será sempre uma época do ano muito especial, rodeada de magia, união e propícia à intensidade de sentimentos. O Natal é cuidarmos das almas uns dos outros, mas nem sempre isso é possível.

Hoje o Natal é, na verdade, uma cultura do consumo. Uma data para vender coisas, na sua grande maioria, supérfluas. Existe uma propaganda agressiva na televisão que provoca uma azáfama aos centros comerciais, com lojas aborratadas de gente com uma lista enorme de compras. Nem a trágica pandemia da covid-19 mudou este consumismo desenfreado.

Recordo o Natal da minha infância, como a festa da família, o cheiro do fogão a lenha, as rabanadas e aletria feitas pela minha avó. Porque o Natal teria de ser sempre na casa dos avós era importante manter essa tradição não faria sentido ser de outra forma!

Mas pensaremos naqueles sem endereço fixo para mandar uma carta ao Pai Natal. Naqueles mais desprotegidos pela sociedade… Neste período de fragilidade, associado a sentimentos de desesperança, inutilidade, a família e a casa adquirem um papel particularmente importante.

Mas o que leva um filho abandonar um pai numa noite de Natal? Todos os anos questiono-me, mas já desisti de encontrar respostas. E este ano, mais do que nunca, assisto filhos que abandonam os seus próprios pais, especialmente na noite de Natal. Para muitos idosos, nós, equipa de serviço de apoio domiciliário, seremos os rostos com que podem contar. E apesar do trauma associado ao abandono, é incrível como o amor parental prevalece desculpabilizando qualquer ato de cobardia.

O que podemos fazer então para celebrar o Natal? É ser verdadeiramente solidário com os mais necessitados e, seguindo os ensinamentos de Cristo, respeitar e amar uns aos outros.

E para quê esperar pelo Natal para que isso aconteça? Não precisamos de mostrar ao mundo fotos da nossa generosidade. Precisamos sim de refletir a lição de Antoine Saint Exupéry, no Principezinho: “O essencial é invisível aos olhos”.

Um Feliz Natal para todos!

Comentários

Susana Dias
Susana Dias
Socióloga, mestre pela Universidade do Minho, pós-graduada em Gestão e Administração em Saúde e apaixonada pela geriatria. É diretora clínica da Oldcare Famalicão.