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Quinta-feira, 7 Agosto 2025

Por quem o sino dobra

De militante com a rosa ao peito passou a independente, e agora surge como figurante num palco montado pelo encenador-mor da coligação PSD/CDS: Mário Passos.

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Ecoando através dos séculos, os sinos foram a voz viva das comunidades — marcavam o compasso dos dias, choravam partidas, chamavam à fé e davam fundo sonoro às datas festivas.

Porém, em Joane, o sino dobra. Mas não dobra pelas suas gentes — dobra por promessas, por conveniências, por ambições pessoais. Dobram os sinos por quem parte, não por quem cá fica. Hoje, ouvimo-lo soar a rebate, num tom oco, como quem anuncia uma troca de favores mais do que uma verdadeira transição de liderança.

O “presidente” que agora desce do púlpito da Junta para subir (ou será descer?) na lista da Câmara Municipal, deixa atrás de si não um legado… mas uma sombra. Foi, durante anos, um presidente presente na ausência — sempre por perto, visível nas fotografias, mas ausente nas decisões.

De militante com a rosa ao peito passou a independente, e agora surge como figurante num palco montado pelo encenador-mor da coligação PSD/CDS: Mário Passos. Um verdadeiro Geppetto político, que manobra com mestria os fios dos seus pequenos bonecos de madeira.

Oliveira, outrora socialista de coração, entrega agora a alma política em troca de um lugarzinho na lista da Câmara Municipal. Diz-se, por aí, que se vendeu Joane. E não se vendeu caro — bastou um lugar onde os olhos raramente chegam e a promessa de umas luzes na ribalta concelhia. Trocar uma freguesia inteira por um camarote na política distrital… é obra. Ou será teatro?

E quem é o herdeiro? Cláudio Cadeia, o vice-presidente. Um nome que poderia ser sinónimo de continuidade — não fosse, antes, sinónimo de subserviência. Mais do que continuar um projecto, o vice incumbente parece dar seguimento a um enredo. Também ele começou com a rosa ao peito — socialista de berço, dizem — mas rapidamente trocou de cor por conveniência. Agora apresenta-se pelo movimento “Somos Todos Joane”, que mais parece “Somos Todos da Lista do Geppetto”.

Dizem que Cadeia é homem de convicções, mas, ao que tudo indica, são convicções adaptáveis. Afinal, o seu caminho segue o do mentor: começou no PS, virou independente e acabou… dependente.

O que nos resta, então? Uma Junta que se esvazia por dentro enquanto se enche de slogans. Uma freguesia transformada em trampolim político. E um povo que ouve o sino dobrar… mas não tem a quem rezar.

Porque, neste teatro de marionetas, os fios são puxados de fora. E enquanto Mário Passos ajeita os cordelinhos, António abana a cabeça e Cláudio sorri — não se sabe se por convicção ou por reflexo.

Afinal, em Joane, o sino não dobra por nós. Dobra por eles.

 

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