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Sexta-feira, 6 Junho 2025
Diogo Barros
Diogo Barros
Tem 23 anos, é formado em comércio e marketing digital, empresário na área da restauração, ativista social e ambiental, porta-voz da Humanamente e dirigente do Bloco de Esquerda.

Sampaio da Nóvoa: o candidato certo para unir a esquerda

Não basta dizer que se está contra a extrema-direita. É preciso agir com consequência e responsabilidade.

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Diogo Barros
Diogo Barros
Tem 23 anos, é formado em comércio e marketing digital, empresário na área da restauração, ativista social e ambiental, porta-voz da Humanamente e dirigente do Bloco de Esquerda.

Famalicão

Portugal vive tempos de grande instabilidade e incerteza política. Os pilares da nossa democracia estão a ser postos à prova por um clima de desinformação, por um discurso crescente de ódio, e por um progressivo afastamento da política por parte da população mais jovem e desiludida. Neste cenário, a esquerda tem uma responsabilidade histórica: a de não falhar novamente. O momento exige visão, humildade, e sobretudo, unidade.

A fragmentação das forças progressistas tem-nos vindo a custar caro. Ao longo dos últimos anos, as divergências entre partidos de esquerda e centro-esquerda resultaram não apenas em derrotas eleitorais, mas também em oportunidades perdidas para impedir o avanço das forças reacionárias e autoritárias. Continuar nesse caminho é suicidário. Não basta dizer que se está contra a extrema-direita. É preciso agir com consequência e responsabilidade.

É neste contexto que defendo, sem hesitação, que o professor Sampaio da Nóvoa é, neste momento, a figura ideal para liderar uma frente unitária à esquerda. Não o digo por emoção ou por nostalgia, mas por convicção fundamentada. Nóvoa representa a seriedade, o humanismo, e a capacidade de diálogo que são indispensáveis num momento como este.

É uma figura respeitada, com provas dadas no pensamento político e académico, que já mostrou disponibilidade para servir o país com elevação e sem ceder a pressões de aparelhos partidários.

A sua eventual candidatura deve ser mais do que um projeto pessoal. Deve nascer de um entendimento claro entre todas as forças da esquerda democrática, do PS ao Livre, do Bloco ao PCP, passando pelo PAN e o PEV, e até mesmo estabelecendo pontes com movimentos fora do espectro parlamentar, como o Volt Portugal. Claro que há diferenças entre estas forças. Mas pergunto: valerá mais insistir nas diferenças, ou concentrarmo-nos nas convergências, que neste momento são vitais?

Vemos na França um exemplo recente de unidade estratégica da esquerda para travar a ascensão do extremismo. É verdade que nem tudo correu bem nesse processo, mas há lições a retirar. A primeira delas é clara: sem unidade, o campo progressista está condenado à irrelevância. A segunda é que a unidade não se pode fazer à pressa, nem em cima das eleições. Precisa de ser construída com diálogo, com cedências, com abertura. Portugal tem agora uma oportunidade para o fazer com inteligência e tempo.

É urgente que o Partido Socialista compreenda o momento. Uma candidatura solitária, seja ela encabeçada por António Vitorino ou António José Seguro, não apenas corre o risco de não mobilizar, como poderá ser um desastre político. A derrota nas últimas legislativas, ficando atrás da AD e do Chega, deveria ter sido suficiente para provocar uma reflexão profunda. O PS precisa de compreender que o tempo dos monopólios eleitorais acabou. O eleitorado à esquerda está mais exigente, mais plural, e pede coerência e coragem.

À direita, o panorama também se revela perigoso. Marques Mendes, que surge como candidato do PSD, é uma figura previsível, com um discurso anacrónico, sem capacidade de gerar entusiasmo popular. Representa o passado de um partido que vive dividido e sem um projeto claro para o país. A sua eventual candidatura corre o sério risco de resultar num dos piores desempenhos de sempre do PSD em eleições presidenciais.

Mais inquietante ainda é o nome de Gouveia e Melo. A sua notoriedade, construída durante a gestão logística do processo de vacinação, não deve ser confundida com uma preparação adequada para exercer o cargo de Presidente da República. Trata-se de um militar com uma base de apoio que se encontra, na sua maioria, à direita e à extrema-direita. Num país onde a direita já detém maioria parlamentar e onde se ouvem vozes a pedir a revisão da Constituição, eleger um militar para Belém seria um passo extremamente arriscado. O poder civil deve manter-se bem afastado das forças armadas. O exemplo histórico de países onde essa fronteira se diluiu deveria servir-nos de aviso.

E, finalmente, não podemos ignorar a ameaça de André Ventura. O seu discurso populista, agressivo e desinformado está a conquistar terreno. Alimenta-se do descontentamento social, da desconfiança na política tradicional e do medo do “outro”. Se a esquerda não apresentar uma candidatura forte, sólida e agregadora, o cenário mais provável é uma segunda volta entre Ventura e Gouveia e Melo, uma verdadeira distopia democrática.

É por isso que uma candidatura liderada por Sampaio da Nóvoa, com o apoio alargado de toda a esquerda e centro-esquerda, pode ser não apenas uma solução, mas a única que verdadeiramente impede a normalização do extremismo. Esta candidatura deve ser construída com base num projeto claro: defesa dos direitos humanos, da Constituição, do Estado Social, da igualdade, da liberdade de imprensa e da justiça social. Um projeto que enfrente o futuro com ambição ecológica, digital e inclusiva.

Mesmo o PCP, tantas vezes resistente a frentes amplas, deve fazer uma reflexão profunda. O sectarismo pode ter a sua lógica interna, mas neste momento, o que está em causa é muito mais do que a afirmação de um partido. Está em causa a defesa da democracia pluralista, da liberdade, e dos direitos de quem trabalha. Manter-se à margem, insistindo numa estratégia isolada, poderá contribuir para a ascensão de um poder que negará tudo aquilo que o PCP diz defender.

A hora é de responsabilidade. O tempo não perdoará a falta de visão. O momento exige grandeza política, maturidade e compromisso com o bem comum. E Sampaio da Nóvoa, com a sua integridade, capacidade de diálogo e visão progressista, pode ser o rosto da candidatura que o país precisa para enfrentar os tempos sombrios que se anunciam.

 

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