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Vila Nova de Famalicão
Sábado, 12 Outubro 2024

“Temos muita gente em todas as freguesias”

Entrevista com Victor Meira de Sousa, candidato do CHEGA! à presidência da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

10 min de leitura
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Famalicão

O Chega está a concorrer pela primeira vez. Como está a ser recebida a sua candidatura e as dos candidatos às Assembleias de Freguesia?

A candidatura está a ser bem aceite. Aliás, o partido a nível nacional já está como terceira força política. O trabalho tem sido desenvolvido de uma forma intensa, de uma forma forte junto da comunidade apesar de nós não termos, ainda, a nível de estrutura local uma implementação tão forte como os outros partidos. Aos poucos, vamos conseguindo cativar os famalicenses, estamos cada vez mais a pôr o dedo na ferida. Temos recebido muitas chamadas, muitas mensagens de pessoas que estão completamente fartas deste governo, quer a nível local e quer a nível nacional.

Temos muita gente em todas as freguesias. Devido a algumas pressões, a algumas perseguições e um medo em relação aos poderes que estão instalados, as pessoas não querem dar a cara, mas apoiam-nos e muitas até fazem parte das listas. Costumo dizer, quando faço as apresentações dos meus candidatos, que eles são pessoas de coragem, são pessoas com caráter, porque assumiram uma candidatura apesar de sermos ameaçados. Como aconteceu com um presidente de Junta que, em conversa telefónica com a mãe de uma candidata, disse que ela já estava na lista negra. Ou então, a Câmara Municipal oferecer empregos a candidatos nossos, para desistirem…

Fora o rasgar os cartazes ou virem para o Facebook injuriar os candidatos. Nós tentamos que os nossos candidatos e os nossos militantes e simpatizantes tenham uma postura mais de cidadania, mais democrata e que não respondam aos insultos e, basicamente, é isso. Estamos a tentar fazer uma campanha direcionada para aquelas pessoas que realmente se identificam com o partido, para as pessoas que que não votaram, mas que no nosso entender têm de votar e nós temos bastante expectativas para esta para estas eleições.

Que problemas é que Famalicão tem que precisam da sua candidatura para serem resolvidos?

Em primeiro lugar, o principal problema é este executivo. Eu acho que é maior do que os problemas reais que existem dentro do concelho.

Qual a diferença entre uma governação liderada pelo Chega! e a governação liderada pelo atual executivo?

O que diferencia, desde logo, é que nós não temos pessoas arguidas na nossa lista. Nós temos pessoas que trabalham. São pessoas trabalhadoras que no seu dia-a-dia não usufruem do erário público, nem beneficiam do erário público. Ao contrário da candidatura da coligação do PSD/CDS-PP, que é quem está neste momento no poder.

O vice-presidente está constituído arguido num processo relativo a viagens à Turquia. Na lista do [candidato e] atual vereador Mário Passos está uma candidata que tem dezanove processos de crime relacionados com a ADRAVE. Nós na nossa lista não temos pessoas dessas. Essa é a principal diferença entre a nossa candidatura e a candidatura da coligação PSD/CDS-PP.

Tem uma postura crítica em relação à atuação do executivo municipal. Já veio a público falar sobre as obras, contratações. No entanto, diz que não é contra a realização das obras…

Eu não sou contra a realização de qualquer obra que seja para benefício da sociedade, dos famalicenses. Agora, continuo a não compreender, apesar do candidato Mário Passos dizer que só agora é que puderam fazer as obras, só agora é que conseguiram o apoio, que as obras têm de ser feitas todos ao mesmo tempo porque estão todas englobadas no mesmo apoio. As obras podem estar todas englobadas no mesmo projeto, mas podem ser feitas uma de cada vez porque não há nenhum prazo para terminarem. Se houvesse prazo, o prazo tinha que ser já em outubro, porque foi esse que foi anunciado na altura do lançamento das obras aqui no centro de Famalicão. E, supostamente, as obras vão ser atrasadas para agosto de 2022.

Esse aglomerar de obras no centro da cidade, que poderiam ser feitas de uma forma faseada, tornaria a obra mais rápida e não causaria tanto transtorno. É muito engraçado dizerem que estas obras trazem benefício aos famalicenses, ao comércio local e o comércio local não são só meia dúzia de cafés. O comércio local em Famalicão são as lojas e o benefício que traz para esses lojistas, basicamente, é zero porque a maior parte das lojas em Famalicão estão fechadas ao domingo e as pessoas, durante a semana, não vão passear para o centro. Ou seja, as pessoas ou vão com intuito de comprar ou vão com o intuito de passear.

Em termos visuais eu espero que sim, que a nível do pulmão do centro da cidade melhore, mas não estou a ver que grande mudança traga. As pessoas não vão passear para lá e deixar o carro a um quilómetro de distância ou um quilómetro e meio. As pessoas queriam era chegar e estacionar.

Então, nesse sentido, acha que no âmbito dessas obras poderia estar prevista, por exemplo, a construção de um estacionamento subterrâneo?

Isso era uma situação a pensar no futuro porque os carros não vão acabar – apesar de haver um uma forte sensibilização para as pessoas deixarem os transportes privados e andar em transportes públicos. Ainda ontem tive a necessidade de deixar o carro um quilómetro de distância para ter que que fazer o serviço. Não tem não tem nexo! Para estar no centro da cidade preciso deixar o carro a um quilómetro de distância…

Um dos temas em evidência é a obra em curso no Parque da Devesa: a construção do novo CeNTI, uma espécie de ampliação do Citeve. Concorda com as decisões que têm sido tomados sobre este assunto?

Em relação às decisões, não concordo. Em relação ao Citeve construir ali, também não concordo. Estamos a falar de uma área que tinha sido tinha sido cedida à Câmara Municipal por 50 anos. O acordo foi quebrado e a cedência revertida antes do prazo. A construção está a ser feita em frente a zonas residenciais, mesmo em cima do parque do Parque da Cidade. A obra poderia estar a ser feita na zona do estacionamento. Existem dois parques de estacionamento e poderia ter sido usada essa vertente. Mas o maior problema é que existem muitas dúvidas em relação a essa é a legalidade dessa obra.

Quais são as razões que o levam a falar que, se eleito, vai solicitar a realização de uma auditoria externa?

É o caminho mais difícil tomar porque irá trazer cá para fora muitas situações incómodas e mostrar a realidade. Queremos uma auditoria externa independente aos últimos oito anos. Isso porque se suspeitamos de tanta coisa, se não existe transparência na comunicação da Câmara Municipal para com os cidadãos, se nós temos casos gritantes de contratação de familiares até mesmo dos assessores do presidente da Câmara…. Só temos esse caminho a tomar.

Assessores do presidente contrataram familiares?

A filha de um assessor do presidente foi contratada, mas não é só isso…. Há toda uma envolvência, uma teia montada. Vou dar um exemplo: é gritante o que se passa em Ribeirão em que temos os presidentes de junta que trocam os sobrinhos para vereadores e que têm familiares a trabalhar na Câmara Municipal. Essa situação está à vista de todos. É assim que funciona. E nas outras freguesias também é assim. Chegamos à conclusão em todas as freguesias em que temos candidaturas há sempre algum familiar do candidato ou do atual presidente da Junta que trabalha na Câmara Municipal.

Já agora, quais são as freguesias em que o Chega! tem candidatura?

Estávamos com uma expectativa até muito alta em relação às freguesias, mas devido às situações de perseguição e ao medo das ameaças, só conseguimos ter cinco candidaturas: Pousada de Saramagos, Gavião, Vila Nova de Famalicão e Calendário, Fradelos e Ribeirão. São poucas freguesias? São, mas não somos os que têm menos, nem os que têm mais. Mas estamos a crescer. E poderíamos ter mais, mas as pressões são tão altas que as pessoas têm medo. E enquanto as pessoas não perderem esse medo e confrontarem o poder, vamos ter sempre esse problema.

Quais são as suas três principais propostas?

No nosso programa eleitoral nós dividimos em sete áreas. Todas são importantes. Não somos um partido que que gosta de lançar cá para fora propostas só para fazer número. Vejo listas candidatas à Câmara Municipal que que tem 200, outras têm 500 propostas. Eu podia ter feito com 501 e assim teria uma a mais. Mas uma candidatura como a do Mário Passos, que tem 500 propostas para Vila Nova de Famalicão, é sinónimo que andou oito anos sem fazer nada.

Quais são as suas?

As minhas as principais são: uma auditoria externa à Câmara Municipal a nível financeiro e a nível de contratações, baixar para 0% a derrama para todas as empresas de Famalicão, e descer o IRS para 0% [atualmente é 4,5%].

Em termos do IMI temos uma proposta muito arrojada, mas que que faz todo o sentido: abolir o IMI para todos os bombeiros voluntários e agentes de segurança (PSP e GNR) que tenham habitação própria no concelho. Pensamos em abolir as taxas e licenças para a construção de habitação para os bombeiros voluntários e forças de segurança. Também pretendemos a criação/aplicação de uma taxa social na água, no saneamento e no lixo.

Em termos de segurança, pretendemos a implementação do sistema de videovigilância junto a todas as escolas do concelho e a criação de extensões de polícia municipal em Riba de Ave, Joane e Ribeirão. Queremos também contratar mais policias municipais.

Imagine que sou uma eleitora indecisa. O que é que me vai dizer para me convencer a votar em si?

A primeira coisa que eu que eu pedia era que as pessoas realmente pensassem e que tomassem uma decisão. Primeiro ir votar, isso é o principal numa democracia. É um direito que as pessoas têm, mas, na minha opinião, é uma obrigação. Já dizia ao meu pai: quem não vota não tem direito a reclamar. Por isso, o mais importante é ir votar. A segunda era que as pessoas votem em quem realmente querem à frente dos destinos da Câmara Municipal e das juntas de freguesia.

Nós somos um partido que vai tocar com o dedo na ferida. Não vamos estar aqui ao sabor nem de empresas, nem de pessoas que queiram governar e ter poder na Câmara Municipal. Vamos ser diretos, corretos e justos. E vamos trabalhar com a população. Vamos fazer o contrário daquilo que está a ser feito. Vamos trabalhar para a população, com uma política de proximidade e não a política de inaugurações. É durante quatro anos temos que trabalhar, o que fizermos no início é o mesmo que vamos fazer no fim. Trabalhar forma correta e em prol do cidadão.

 

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