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Sábado, 5 Outubro 2024

Tributo a Cesariny na Fundação Cupertino de Miranda

Espetáculo “Herói é o Meu Nome” nasce a 25 de novembro.

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Famalicão

É teatro, é seguramente música e também é performance, mas a matéria inspiradora é toda ela feita de poesia. Partindo destas linguagens e substâncias matriciais para a criação artística, a Fértil Cultural montou um espetáculo-homenagem à figura de  Mário de Cesariny, em pleno período em que se comemoram cem anos do nascimento do poeta, que foi também artista plástico, e um dos maiores símbolos do denominado surrealismo português.

“Herói é o Meu Nome” é o nome da obra que será apresentada no auditório da Fundação Cupertino de Miranda, no próximo sábado, dia 25 de novembro, pelas 17h30, no âmbito do programa comemorativo do centenário do nascimento do poeta.

A companhia deixa bem vincada a intenção subjacente à proposta artística que quer oferecer ao público: “Herói é o Meu Nome é uma apropriação da sua vida e obra e a sua transformação num ato performativo multidisciplinar que cruza a poesia, a música, a manipulação de objetos, sombras e muito mais.” E para reforçar essa definição criativa em jeito de complemento, a equipa complementa: “Talvez uma colagem, talvez um cadavre exquis. Acima de tudo é um ato de homenagem a um artista que nunca deve ser esquecido.”

Foi a partir do tópico da memória como contraponto ao esquecimento que os elementos da Fértil Cultural partiram na demanda de elementos documentais da obra de Mário de Cesariny e encetaram assim uma investigação feita análise cuidada ao vasto acervo do poeta e artista plástico que a Fundação Cupertino de Miranda/Centro de Estudos do Surrealismo possui enquanto fiel depositária da obra e da biblioteca pessoal do autor. O auxílio desta entidade revelou-se fulcral para o projeto no domínio do acompanhamento artístico e científico do mesmo. E esta interação resultou assim numa dimensão de parceria para o espetáculo entre as duas entidades: a Fértil Cultural e a Fundação Cupertino de Miranda/Centro de Estudos do Surrealismo.

No decurso desta busca, assimilação e sistematização dos respetivos elementos documentais e banhados pelo estímulo de referências à vida e obra de Cesariny, passou-se então à fase de incorporação criativa e ao labor interpretativo: definidas as ideias, a aposta conceptual recaiu ‘em ferramentas e matérias’ como a poesia, manipulação de objetos, música ao vivo e movimento/dança.

Bem ao jeito de desvendar um pouco o véu, o que público vai poder ver em palco, para além dos intérpretes – Neusa Fangueiro (canto/declamação/manipulação de objetos), Rui Leitão (guitarra), César Cardoso (baixo) e Paulo Capela (bateria) -, são elementos cenográficos e adereços múltiplos como quadros, molduras, bonecos, candeeiros e abajures, manequins desmembrados, gavetas soltas, chapéus e/ou chaleiras numa combinação bizarra a fazer jus, a compor uma  atmosfera que ajude, sem qualquer pretensiosismo, o espetador a entrar num universo surrealista através desta decoração de interiores. Sim, verá desfilar poemas como “You are Welcome to Elsinore” em versão cantada. Música, para lá da poesia, é coisa que não falta neste “Herói é o Meu Nome”, quase se pode dizer que o espetáculo também é um puzzle musical, e já agora poético, cujas peças encaixam, talvez, de forma surreal.

Refira-se que a Fundação Cupertino de Miranda é detentora de grande parte do acervo pessoal de Mário Cesariny. Constituído por mais de duas centenas de obras de arte, objetos de sua casa, e pelo seu arquivo e biblioteca pessoal, no qual se encontram mais de quatro mil fotografias, cadernos, correspondência, livros intervencionados e vários registos manuscritos em simples papéis.

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