O individualismo, materialismo vs cronómetro da vida em contagem decrescente.
Cada dia é um dia a menos.
Vida!!!
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.“ (Fernando Pessoa)
Hoje não tenho tempo!
Esta foi a vida que escolhi, confesso que tenho pouco tempo.
Tempo…
O imperioso tempo,
Uns tem falta dele, outros excesso de tempo, uns não sabem do seu tempo mas todos sabemos que a cada dia que passa também o nosso tempo é menor para viver.
Quem quer arranja tempo…
“O homem não nasce para trabalhar, nasce para criar, para ser o tal poeta à solta.” (Agostinho Silva)
O homem nasce para ser livre, livre do medo, do materialismo exacerbado, da imagem, da falha, da notoriedade, da vaidade, da prisão da sociedade, do julgamento alheio… O homem nasce para sonhar, criar, amar, viver, ser feliz como os pássaros que planam lá no céu procurando o seu lugar seguro para pousar.
Vivemos ansiosos por ter esquecendo o ser.
Vivemos a correr sem tempo para sorrir, olhar nos olhos, abraçar, apreciar o céu, contemplar a beleza da natureza, saber que tudo passa até aquilo que mais faz doer ou o que mais faz sorrir.
Nada é eterno.
Nós não somos eternos.
Vivemos em 24 horas, aquilo que poderíamos saborear em 48.
Melhoraram as condições de vida mas perdemos os jantares em família, o arroz de frango na praia, os almoços de domingo nos avós, as festas de final de ano dos que amamos, as longas conversas na cama, as discussões sobre o futuro, a habilidade de fazer as relações durarem.
Na utopia da vida moderna deixamos de dar vida ao essencial e perdemo-nos no superficial, no supérfluo, em agradar aqueles que mal nos notam porque se habituaram a ser bajulados, e por eles secundarizámos a principal unidade social a família.
Talvez estejamos a viver dias avessos sem que tenhamos a percepção de que o tempo passado não se recupera, que a mesma água não banha as margens do rio duas vezes.
Preocupamo-nos em arrecadar…
Ficar bem perante este ou aquele, sem que verdadeiramente consigamos olhar no interior de nós mesmos e perceber que a principal prioridade, o motor da nossa vida somos nós.
Não é a casa, as festas, as roupas, o carro, o relógio, a conta bancária, a empresa, a popularidade, o reconhecimento dos outros que nos fazem ser.
Não é a máquina que faz o Homem, é o Homem que faz a máquina.
A cada dia que passa cada um de nós aproximasse mais da meta sem que o perceba ou percepcione cada segundo que lhe é dado gratuitamente para viver.
O António, a Maria, o João, a Ângela, o Manuel vivem a correr com medo do futuro.
Também o rio corre para o mar sem que a água doce saiba o sabor da salgada.
Assim corre a vida sem que saibamos se o amanhã será uma certeza.
Talvez seja necessário reajustar para não ser tarde demais para viver… Que cada um seja capaz de se perguntar e reajustar sobre o que realmente é viver hoje, aqui e agora.
Quais são as tuas prioridades?
Que tempo te sobra hoje e agora?
Quanto tempo mais te resta para caminhar lado a lado?
E para viver?
Tens certezas absolutas?
Pára…
Reflete,
Reordena,
Reorganiza,
Prioriza o amor no sentido lato da vida
Não vives sozinho no mundo…
A vida continua mesmo além daquilo que tens, cá deixarás apenas na lembrança dos outros o que deste de ti, o quanto amaste… Tudo o resto são coisas que nada valem sem ti…
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