1.Novos mandatos, novas esperanças
Já foram empossados os eleitos para os órgãos autárquicos saídos das eleições de 12 de outubro.
Na tomada de posse, o edil famalicense salientou que irá trabalhar para que “Famalicão seja não apenas um bom lugar para viver, mas um verdadeiro território de felicidade” — um desígnio que certamente todos os famalicenses querem ver concretizado.
De imediato, ocorreu-me uma questão que deveria ser pensada, analisada e revertida: a devolução do centro da cidade aos famalicenses. Como seria bom que pudesse ser fruído de forma confortável e aprazível.
A remodelação do centro da cidade deve ser repensada, revertendo o disparate que ali foi cometido. Foram gastos milhões que nada trouxeram de novo, exceto um cinzento monótono, escorregadio e inóspito, que descaracterizou o que deveria ser a nossa sala de visitas.
Urge redesenhar o espaço urbano – com mais árvores, sombras e pavimentos mais frescos.
Se as casas merecem hoje tanta atenção na certificação energética, porque não aspirarem também os municípios a terem as suas zonas de lazer certificadas na prevenção de vagas de calor?
Bem sei que não é habitual dar a mão à palmatória e reconhecer erros e más decisões. Já ouvi dizer: “está feito, não se volta atrás.” Pois bem, recordo a velha máxima da Infantaria: “Nunca recua, faz meia-volta volver e avança.” Porque não?
Novas vozes na política local
Foram empossados os vereadores. Aguarda-se a distribuição dos pelouros. Deseja-se que os eleitos assumam plenamente os seus mandatos e que as candidatas desempenhem a missão que o voto lhes conferiu. Espera-se que não se repita o sucedido nos últimos mandatos, exceção ao último, em que por norma, pelo menos uma candidata desaparecia de imediato. As mulheres querem-se na política para cumprir mandatos e não apenas para preencher listas.
Serão 48 as novas presidentes de câmara. Dos Açores ao Algarve, as eleitas governarão as respetivas autarquias. Às repetentes — Ferrmelinda Pereira (Portalegre), Luísa Salgueiro (Matosinhos), Inês de Medeiros (Almada) e Dores Meira (Setúbal) — juntar-se-ão Isabel Ferreira (Bragança), Ana Abrunhosa (Coimbra), Andreia Silva (Póvoa de Varzim), Ana Raquel Oliveira (Baião) e a surpreendente Raquel Soares Lourenço (Sobral de Monte Agraço).
Em Famalicão, as novas vereadoras — Susana Pereira, Vânia Marçal e Cláudia Vieira — terão a oportunidade de afirmar uma presença política ativa e transformadora.
As duas novidades nos principais órgãos serão Pedro Alves, do Chega, no executivo, e Miguel Fidalgo, da Iniciativa Liberal, na Assembleia Municipal.

Quanto ao primeiro, permanece a curiosidade sobre qual será a sua postura, pois continua sem apresentar programa conhecido ou publicado. A sua candidatura beneficiou do resultado surpreendente do partido nas legislativas — ou melhor, do seu líder. Ventura surgiu como figura central em todos os cartazes, ao lado dos candidatos às câmaras. A muleta parece não ter resultado. Pretendia conquistar 30 autarquias, venceu 3. Afinal, quanto vale o Chega? Os 22,76% de maio ou os 11,86% de outubro? O eleitorado parece fiel ao líder, não ao partido. Sem Ventura, o Chega é um produto light.
Já Miguel Fidalgo será uma nova voz na Assembleia Municipal. Espera-se que enriqueça o debate e contribua para uma discussão política mais plural e construtiva.
- 25 de Novembro: memória e maturidade, cinquenta anos depois
O 25 de Novembro de 1975 foi um momento decisivo na consolidação da democracia portuguesa, marcando o fim do chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC), que se seguiu à Revolução de 25 de Abril de 1974.
Entre “gonçalvistas/otelistas” e “moderados”, entre forças revolucionárias e democráticas, Portugal esteve à beira de uma rutura. A intervenção coordenada pelo general Ramalho Eanes pôs termo à instabilidade e abriu caminho à normalidade constitucional.
O desfecho marcou o fim da instabilidade revolucionária e abriu caminho para a consolidação de um regime democrático e pluralista.
Este ano assinalam-se 50 anos desse dia histórico, que muitos consideram ter evitado uma guerra civil.
As comemorações estão envoltas em polémica, mas o 25 de Novembro deve ser lembrado como símbolo de maturidade democrática, exaltando o diálogo, o espírito cívico e o respeito pela diferença.
- Francisco Pinto Balsemão: o legado de um social-democrata
Portugal viu partir mais um dos seus grandes vultos: Francisco Pinto Balsemão.
Político, jornalista e empresário, foi um dos rostos da Ala Liberal no fim do Estado Novo e, mais tarde, fundador do atual Partido Social Democrata, de que era o militante n.º 1.
Foi Primeiro-Ministro entre 1981 e 1983 e teve papel determinante na revisão constitucional de 1982, que devolveu os militares aos quartéis e consolidou o poder civil.
O seu governo reforçou o caminho de integração europeia, preparando a entrada de Portugal na CEE, e manteve viva a defesa da autodeterminação de Timor-Leste.
Como empresário, fundou o jornal Expresso e o Grupo Impresa, responsável pela SIC, a primeira televisão privada portuguesa, que modernizou o panorama mediático nacional.
No plano internacional, foi, durante 32 anos, membro do Clube de Bilderberg, e em 2018 criou os Encontros de Cascais, uma espécie de “Bilderberg à portuguesa”, reunindo personalidades como Leonor Beleza, Paula Amorim, Isabel Mota, António Ramalho, Carlos Carreiras, Carlos Gomes da Silva e Francisco Pedro Balsemão, entre outros.
A sua vida pública reflete uma constante: o compromisso com a liberdade, a democracia e o pensamento crítico.
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