Um famalicense no topo do mundo

Estamos perante um homem com invulgar capacidade intelectual e filosófica, com um percurso de vida rico, diversificado e exemplar.

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Sabem os cidadãos deste grandioso concelho de Vila Nova de Famalicão que contam, entre eles, com um dos mais importantes nomes do dirigismo político mundial? Sabem os famalicenses que Jorge Moreira da Silva (JMS) é um dos maiores vultos internacionais da política, do conhecimento planetário do mundo de hoje, da luta global por uma Humanidade mais livre e mais justa? E que o seu reconhecimento nacional e internacional fazem dele o famalicense que mais alto subiu na notoriedade, no prestígio e na hierarquia do poder, desde o princípio do século XX?

Corria o mês de janeiro de 1971 quando a professora Maria da Glória e o seu marido, engenheiro Antero Moreira da Silva, foram pais pela primeira vez, no Hospital S. João de Deus, em Famalicão. A este filho chamaram Jorge. Depois dele nasceram mais três: duas meninas e um rapaz. Família unida e harmoniosa foi o berço em que cresceu e se tornou homem Jorge Moreira da Silva.

Jovem a frequentar o ensino secundário, estudioso e desde cedo leitor compulsivo dos grandes autores de filosofia, sociologia, ética e política, entre outros, fez notar uma aguda intuição cívica e política, com intervenções críticas, assertivas e bem fundamentadas, designadamente em reuniões da Assembleia Municipal. Tinha 15 e 16 anos.

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Na Faculdade de Engenharia, no Porto, concluiu com brilhantismo a licenciatura, seguindo-se uma pós-graduação em Alta Direção de Empresas, na universidade de Navarra. Foi o tempo em que se envolveu mais diretamente na ação política. Candidatou-se e venceu uma disputada eleição para a presidência da Juventude Social Democrata (JSD).

Não pretendendo este artigo assumir a forma de registo biográfico, mas visando, outrossim, situar a atual personalidade do homem político, focaremos, de seguida, as duas últimas etapas do seu notável percurso ao serviço da causa pública.

Importa ainda dizer que estamos perante um homem com invulgar capacidade intelectual, filosófica, de mundividência esclarecida e de vivências de terreno, junto de populações pobres, carentes de elementares meios de sobrevivência e vítimas de guerras e conflitos brutais, um pouco por todo o mundo — num percurso de vida rico, diversificado e exemplar (ver nota biográfica abaixo).

Mais ainda, JMS mostra, em toda a sua produção teórica, que a ética, a honestidade e o espírito de serviço  ainda podem ter lugar na política e no mundo.

As etapas de percurso profissional a destacar respeitam aos dois últimos cargos ocupados por JMS, de maior relevância na cena internacional.

Terminada a participação como ministro do Ambiente no Governo de Portugal, que tirou o país da tutela de instâncias de supervisão externa, JMS inscreve-se num concurso internacional para Diretor da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE. Disputando o lugar com quadros do mais alto nível de diversos países que integram aquela organização, vence o concurso, sendo empossado no cargo respectivo.

Durante os seis anos seguintes reside em Paris, onde a OCDE tem a sua sede. No mandato como diretor não só obteve o respeito e a simpatia de todos os que com ele lidaram, como pôs em prática um dos seus lemas favoritos – o de “entregar resultados” das funções que lhe tenham sido atribuídas. Fê-lo com tal relevância que, na hora da despedida, granjeou públicos e sentidos elogios do Secretário Geral da Organização.

Tal aconteceu quando renunciou à confortável posição em que se encontrava, para vir a Portugal tentar a liderança do seu partido de sempre, na perspetiva de poder pôr ao serviço do país os vastos conhecimentos e experiência entretanto consolidados, consubstanciados num programa de candidatura totalmente inovador – em muitos aspetos mesmo revolucionário. Assim não o entenderam os companheiros de partido, não o elegendo.

Novamente parte à conquista do mundo, inscrevendo-se em mais um concurso de candidatura ao cargo de CEO da UNOPS — Escritórios das Nações Unidas para Serviços de Projetos – uma agência da ONU especializada em prestar serviços de gestão de projetos, infraestrutura e aquisições para seus parceiros em todo o mundo. Tem como função principal implementar projetos humanitários e de desenvolvimento para o sistema da ONU, governos, instituições financeiras internacionais e outros parceiros.

É à direção executiva desta importante agência das Nações Unidas que JMS se candidata, em concorrência com ex-primeiros-ministros, ex-ministros e altos quadros de diversos países: mais uma vez saindo vencedor.

A 16 de abril de 2023, o Secretário-Geral António Guterres dá-lhe posse como Subsecretário-Geral das Nações Unidas e Diretor Executivo da UNOPS.

(Convém esclarecer que em muitas publicações se lê que JMS foi escolhido por António Guterres. Não é verdade. A escolha foi feita no âmbito de um concurso internacional, extremamente exigente!)

Assim, JMS passa a viver em Copenhaga, na Dinamarca, onde a UNOPS possui os escritórios centrais, de onde comanda mais de 60 delegações espalhadas por todo o mundo, com mais de 6.000 funcionários.

Com tal universo de atuação, obras e orçamentos de muitos biliões de dólares, fácil é calcular que JMS passa mais tempo em aviões do que na sua residência em Copenhaga.

Além disso, se é do conhecimento geral que a ONU, criada a seguir à II Guerra Mundial para promover e gerir a paz no planeta, tem vindo a perder influência e poder político, também é verdade que as suas múltiplas agências setoriais mantêm atividades absolutamente fundamentais e decisivas na ajuda às populações mais carenciadas e desprotegidas, em todos os continentes.

Assim acontece com a UNOPS, que projeta, financia, executa e controla obras em todo o lado. Pelo que ficou dito, embora muito longe de ser exaustivo, fácil se torna compreender que as responsabilidades e o trabalho de JMS podem, e devem, ser considerados uma missão humanitária, além da enorme exigência de visão estratégica e política, bem como de superiores capacidades de gestão.

Aqui fica, caros leitores, uma pequena resenha da vida (ainda curta…) do grande homem cívico e político de quem todos os seus conterrâneos se podem orgulhar e identificar como um enorme famalicense no topo do mundo.

NOTA BIOGRÁFICA CONDENSADA

Jorge Moreira da Silva é Subsecretário-Geral das Nações Unidas e Diretor Executivo da UNOPS desde 2023. Foi Diretor da Cooperação para o Desenvolvimento da OCDE (2016-2022), Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (2013-2015) e desempenhou funções no PNUD e na Presidência da República. Fundou e presidiu à Plataforma para o Crescimento Sustentável e foi professor convidado na FEUP, Sciences Po e ISCSP. Engenheiro eletrotécnico pela FEUP, com pós-graduação em Alta Direção de Empresas (AESE/IESE), nasceu em 1971, em Vila Nova de Famalicão, é casado e tem três filhos.

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