O professor, jornalista e editor Francisco José Viegas, que foi secretário de Estado da Cultura entre 2011 e 2012, no Governo de Pedro Passos Coelho, assina uma crónica elogiosa sobre a comida tradicional no Restaurante Sara Barracoa.
“Visitai-o, leitores”, exorta Francisco José Viegas, numa crónica publicada na última edição da revista semanal “Boa Onda”, que integra o jornal “Correio da Manhã”, às sextas-feiras. A crónica foi publicada na última sexta-feira, dia 20 de junho, sob o título “Sara Barracoa, assim mesmo”.

“A fachada é de granito antigo e não tem pompa nenhuma, nem a sala de entrada tem luxos. Nenhum. Chão de madeira, mesas e cadeiras de madeira, cozinha e copa lá ao fundo, e a minha sala preferida – que fica no extremo da casa”, escreve o antigo secretário de Estado da Cultura, antes de deliciar os leitores com a descrição das comidas que são servidas naquela que é um dos espaços de gastronomia tradicional mais antigos e emblemáticos do concelho de Vila Nova de Famalicão.
“O ESSENCIAL É A COMIDA”
Francisco José Viegas lembra que no Restaurante Sara Barracoa “não há elementos decorativos a distrair-nos”. E explica: “O essencial é a comida e por volta do meio-dia, como acontece em casas honestas, já há clientela sentada.”
De acordo com o cronista, “a melhor hora para almoçar” no restaurante Sara Barracoa é pelas 12h30. “As pataniscas são perfeitas e não estão espapaçadas em óleo – vêm com arroz de tomate; a vitela assada é da aba, maravilhosa, com batata também de forno e grelos; as tripas são suculentas e firmes, com feijão gordo e são, e levam uma rodela de salpicão; os rojões podem pedir-se com ou sem molho; o arroz de bacalhau é à antiga; há vitela à jardineira a raiar a perfeição”, descreve Francisco José Viegas.

Na sua experiência gastronómica no restaurante que no século XIX foi uma casa de pasto frequentada por Camilo Castelo Branco, Francisco José Viegas optou pela vitela e ficou rendido. “Duas tiras generosas com boa superfície tostada”, descreve o jornalista, que deixou uma garantia a fechar a crónica: “Volto sempre.”
DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO
Pela sua centralidade, a localidade de Vila Nova de Famalicão era atravessada por pessoas que circulavam entre Barcelos ou Braga e o Porto. Em tempos antigos, anteriores ao automóvel, que foi chegando até nós na passagem do século XIX para o século XX, o transporte de pessoas e mercadorias era feito por animais de carga.
Famalicão começou por se tornar um ponto de paragem obrigatória: para o descanso e bem-estar dos cavalos (que eram atendidos por um ferrador, que verificava, por exemplo, a necessidade de trocar as ferraduras), e para as pessoas se alimentarem.
Foi assim que uma casa de pasto situada no espaço agora designado “Sara Cozinha Regional” ganhou fama na região e chegou a ser frequentada pelo escritor Camilo Castelo Branco (1825-1890), que, em 1863, foi viver com Ana Plácido (1831-1895) para São Miguel de Seide.
QUEM É FRANCISCO JOSÉ VIEGAS
Francisco José Viegas nasceu em 14 de março de 1962, em Vila Nova de Foz Coa. Tem 63 anos. É professor, jornalista e editor. Licenciou-se em Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 1983, e foi assistente de Linguística na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora até 1987.

Como jornalista, trabalhou para os seguintes meios de comunicação: “Jornal de Letras”, “Expresso”, “Semanário”, “O Liberal”, “O Jornal”, “Se7e”, “Diário de Notícias”, “O Independente”, “Record”, “Visão”, “Notícias Magazine”, “Elle”, “Volta ao Mundo” e “Oceanos”. E foi diretor das revistas “Ler” e “Grande Reportagem”, bem como do trissemanário desportivo “Gazeta dos Desportos”. Também foi diretor da Casa Fernando Pessoa, entre 2006 e 2008.
Foi autor e apresentador de vários programas culturais nos canais de televisão SIC, RTP2, RTP1, RTP-N e TVI24 e apresentou o programa “Escrita em Dia” na Antena 1.
Francisco José Viegas tem publicadas dezenas de obras de poesia, romances, contos, uma peça de teatro e relatos de viagens, e alguns dos seus livros estão editados no Brasil, Alemanha e França. Em 2006, recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. E em 2020, foi op vencedor do Prémio Fernando Namora.
Foi editor da Quetzal até às eleições legislativas de 2011, altura em que foi eleito deputado independente nas listas do PSD, pelo círculo de Bragança, tendo, depois sido secretário de Estado da Cultura, entre junho de 2011 e outubro de 2012, no Governo liderado por Pedro Passos Coelho, que abandonou a seu pedido, por problemas de saúde.
Comentários