É chegada a hora de dormir. Chegamos à cama, e por muito confortável que ela seja, por muito aconchegantes que sejam as almofadas e os lençóis de qualidade, o sono teima em não chegar. Isto porque, nestes tempos estranhos em que vivemos, já não nos deitamos sós, deitamo-nos com o nosso pior inimigo, o pensamento ruminativo que rói e corrói o nosso âmago. Este parece ganhar vida própria, insiste na sua reprodução e multiplicação, conferindo àquilo que poderia ser de fácil resolução em proporções destorcidas aquietando-nos a alma. Em boa verdade, deitamo-nos com um problema e acordamos com vários.
A cama deveria ser um lugar de descanso, mas para muitos torna-se o palco das maiores batalhas silenciosas. Uma noite mal dormida não é apenas um desconforto momentâneo.
Dormir com o inimigo interno significa acordar com menos defesas para enfrentar o dia seguinte, fragiliza a concentração, afeta o humor e segundo Harvey (2002) diminui a tolerância ao stress e pode abrir caminho para problemas de saúde mental mais sérios.
Desta feita, este pensamento tem um elevado teor de toxicidade minado a nossa qualidade de vida. É um pensamento ausente da clarividência da mente racional, daí ser tão urgente ensinar às crianças e adultas estratégias para combater este nosso inimigo invisível.
Deitamo-nos confortavelmente e daí a pouco segundos a nossa mente começa a vaguear pelos medos que nos atormentam.
E no dia seguinte inverte-se o dia na noite. Andamos sonolentos, o corpo pede cama e a mente tem de trabalhar. Acumulamos trabalho, procrastinamos e o mau humor instala-se. Entramos num ciclo vicioso que pode levar ao aparecimento de doenças psicossomáticas.
A pergunta que se levanta é:
– O que andamos nós a fazer com a nossa Vida?
Antes de dormir lembre-se que a nossa mente tem o poder de transformar “o Céu no Inferno e o Inferno no Céu”, tal como refere John Milton.
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