Os últimos dias ficaram marcadas pela discussão em torno da saúde e do nosso hospital. Quer seja pela gripe que vai atolar ainda mais as nossas urgências, a visita da Ministra ou a discussão sobre a Parceria Público Privada, o tema dominou a agenda e mostrou sinais contraditórios quanto à responsabilidade que todos temos na melhoria das condições de saúde na nossa região.
Ministra (e comitiva) no Hospital
O Hospital S. João de Deus é a principal infraestrutura hospitalar para cerca de 250 mil habitantes de Famalicão, Santo Tirso e Trofa. Contudo, nos últimos anos têm-se agravado diversos problemas estruturais e operacionais que colocam em risco a qualidade do serviço prestado e prejudicam diretamente os utentes. Entre os problemas mais evidentes encontram-se: falta de recursos humanos; instalações saturadas e degradadas; constrangimentos graves nas urgências; infiltrações e degradação estrutural; condições deficientes na cantina.
Por isto mesmo a visita da Ministra da Saúde e CEO do SNS foi importante, mas infelizmente também reveladora de que o nosso Hospital não é uma prioridade. Quando reuni com a anterior administração em campanha, tive oportunidade de conhecer os projetos de investimento em andamento, que estão na imagem seguinte.

Destes não consta o novo edifício que permitirá alargamento e melhorar significativamente as condições do Hospital, com estacionamento subterrâneo 3 pisos abaixo do solo e 5 pisos acima do solo que seriam capazes de aumentar a capacidade de internamento. Foi esta a opção que os famalicenses sufragaram maioritariamente e foi triste perceber que o novo administrador do Hospital desconhece este “projeto”.
Quando questionado pelos jornalistas, Luís Vales fez referência aos projetos PRR em curso, que nada têm a ver com esse edifício. Mesmo o CEO do SNS, a quem foi dirigida a pergunta, mostrou claramente que não conhecia esse projeto. Esperemos que a reunião que o presidente Mário Passos, terá em janeiro com a Ministra da Saúde, ajude a colocar o tema na agenda. Este foi um tema central da campanha e falhar aqui será falhar aos famalicenses.
O nosso Hospital é só mais um com problemas no país e por isso mesmo é preciso que ele vire assunto de notícia e topo de agenda, o que seria conseguido se cá tivéssemos uma PPP introduzida pelo atual governo. Seria uma espécie de projeto piloto, em que para que a teoria da vantagem das PPPs fosse comprovada, governo e gestão teriam todo o incentivo para transformar o nosso Hospital em referência.
Por exemplo, a Ministra da Saúde, ao contrário do que sucedeu, ficaria para falar aos jornalistas, não passaria essa responsabilidade a ninguém.
A incógnita Santo Tirso
A passagem de Santo Tirso para as mãos da Misericórdia está a ser negociada, tal foi comprovado pelo CEO do SNS, mas ainda sem prazos. Este é o tempo da negociação, havendo a garantia de que o Hospital de Santo Tirso continuará a servir o SNS, o que é muito relevante, pois a breve prazo não há espaço para transferir toda a Cirurgia de Ambulatório e sem alargamento das atuais instalações de Famalicão seria um atolamento geral do Hospital S. João de Deus.
Surto de gripe nas próximas semanas
As próximas semanas serão um teste exigente a um sistema já cansado e por isso mesmo é bom que comecemos a agir, que sejamos rápidos a implementar as soluções necessárias para que os próximos anos sejam melhores. Os sinais são para já problemáticos, com a urgência de Santo Tirso fechada no último fim-de-semana e o sempre mais difícil período de festas, em que naturalmente há menos profissionais disponíveis, agravará a situação.
Já tive oportunidade de acompanhar o caos em que se torna uma urgência em tempo de infeções respiratórias e com a nossa estrutura populacional envelhecida. Macas por todo o lado, profissionais assoberbados e bombeiros à porta com novos pacientes. É este o cenário que nos espera e por isso mesmo temos de colocar o tema das condições do nosso Hospital na agenda, sob pena de se agravar o assunto anualmente.
A responsabilidade de quem defende uma PPP para o Hospital
A notícia chegou aos jornais nacionais, a Assembleia Municipal aprovou uma moção de recomendação que defende a aplicação de uma PPP para a gestão do Hospital de S. João de Deus. Para quem acredita que um deputado Liberal pode fazer a diferença (basta recordar João Cotrim Figueiredo no parlamento nacional), a 1ª Assembleia Municipal ordinária deste mandato mostrou bem que chegamos para deixar marca e melhorar Famalicão.
No último debate das autárquicas, houve um momento em que interpelei diretamente Mário Passos, desafiando-o a assinar um compromisso pela defesa de uma PPP para o nosso Hospital, porque vi que o assunto vai voltar à agenda e precisamos muito dela para elevar a qualidade do nosso Hospital.
Mário Passos escolheu ponderar. Menos de 2 meses depois, felizmente a coligação que o apoia decidiu não inviabilizar esta iniciativa, colocando o governo mais confortável no caso de decidir que tal decisão é proveitosa. PS e CDU decidiram, como sempre, enfiar a cabeça na areia.
E o Chega? Espalhou-se ao comprido… Disse que votaria contra, acabando por se abster quando percebeu que a moção seria aprovada.
É normal, ficaram atormentados ao perceber que o líder da construção (e também oposição) Miguel Fidalgo é mais eficaz que 4 deputados do Chega.
Aqui, deixem-me dar nota do orgulho que tenho em poder trabalhar com o Miguel pelo futuro de Famalicão, que em tão pouco tempo de deputado municipal já deixou a sua marca. É um sinal para todos os famalicenses, podemos ganhar muito dando oportunidades aos nossos jovens, porque de “experientes” que nada constroem já estamos todos fartos.
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