Está tudo bem em Famalicão? Sim, está tudo bem. Afinal, o povo falou e falou em maioria, festejou com fogo de artifício e festa como gosta.
Será que o povo trocou a palavra cimento por conhecimento? Pois, não sei.
O mesmo presidente foi reconduzido e com isso a cidade tece uma certeza: se havia dúvidas sobre quem era responsável pelo estado das coisas, agora não há. 
Tenho de dizer que é uma vitória partilhada, ele governa, mas quem o elegeu assina por baixo.
Os famalicenses que se queixam do trânsito, da falta de investimento nas freguesias, das prioridades invertidas, podem respirar tranquilos, as coisas não se vão fazer, mas foram eles próprios que decidiram que está tudo bem.
A ironia da democracia é essa, a política é isto.
Cada voto depositado é uma pequena fatia de responsabilidade que muda de mãos.
E é curioso ver como, na hora da cruzinha, o tal “mandamento sagrado” volta a ser seguido religiosamente que é: “não mudarás, mesmo que estejas farto”.
Uma tradição quase bíblica, quase familiar que passa de geração em geração, como quem reza o mesmo credo a milagres diferentes.
Portanto, sim, está tudo bem em Famalicão e não há razões para descontentamento.
As queixas até podem continuar, o descontentamento até pode crescer, mas a maioria já decidiu que está tudo no bom caminho.
Agora, irá desenrolar-se a história que o próprio povo escreveu.
E se um dia alguém perguntar “mas afinal como é que chegámos aqui?”, a resposta será simples, porque achamos que estava tudo bem e quisemos mais do mesmo, está tudo bem.
____________________
Os artigos de opinião publicados no NOTÍCIAS DE FAMALICÃO são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.
Comentários