Famalicão: afastar munícipes

Enquanto não formos exigentes com quem está no poder, o concelho não evolui.

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Continuamos com momentos em que a política local ultrapassa o limite do aceitável só porque acham que são donos do concelho.

Foi com um pensamento de “este sujeito não está bem”, que assisti à postura de Jorge Paulo Oliveira na Assembleia Municipal (AM) de 05-12-2025.

Quem tiver a curiosidade pode ver Jorge Paulo Oliveira sempre pronto para controlar a narrativa, com dedo apontado para quem lhe fizer frente ou a não concordar com as suas ideias.

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Isto já sendo mau, ainda foi acompanhado de uma atitude de apontar o dedo típico do ano de 1973.

Recordo que, Jorge Paulo Oliveira, figura conhecida da política famalicense e nacional, deputado experiente, habituado aos holofotes e às narrativas cuidadosamente construídas, não está a entender que somos nós que lhe pagamos o salário e não trabalha para um partido ou presidente.

Mas como Mário Passos frisou bem na sessão, isto tudo está legitimado pelos famalicenses que votaram nele.

É lamentável que não haja ninguém no executivo que se preocupe em acompanhar a aceitação e afluência das sessões das AM e tanto dinheiro se gasta em comunicação nos meios locais.

Não compreendo que num universo de 140 mil famalicenses, apenas 150 pessoa passaram pela sessão on-line para ver o que se passava.

É simplesmente vergonhoso!

Estes números, que deveriam envergonhar qualquer responsável político, são tratados como um detalhe irrelevante, ou pior, como um número confortável de quem não quer ser escrutinado.

Mário Passos parece ter transformado a AM num palco onde só entra aquilo que lhe convém e só responde ao que lhe apetece.

Como se já não bastasse o jogo de sombras que se faz em torno da divulgação das sessões da AM, surge a cereja no topo do bolo: ainda usa a AM para fazer propaganda a si próprio.

Ao vender sucessos onde existem dúvidas, consegue desmarcar-se de assuntos quando questionado diretamente.

Não respondendo e ignorando as dúvidas da oposição despreza também os cidadãos e o papel central que todos devemos ter no escrutínio dos assuntos que suscitam dúvidas.

Sinceramente, isto é uma vergonha. Estas estratégias de marketing político são usadas para esconder a verdade de todos nós.

Também é bom lembrar a Mário Passos que somos nós que lhe pagamos o salário e que temos sim o direito de esclarecimento de todos e de qualquer assunto que nos suscite dúvidas.

Enquanto esta cultura de opacidade continuar, o concelho não avança.

Enquanto não formos exigentes com quem está no poder, o concelho não evolui.

Foi isto que os famalicenses escolheram democraticamente.

Compreendo que para Mário Passos apenas passarem 150 pessoa pela sessão on-line é fantástico, assim esconde a incompetência que já muitos lhe reconhecem.

Ao continuarmos assim, afastamos as pessoas da política.

De certeza que é isso que querem?

Acreditem que quem está no poder está a adorar esta desordem e até dou a sugestão de entregar a gestão da Câmara a uma PPP, já que agora andamos nisto…

 

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