Famalicão é, com orgulho, a terceira maior cidade exportadora do país. Um motor económico que, todos os dias, mostra ao mundo a sua força, inovação e capacidade de trabalho. Mas, ao mesmo tempo, carrega uma contradição que envergonha e revolta: um dos piores serviços de urgência hospitalar do país.
Quem já passou pelas urgências do Hospital de Famalicão conhece bem o cenário: horas intermináveis de espera, doentes nos corredores, ausência de material, funcionários a trabalhar no limite da exaustão.
Não é de hoje. Não é por culpa de quem lá trabalha. 
É importante dizê-lo, alto e bom som: os profissionais de saúde que ali resistem são verdadeiros heróis. Médicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos, fazem o impossível todos os dias com os poucos recursos que têm. O que falha, e falha gravemente, é a gestão, a liderança, a direção do hospital.
Enquanto o silêncio reina, as pessoas continuam a sofrer num hospital onde o caos virou rotina.
E é preciso dizer com clareza, isto não é culpa exclusiva do Governo nem do poder central. Isto é o resultado de anos de má gestão local, e de más decisões. Hoje, o hospital tem uma dívida de milhares de euros. E essa dívida está a ser paga com a saúde dos famalicenses.
Não há material porque o hospital não pode comprar. Não há melhorias porque não há dinheiro. E não há dinheiro porque ninguém teve coragem, ao longo dos últimos anos, de dizer basta.
Cada dia que passa sem mudança é mais um dia em que um utente sofre desnecessariamente.
E falha também a coragem de quem devia exigir respostas.
Ninguém quer tocar neste tema porque é incómodo. Porque mexe com interesses. Porque exige coragem. Mas enquanto o silêncio reina, as pessoas continuam a sofrer num hospital onde o caos virou rotina. E cada dia que passa sem mudança é mais um dia em que um utente sofre desnecessariamente.
Não podemos aceitar meras promessas capazes de criar expectativas mas que sem ações concretas não resolvem os graves problemas que todos sentimos.
Saúde não é um luxo. É um direito!
A cidade que exporta tanto, que gera emprego, que contribui para a riqueza nacional, merece um hospital digno e eficiente. Não podemos continuar a aceitar que, em plena era do conhecimento, os problemas do hospital sejam empurrados com o joelho, tratados como se fossem inevitáveis ou de menor importância.
Famalicão não pode ser só números na economia. Tem de ser também qualidade de vida, saúde, dignidade.
É tempo de olhar para o hospital com seriedade. É urgente mudar a gestão, reestruturar o serviço, ouvir os seus profissionais e os utentes. Acima de tudo, é urgente ter coragem. Coragem para falar, para exigir, para fazer diferente.
Porque saúde não é um luxo. É um direito!
____________________
Os artigos de opinião publicados no NOTÍCIAS DE FAMALICÃO são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.
Comentários