Se os monumentos de Portugal soubessem falar – qual tema escolhiam para contar os acontecimentos que o país viveu na Noite 24/25 de Abril?
Contavam das preces que ouviram, quando Portugal sofria com o Estado Novo?
Ou a memória recordava talvez as tochas da coragem, que até hoje brilham ao vento da história. Ao longo da ditadura várias luzes se acenderam. Porém – existem tochas que alteraram para sempre o futuro.
Na noite de São Silvestre 1961/62 o país conheceu o golpe na Pax Júlia, Quartel de Beja. Acontece, que falhou. – Mas uma tocha com as palavras do Capitão João Varela Gomes se acendeu:
“Que outros triunfem, onde nós fomos vencidos.”
Tocha, que anos mais tarde, seguiu de Beja para as Caldas da Rainha. A 16 de Março de 1974 occoreu a Revolta das Caldas da Rainha, que infelizmente também falhou.
“… perdeu-se uma batalha mas não se perdeu a guerra.” (jornalista Eugénio Alves)
Por conseguinte a tocha não se apagou e seguiu seu caminho para partir com a coluna militar, que saiu de madrugada de Santarém. Por trás dos estores um coração a bater, quando o eterno capitão Salgueiro Maia, acendeu a histórica tocha, que alumiou o caminho. Seria também acompanhado de um herói do passado: um nNeto do corajoso cônsul Artistes de Sousa Mendes, encontrava-se na célebre coluna, que contra ditadura marchou na direção de Lisboa, a fim de conquistarem a liberdade.
Ao fim do dia a tocha, que durante muitos anos não desistiu de alumiar o futuro, transformou-se em cravo encarnado – flor da Revolução. Um cravo que veio de Tavira e por falta de um cigarro oferecido a um soldado enfeitou a espingarda. Símbolo da Revolução percorreu o mundo – ficou para a eternidade:
Revolução dos Cravos Encarnados.
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