Agosto é considerado o mês dourado – é o mês de consciencialização e incentivo ao aleitamento materno. E nunca se falou tanto sobre amamentação como este ano. Infelizmente, nem sempre com um tom positivo e de sabedoria. Na verdade, foram ditas muitas barbaridades com base em “achismos” e sem base científica alguma. Disseram-se coisas como a amamentação criar dependência entre a mãe e o bebé, como a amamentação não ser benéfica a partir de determinado tempo, e como as mulheres aproveitarem-se da amamentação para trabalhar menos.
O que estas pessoas não sabem é que a amamentação dá mais trabalho do que o trabalho laboral! Na verdade, a maioria das mães sente que quando está no trabalho descansa mais do que quando está em casa a cuidar dos filhos. Porque amamentação é entrega total – são horas e horas de trabalho não remunerado em prol de um valor muito maior do que qualquer trabalho fora de casa.
Está mais do que comprovado que os benefícios da amamentação, em termos de saúde física, são inúmeros – tanto para a mãe, como para o bebé. Vão desde o aumento da imunidade, até à prevenção de doenças crónicas como a obesidade.
Mas, na verdade, a amamentação é muito mais do que leite, e os benefícios são muito mais do que os físicos. Amamentação é conforto, é carinho, é porto seguro.
Amamentação é caminho para uma vinculação segura. E vinculação segura é meio caminho andado para pessoas e sociedades de sucesso. Porque uma criança que cresça a saber que tem quem a ampare quando necessita, explora com maior segurança o mundo que a rodeia. E uma criança que explora o mundo que a rodeia com confiança, será um adolescente e adulto mais autónomo, equilibrado e, o que importa à sociedade, produtivo.
Por isso, na verdade, 2 horas por dia não são nada em comparação com as horas de benefícios que aquele bebé/criança terá no futuro, fruto da vinculação que criou com a mãe naquele período. E 2 horas ao longo de 2 anos não são nada! Na verdade, acredito que todas as mães, não só as que amamentam, deveriam ter o “benefício” de poder desfrutar de mais tempo diário com os seus filhos por mais do que 2 anos. Porque não é sobre leite, é sobre o momento de proximidade e a disponibilidade demonstrada durante aquele momento – que também pode acontecer durante o momento em que uma mãe alimenta o filho através de biberão, de sonda, ou de outra forma qualquer…
Por isso é isto, se queremos sociedades desenvolvidas, é preciso começar valorizar a infância e a deixar as famílias em paz!
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