Com sede na vila de Joane, Vila Nova de Famalicão, a Coindu tem em curso o processo de despedimento coletivo de 123 trabalhadores que pode vir a ser alargado aos outros 250 que foram colocados em “lay-off”.
No final de 2023 a empresa portuguesa de fabrico de capas têxteis para automóveis já tinha encerrado outra unidade fabril em Arcos de Valdevez, provocando o despedimento de cerca de 350 trabalhadores.
O SIMA – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins refere que “atendendo ao passado bem recente, e ainda bem presente e que lançou para o desemprego centenas de trabalhadores, tudo fará para que o processo da unidade dos Arcos não se repita agora em Joane”.
O Bloco de Esquerda (BE) e o PCP questionaram o Governo. Entre as questões enviadas pelo BE estão se o despedimento coletivo foi comunicado à Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho e se a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) está informada sobre a situação.
MILHÕES DO PRR
Já o PCP quer mais informação relativamente às “condições no contrato de financiamento no âmbito do PRR” que condicionam o financiamento das empresas “à manutenção de um número mínimo de postos de trabalho” tendo em conta que a empresa recebeu 3,9 milhões de euros financiamento através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para um projeto a decorrer até 31 de dezembro deste ano de acordo com informação disponível no Portal da Transparência.

Também Eduardo Oliveira, candidato à Câmara Municipal e presidente da concelhia do Partido Socialista, afirmou que “não é possível assistir impávido e sereno a mais um anúncio de despedimentos e ‘lay-off’ de uma empresa que ainda recentemente recebeu largos milhões de euros do PRR”.
O candidato convocou uma reunião de emergência, ao final do dia de ontem, com representantes das forças sindicais. Segundo o SINDEQ, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins, a empresa comunicou na passada sexta-feira a decisão de avançar com mais um processo de “lay-off”.
Este anúncio, “seguido de um silêncio absoluto por parte de representantes da COINDU”, gerou uma enorme apreensão entre os trabalhadores e nas freguesias de Joane, Mogege, Pedome, Pousada de Saramagos e Castelões – comunidades que mais mão de obra fornecem à unidade fabril.
SILÊNCIO DA CÂMARA MUNICIPAL
Eduardo Oliveira questionou também o silêncio da Câmara Municipal, porquanto, sendo esta o representante maior do poder político no concelho e um interlocutor “certamente privilegiado junto do Governo da República Portuguesa, esperava-se que tivesse tido já uma reação de solidariedade com os trabalhadores, de preocupação com a situação desta empresa e da própria evolução da situação económica”.
“Não acredito que a passividade do presidente da Câmara Municipal resulte de insensibilidade humana, por isso ou é distração ou tática política, pois sendo a Câmara Municipal e o Governo da AD, provavelmente não quererá o senhor presidente incomodar o Terreiro do Paço com estas questões!”, afirmou.
TARIFAS
Paralelamente, Eduardo Oliveira aproveitou para aflorar a questão “das políticas das célebres tarifas do presidente dos EUA, que aqui por Portugal colhe o aplauso da Iniciativa Liberal (IL) e do CHEGA, que têm introduzido larga incerteza no setor automóvel e também têm servido de desculpa e pretexto para medidas como esta da COINDU”.
Hoje, em comunicado enviado à imprensa, o coordenador da IL-Famalicão refere que a afirmação de Eduardo Oliveira “é uma mentira descarada, sendo a Iniciativa Liberal desde a sua fundação o maior defensor do comércio livre em Portugal”.
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