22.8 C
Vila Nova de Famalicão
Quinta-feira, 21 Agosto 2025
Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Oito anos, as mesmas cinzas: quando a memória não chega para evitar o fogo

As medidas devem ser pensadas não na hora da crise, mas de forma preventiva, antecipando os verões que se adivinham cada vez mais severos.

2 min de leitura
- Publicidade -
Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.

Famalicão

Volvidos oito anos sobre os trágicos acontecimentos provocados pelos incêndios de 2017, o país volta a enfrentar um cenário que, embora menos devastador em termos de vidas humanas, é suficientemente grave para inflamar a consciência de quem governa. A área ardida e os prejuízos avultados que o fogo deixa no seu rastro deveriam, por si só, envergonhar a classe política, que continua a assistir a esta tragédia cíclica como se fosse inevitável.

Lamenta-se que pouco ou nada se tenha aprendido com o passado. Continuamos a ouvir as mesmas queixas: a insuficiência de meios aéreos, a falta de limpeza dos terrenos — tanto por parte de privados como do próprio Estado —, uma legislação ultrapassada que regula a atividade dos bombeiros, a escassez de meios técnicos nas corporações, a ausência de estruturas de combate rápido ao nível local e, como se não bastasse, a recorrente descoordenação entre entidades. Oito anos, dois primeiros-ministros e a sensação de que nada mudou: as “faúlhas” passam e os governos limitam-se a assistir.

É urgente inverter este ciclo. As medidas devem ser pensadas não na hora da crise, mas de forma preventiva, antecipando os verões que se adivinham cada vez mais severos.

Recorde-se que, já em 1375, no reinado de D. Fernando I, foi promulgada a Lei das Sesmarias, que estabelecia a possibilidade de expropriar propriedades abandonadas ou improdutivas. A medida visava travar o despovoamento, obrigar mendigos e vadios a trabalhar nos campos e repor a produção agrícola, num contexto marcado pela peste negra e pelo abandono rural.

Sem pretender simplificar um problema complexo, talvez não fosse descabido recuperar o espírito dessa lei: para quem, reiteradamente, não cumpre a obrigação de limpar os terrenos, poderia estar em cima da mesa a perda do direito de propriedade, a obrigatoriedade de venda ou até a cedência da gestão a terceiros (autarquias?) durante um período prolongado.

Se o país não ousar discutir soluções firmes, continuaremos a lamentar, verão após verão, que a tragédia se repete.

 

____________________

Os artigos de opinião publicados no NOTÍCIAS DE FAMALICÃO são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

Comentários

Carlos Folhadela Simões
Carlos Folhadela Simões
Formado em Ciências Farmacêuticas, é professor do Ensino Secundário. Cidadão atento e dirigente associativo.
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Atualidade

O conteúdo de Notícias de Famalicão está protegido.