A conspiração da inveja

A sociedade não pode aceitar que o insulto substitua o argumento. A palavra é ferramenta de construção, não de destruição.

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Vivemos tempos em que a palavra perdeu muito do seu peso e da sua responsabilidade. As redes sociais abriram a porta a um fenómeno antigo, mas agora amplificado, a inveja transformada em insulto. É curioso notar como quem menos entende é, muitas vezes, o primeiro a levantar a voz, erguendo certezas sobre o que nem sequer leu ou procurou compreender.

O insulto, nesse contexto, funciona como a arma dos desarmados. É o grito de quem não tem argumentos, de quem não suporta a existência de uma ideia que o ultrapassa. Em vez de debater, agride. Em vez de procurar entendimento, atira lama. Mas, ao fazê-lo, não atinge o alvo que pretende: revela apenas a sua própria limitação.

A inveja alimenta esta dinâmica. É ela que está na raiz da conspiração contra o mérito, contra a liberdade de pensamento, contra a diferença que incomoda. O invejoso prefere nivelar por baixo: não procura subir, mas puxar os outros para o chão. E fá-lo através de ataques pessoais, narrativas distorcidas, ofensas sem conteúdo.

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Este fenómeno não é apenas desagradável. É perigoso. Porque o insulto repetido, mesmo vazio, pode corroer a confiança coletiva. Pode fazer crer que tudo é ruído, que nada merece crédito. A malquerença é, assim, uma forma de conspiração contra a convivência democrática e saudável.

Denunciar este comportamento é necessário. Não se trata de responder à mesma altura, mas de expor a lógica pobre que o sustenta. A sociedade não pode aceitar que o insulto substitua o argumento, nem que a inveja dite o tom do debate público. É hora de recordar o óbvio: a palavra é ferramenta de construção, não de destruição.

 

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