Todos nós já ouvimos alguém dizer-nos:
– Olha que eu sou muito frontal! O que tiver a dizer digo e fico o mesmo!
Falar das nossas emoções, expressar os nossos pensamentos ou convicções é uma qualidade humana inequívoca. É um direito à nossa liberdade individual.
Todavia, usar esta expressão nem sempre traz benefícios nas relações interpessoais pois, subjacente a ela está uma espécie de ameaça camuflada. A emoção que provoca no outro não é de certeza, uma reação de tranquilidade e de confiabilidade, nem muito menos de empatia.
Vivemos tempos de grande desconexão humana. A agressividade disfarçada de frontalidade e associada à ideia perene que a liberdade de expressão não tem limites, parece legitimar o direito à ofensa gratuita, à validação das inverdades e à difamação de forma inconsequente.
O ato de ofender, magoar, difamar, estilhaçar alguém só porque tem um pensamento divergente do nosso é gritante. Todos os dias temos exemplos disso, por exemplo, nas redes sociais. Às vezes até parece um “Concurso de Ofensores”.
Infelizmente, este é o exemplo que estamos a deixar às nossas crianças e jovens e, o pior, é que todos temos consciência disso, mas a falta de literacia emocional esmaga a nossa Humanização.
Recordando que há palavras que matam mais depressa do que uma flecha, é da nossa única responsabilidade não causar dano, muitas vezes irreversível ao outro, só para alimentar um ego maldoso ou para cair na ilusão que somos o suprassumo da razão.
O antídoto da frontalidade inconsequente é a assertividade, a habilidade de expressar as nossas emoções e os nossos pensamentos de forma clara, firme, segura e empática focada no respeito mútuo, no bom trato e na diplomacia.
Em jeito de conclusão, deixo-vos esta citação de LT para uma possível reflexão: “A frontalidade é masoquista, destrói os outros, e descobrimos que nos destrói também a nós… tarde demais.”
____________________
Os artigos de opinião publicados no NOTÍCIAS DE FAMALICÃO são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal.
Comentários