Foi recentemente publicada a lista dos 50 galardoados a homenagear no próximo dia 9 de julho, aquando das celebrações da elevação de Famalicão a cidade.
Passados 40 anos muito haveria de se refletir sobre a boa ou má gestão que PS, PSD e CDS preconizaram e que levaram ao estado de coisas atual.
Mas foquemos num ponto particular destas comemorações. Em 2023 era anunciado a inclusão de duas novas categorias na atribuição dos galardões – a do Mérito Municipal Ambiental e do Mérito Municipal de Ciência.
Foi com grande satisfação que, à data, assisti ao entregar deste galardão à famalicense Helena Freitas, não só por ser uma das pouquíssimas mulheres a receber tal “prémio”, mas também pelo seu trabalho e empenho na área do ambiente. Sendo que ainda recentemente nos lembrou que “uma cidade inteligente é uma cidade inclusiva e ecológica.” O que subscrevo na íntegra.
Contudo, este ano, à semelhança de 2024, o galardão “sustentabilidade” desapareceu. Não me surpreende. As prioridades deste executivo estão bem claras, e a sustentabilidade não é uma delas. O que também não se entende é a contínua promoção, apoio e exaltação de atividades que em nada contribuem para essa mesma sustentabilidade.
Porque não incluir áreas como o empreendedorismo social, voluntariado, solidariedade ou até a proteção animal?
Porque não distinguir empresas que adotam práticas sustentáveis, projetos inovadores e ambientalmente responsáveis, quer por via da atividade desenvolvida, ou porque apostaram na transição ecológica de processos de fabrico. Ou até, distinguir aquelas empresas que garantem aos seus colaboradores condições de trabalho exemplares, que promovem a igualdade de género, quer no acesso a cargos de direção, quer a nível salarial, que empregam pessoas com deficiência em quota acima da legalmente exigida, que oferecem serviços de creche, ajudas transporte, e tantos outros critérios bem mais éticos, inclusivos, sustentáveis e socialmente responsáveis.
E quando, em ano de eleições autárquicas se atribuem 21 galardões à gestão municipal fica patente a tendência do poder instalado em direta ou indiretamente “orientar opiniões”.
Não tenho dúvidas que é a visão monodimensional deste executivo que não permite elevar o concelho a uma esfera diferente de atuação. Resta-nos trabalhar e contribuir para que o concelho deixe de ser um depósito industrial e tenha a capacidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas que cá vivem.
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